Um disco ambicioso, mas não ostensivo. Diversificado e amorfo, mas não confuso. Técnico, mas não saturado. Prolongado, mas não monótono. São essas as sentenças que melhor definem “Acess All Worlds” — o primeiro capítulo musical completo do quinteto dinamarquês, Iotunn.
Lançado pela poderosa Metal Blade Records e embalado numa expressiva arte do mestre, Eliran Kantor (Hate Eternal, Incantation, Testament, Krisiun), o disco marca a estreia do novo vocalista, Jón Aldará (Barren Earth, Hamferð) e também do baixista, Eskil Rask (Sunless Dawn). Não somente as adequações da nova formação, o novo material também expõe uma mudança (enriquecimento) em sua marca sonora, agora com os horizontes abertos a mais elementos, contrastes e influências vindas dos mais diversos biomas metálicos. O resultado é um acervo de faixas ricas, diversificadas e propensas a divagação; por vezes desafiando o ouvinte, sua atenção, capacidade de absorção e até mesmo sua percepção.
Ainda que rotulado como Progressive Metal (rótulo esse que não lhe faz justiça), o disco revela-se como um conglomerado de texturas, de dinâmicas e abrangências. Esticando seus tentáculos às mais diversas repartições do Heavy Metal — do Melodic Death ao Power; do Black (pequenas, mas sábias porções) até o Heavy Metal (riffs, solos e costuras melódicas). Claro que o já citado Progressive Metal faz-se sentir em todas as composições, mas não predominantemente, e sim como um complemento. Tal qual uma bela moldura que completa e protege a personalidade da obra de arte que lhe é confiada.
Composto por sete faixas que compartilham pouco mais de uma hora, o trabalho logo lança-se aos mares cósmicos com a poderosa “Voyage Of The Garganey I” (que se destaca pela brilhante atuação dos irmãos e guitarristas: Jesper Gräs e Jens Nicolai Gräs — são os riffs, solos e fraseados melódicos criados por eles que sustentam grande parte da beleza expedicionária do trabalho). “Access All Worlds” (faixa), é uma espécie de êxtase musical, puro deleite para quem aprecia sonoridades complexas, intrincadas, repletas de elementos, de camadas e relevos.
As próximas faixas; “Laihem’s Golden Pits”, “Waves Below”, “The Tower Of Cosmic Nihility” e “The Weaver System”, são elegantes dissertações sobre técnica e emotividade. Recheadas de pormenores, de climatizações e nuances. Todo repertório causa grande impacto e de fato, os músicos demonstram destreza na construção e desenvolvimento dos temas, que embora longos, não cansam. Baixo e bateria atrelados e sólidos; guitarras protuberantes e Jón Aldara entregando uma interpretação avassaladora, seja nos tons operísticos ou nos guturais, que vez ou outra emprega. A faraônica e esplendorosa “Safe Across the Endless Night” encerra o disco de forma épica — uma suíte progressiva onde não existem vagas para se apontar defeitos. Um desfecho incrível para um lançamento monumental.
“Access All Worlds” prova que é possível criar musicas altamente técnicas sem necessariamente torná-las enfadonhas, pois sua paleta criativa é farta, vibrante e atraente. Altamente indicado aos fãs de bandas ousadas e inquietas; na tradição de nomes camaleónicos como: Enslaved, Borknagar, Opeth e até mesmo, Arcturus. Existe vida inteligente no dito Prog Metal, isso é fato, mas também existe alma e emoção, o Iotunn é a prova de tal afirmação.
Faixas:
01. Voyage Of The Garganey I
02. Access All Worlds
03. Laihem’s Golden Pits
04. Waves Below
05. The Tower of Cosmic Nihility
06. The Weaver System
07. Safe Across the Endless Night
02. Access All Worlds
03. Laihem’s Golden Pits
04. Waves Below
05. The Tower of Cosmic Nihility
06. The Weaver System
07. Safe Across the Endless Night
Formação:
Jón Aldará – vocal
Jesper Gräs – guitarra
Jens Nicolai Gräs – guitarra
Bjørn Wind Andersen – bateria
Eskil Rask – baixo
Jesper Gräs – guitarra
Jens Nicolai Gräs – guitarra
Bjørn Wind Andersen – bateria
Eskil Rask – baixo