Resenhas

As Gomorrah Burns

Cryptopsy

Avaliação

9.5

Após 11 anos desde seu álbum homônimo de 2012, o Cryptopsy finalmente lançou o seu 8º álbum de estúdio “As Gomorrah Burns”, que chegou pela Nuclear Blast / Shinigami Records no último dia 08 de Setembro. Com sua roupagem extremamente técnica e agressiva, os canadenses entregam um trabalho muito bem estruturado e com momentos únicos em uma ótima execução de pouco mais de 30 minutos. Curto, mas que vale a pena passar pela experiência. Então, vamos lá!

Vale reforçar que muitas bandas do estilo tendem a soar um pouco redundantes, pois ainda podem ter o pensamento de que quanto mais brutal, mais veloz e agressivo, melhor, mas não é só isso, em “As Gomorrah Burns” o Cryptopsy mostra porque é uma das maiores influências do estilo até hoje, mesmo não obtendo o mesmo brilho que teve no início dos anos 90, quando o Death Metal ficou mais em evidência na cena.

O ataque sonoro se inicia com “Lascivious Undivine“, uma visceral faixa de abertura que mostra incríveis blast beats e mudanças de andamento do baterista e único membro original, Flo Mounier, além de um show do vocalista Matt McGachy com seus urros imprevisíveis. Você não consegue respirar e nos mesmos moldes temos “In Abeyance“, com mais momentos acelerados, com os bumbos parecendo uma metralhadora. “Godless Deceiver” conta com mais momentos de reviravolta, mantendo uma atmosfera mais densa e sombria. Conta ainda com um solo que flerta com um tom mais melódico que cria um contraste interessante. “Ill Ender” conta com momentos mais grooveados da guitarra, com um destaque maior para os riffs, ainda que igualmente agressiva e caótica como as anteriores, é a mais “acessível”, digamos.

Você pisca e já está na metade do álbum e você pode dar um pequeno respiro em “Flayed The Swine“, que combina perfeitamente a fórmula cáustica da primeira metade do álbum com um tom mais melodioso das guitarras. “The Righteous Lost” faz você pensar estar no guerra pois a bateria é uma artilharia naval, pra tirar o foco disso, temos a primeira vez que o baixo ganha destaque com ótimos grooves, também acelerados e impecáveis. Legal também é o solo de guitarra mais para o fim com um certo feeling bem encaixado. Uma das melhores faixas do álbum.

Caminhando para o final do álbum, temos “Obeisant“, uma faixa que tem o início mais cadenciado, com uma atmosfera um pouco mais Dark que acelera somente após alguns segundos. Os blast beats estão mais insanos do que nunca e algumas viradas introduzem mudanças de andamento, sutis, mas muito bem encaixadas. O final dessa faixa puxa o encerramento do álbum com “Praise The Filth“, na qual você percebe alguns momentos com mais groove, outros momentos onde a bateria toca fora do tempo propositalmente, algo que é muito interessante, pois o caos não parece incomodar. Fecha o álbum com uma atmosfera sombria e épica.

Ao final da audição fica nítido que a banda criou cada faixa, tocou cada nota com muita gana e paixão, não é apenas uma coleção de faixas, mas um álbum muito bem trabalhado, coeso e mordaz. Não tem um momento em que você se entedia e todas as faixas tem ótimos momentos onde você para e aprecia alguma nota, virada, solo ou mudança de compasso. 30 e poucos anos depois de seus anos áureos, o Cryptosy volta com muita fome e, inspirados neles mesmos, mostram um grande poder musical com um dos melhores álbuns do ano.

Tracklist:

01. Lascivious Undivine
02. In Abeyance
03. Godless Deceiver
04. Ill Ender
05. Flayed The Swine
06. The Righteous Lost
07. Obeisant
08. Praise The Filth