Resenhas

72 Seasons

Metallica

Avaliação

7.0

Seis anos depois, aqui estamos nós! Mais um lançamento do Metallica. O novo álbum tem o título de “72 Seasons” e está sendo lançado em 14 de abril de 2023. A empolgação de um fã é inevitável, por toda a grandeza envolvendo esse nome e por todo o envolto pela campanha de marketing que a banda sempre capricha. Por outro lado, quem não é tão fã já não espera tanto da banda, que por muitas vezes é taxada como saturada. E o ponto é: o Metallica não precisa provar mais nada para ninguém! Mas esse também é exatamente o problema. Até onde isso pode ser negativo para com esses novos lançamentos? Vamos para a audição e descobrir!

72 Seasons”, a faixa que dá título ao álbum, inicia os trabalhos. O título remete aos primeiros 18 anos de nossas vidas, que tem exatamente 72 estações, como já explicou James Hetfield nas entrevistas que antecederam o álbum. Musicalmente, conta com bastante variações, hora com uma pegada mais Thrash, com um excelente riff conduzindo a faixa, outra com uma pegada mais cadenciada. Deixa uma boa sensação logo de cara e tem ótima performance de Kirk Hammet e Rob Trujillo. Também mostra Lars Ulrich com a competência de sempre e Hetfield com uma performance vocal bem confortável, algo que pode ser bom nas performances ao vivo.

Shadows Follow” tem uma intro bem trabalhada, com uma ótima cozinha acompanhando o bom riff. Tem uma vibe up-tempo que é ótima para os shows. Seu refrão conta com um backing vocal muito bem encaixado que dá um certo tom melódico ao mesmo. O maior destaque é o solo de Hammet, que já mostra uma contribuição muito maior do que a apresentada em “Hardwired… To Self-Destruct” (2016).

Na terceira faixa, um sentimento agridoce, “Screaming Suicide” tem uma das melhores letras do álbum. Fala abertamente sobre suicídio e como o tema ainda pode ser um tabu para muitos, mesmo sendo um sentimento presente na cabeça da maioria das pessoas, ainda é difícil falar sobre isso. Musicalmente é mais pra cima, nada melódica e com uma vibe alegre em grande parte da performance, algo que não contrasta em nada com o tema abordado. Mesmo assim tem um ótimo refrão grudento.

Sleepwalk My Life Away” pode ser o terror para os fãs que acham músicas como “Cyanide” e “Confusion” enjoativas, ou até mesmo a segunda parte do álbum “Hardwired”, que é bastante maçante. A faixa começa bem com uma bela parceria de baixo e bateria, um riff simples conduz Hetfield nos versos e até o primeiro refrão está tudo certo, mas após isso a faixa cai em um ostracismo incrível e parece nunca acabar. Nem mesmo o bom solo de Kirk é capaz de empolgar novamente. É aí que faz falta um produtor ponta firme pra dar uma podada nos caras, porém, sabemos que isso é praticamente impossível.

Em “You Must Burn!” temos uma faixa bem pesada, uma prima bem distante de “Sad But True”, mais parecida até com “Dream No More”, com uma pegada mais arrastada. Hetfield mais uma vez mostra uma performance confortável nos vocais, com uma voz que é mais plausível de reproduzir ao vivo com uma semelhança maior com a de estúdio. Temos os curiosos vocais de Trujillo aqui, mas é só uma passagem que não afeta em nada. Ainda falta um refrão com mais pegada, que te faça querer repetir, mas não temos isso aqui. Por fim, podemos dizer que é uma faixa bastante burocrática, boa mas que não empolga.

Lux Æterna”, o primeiro single que engana, faz o fã emocionado pensar que a banda finalmente voltou ao Thrash, que vai ser como nos velhos tempos e tal, assim como foi com single de “Hardwired”. Mas o Thrash ficou quase todo só pra ela mesmo. Ótima performance da banda toda, sem exceção. Ótimas linhas de bateria, principalmente nos pedais duplos; riffs nostálgicos e outra performance vocal bem segura de Hetfield.

A partir da faixa anterior o álbum dá uma reviravolta, começando com “Crown of Barbed Wire”, que tem um riff legal demais, simples, mas que dá um up na audição. A faixa é pesada e tem James bem à vontade, Lars bastante preciso nas baquetas, Rob com uma presença considerável nas quatro cordas e Kirk mais uma vez bastante competente, fazendo o necessário, sem inventar. Isso torna a faixa bem legal e gostosa de ouvir.

Chasing Light” chega com James ecoando “there’s no light!”, trazendo junto uma introdução que chama a atenção, que logo puxa um riff que empolga, com uma levada pra cima bem cativante que, juntamente com o refrão, são os pontos fortes da faixa. Sua segunda metade é um pouco cansativa, apesar de conter bons riffs, mas a ressalta do produtor que foi comentada anteriormente ganha força novamente aqui.

If Darkness Had A Son” é um dos singles liberados anteriormente que mais chamou a atenção. Seu riff inicial é bem casado e dá uma certa euforia. É longa e pra ser bem sincero merecia uma polida mais caprichada, mesmo assim é uma das melhores faixas do álbum. Conta com uma presença forte do baixo, conta com harmonias que vão contra a melodia e tem outra performance incrível de Hetfield, vocalmente e liricamente.

Too Far Gone!” tem pouco mais de quatro minutos e é uma das mais dinâmicas na audição. Apresenta um compasso acelerado. Seu riff principal lembra de leve o riff de “Blitkrieg” misturado com “Atlas, Rise!” e tem um refrão com uma pegada melódica muito interessante. Mais uma vez chama a atenção a performance de Kirk no solo, ele caprichou nesse álbum. Essa sim pode funcionar muito bem ao vivo.

Já nos levando para o final da audição, “Room of Mirrorsmantém o ritmo acelerado, com palhetadas rápidas e variações entre o verso e refrão, o segundo sendo pouca coisa mais cadenciado. Lembra de leveSpit Out the Bone”, menos agressiva, talvez, mas tem seus momentos.

Aqui chegamos em uma das mais interessantes faixas da banda, em especial pela performance de Hetfield, que parece ter lavado a alma, no álbum todo pra ser justo, mas aqui ele destrói. “Inamorata” incorpora o mais puro Black Sabbath, seja no riff lento e tenso, seja no clima sombrio que é transmitido e até no baixo de Trujillo com muita inspiração em Geezer Butler. James flerta com a miséria cantando “Misery, she needs me / but I need her more / misery, she loves me / but I love her more”, uma relação de amor e ódio que pode ser interpretada como tanto sendo sua luta com o vício quanto seu inevitável divórcio. Enfim, onze minutos que passam voando, em uma das mais intimistas performances da banda desde “The Outlaw Torn”.

Na parte técnica, o álbum não apresenta nenhum defeito, seja na produção ou mixagem, tudo perfeito e cristalino como manda a cartilha para uma banda desse porte. Liricamente é o álbum mais intimista que Hetfield escreveu, com temas diretamente relacionados aos seus problemas dos últimos anos. Legal também ver a volta de Kirk Hammet na criação. Esses são pontos muito positivos. A questão da produção que pega é a qual foi citada antes, de ter alguém que puxe as rédeas e dê uma boa polida em certas partes que acabam sendo repetitivas. Se compararmos com o álbum anterior, “Hardwired… To Self-Destruct”, podemos dizer que manteve o nível, mas conta com momentos mais interessantes, principalmente comparado ao CD 2, que é interminável. Agora, é inegável que a banda ainda continua criativa e pode muito bem estar por aí mais alguns anos, ou seja, vida ETERNA ao Metallica!

Tracklist:

01. 72 Seasons
02. Shadows Follow
03. Screaming Suicide
04. Sleepwalk My Life Away
05. You Must Burn!
06. Lux Æterna
07. Crown Of Barbed Wire
08. Chasing Light
09. If Darkness Had A Son
10. Too Far Gone?
11. Room Of Mirrors
12. Inamorata