Ao que parece, os projetos paralelos de artistas de bandas famosas se encontram em voga agora. Ultimamente tenho me deparado com grupos formados tão somente para dar vazão a toda fagulha criativa que os artistas têm em mente. Parece ser o caso do inquieto vocalista, baterista e tecladista Lars Are Nedland, que integra as bandas de black metal Borknagar e Solefald. Além disso, ele faz parte do projeto de hard rock White Void e agora surge com um novo álbum “Antithesis” de outro surpreendente projeto, o Black Void.
O próprio músico define assim o projeto: “Onde o White Void foi baseado em Albert Camus e no absurdo, o Black Void é baseado no niilismo e em Nietzsche. White Void e Black Void são contrastes e isso também vale para as filosofias básicas da banda e as letras.”
Então Nedland parece tirar da cartola uma infindável força criativa por trás da banda, pois encontrou uma maneira de desabafar seu lado mais obscuro e primitivo. A mistura é inusitada, com doses de punk rock, black metal e uma espécie de “black and roll”.
Em sua jornada ele está acompanhado pelo baterista Tobias Solbakk (Ihsahn, White Void, In Vain) e pelo guitarrista Jostein Thomassen (Borknagar, Profane Burial). E como convidados, temos nos vocais Sakis Tolis, do Rotting Christ, e Hoest, do Taake.
Com todos estes atributos, podemos afirmar que a obra é um álbum de estreia de respeito, com faixas sendo construídas de forma inteligente e coesa. Apesar dos músicos não terem nenhum compromisso mais sério com este projeto, o resultado impressiona.
Temos momentos melódicos, outros agressivos, englobando a anarquia do punk e o peso desenfreado do black metal que deixa o álbum de certa forma tão fascinante.
Sendo o gêmeo malvado do White Void, o Black Void tem muito a nos oferecer. É uma mistura absolutamente maluca, mas creio que deu certo! O disco é uma homenagem a cinquenta anos de punk e quarenta anos de black metal, dois gêneros musicais que eu gosto e admiro muito. Talvez por isso me sinta confortável ouví-los soando juntos. Porradaria sonora com letras pessimistas e que chutariam a bunda de qualquer “coach quântico” ou outro charlatão que venda a “pílula da felicidade” neste mundo miserável e injusto.