O novo álbum do Soulfly, “Chama”, chega no dia 24 de outubro pela Nuclear Blast / Shinigami Records no Brasil. Na busca incessante pelo som perfeito, Max Cavalera prometeu algo mais próximo dos primórdios da banda — tribal, cru e talvez experimental. Mas ao apertar o play, o que temos é um Soulfly mais direto, mais ríspido e com um foco claro: peso acima de tudo.
O título “Chama” nasceu como uma homenagem ao lutador Alex Poatan, campeão do UFC, que usa “Itsari” (do Roots, de 1996) em suas entradas. Assistindo a uma luta ao lado de Zyon Cavalera, Max se inspirou no bordão do lutador para batizar o álbum. E a conexão é clara — Chama é força, é tribo, é fogo.
Musicalmente, o disco se afasta das experimentações que dominaram os três primeiros trabalhos e abraça uma pegada seca, direta e brutal. As faixas são curtas, com riffs afiados e estruturas sem firulas. O foco aqui é energia pura, com a faixa mais longa batendo modestos quatro minutos e meio.
A intro “Indigenous Inquisition” prepara o terreno para “Storm The Gates”, que já mostra o tribalismo marcante do Soulfly, com percussões e peso na medida. “Nihilist”, dedicada ao lendário L.G. Petrov (Entombed), traz riffs empolgantes e uma performance de bateria impecável de Zyon. A participação de Todd Jones (NAILS) deixa o refrão ainda mais explosivo.
“No Pain = No Power” é puro Soulfly: mudanças de andamento, percussões indígenas e groove colando com os pedais duplos. Já “Ghenna”, com Michael Amott (Arch Enemy), é pancadaria pura — dois minutos de destruição sonora. O groove domina em “Black Hole Scum”, enquanto “Favela / Dystopia” flerta com o Thrash e lembra o Cavalera Conspiracy. “Always Was, Always Will Be…” resgata o espírito tribal com letras em português, representando bem a alma da banda.
A tradicional faixa instrumental, “Soulfly XIII”, presta homenagem ao pai de Max, Graziano Cavalera, misturando instrumentos indígenas, acústicos e uma aura espiritual que já virou marca registrada. E para fechar, “Chama”, a faixa-título, entrega peso, simplicidade e um clima final mais introspectivo e melódico — uma despedida perfeita.
“Chama” é um dos álbuns mais coesos e viscerais do Soulfly em anos. Com uma produção crua e orgânica, possivelmente similar à das regravações de “Morbid Visions” e “Bestial Devastation”, o disco captura com perfeição a essência Old School de Max Cavalera.
Zyon mostra uma evolução impressionante, e Max, mesmo após décadas de estrada, ainda tem fogo nos riffs — sem trocadilhos. O resultado é um álbum sólido, intenso e fiel às raízes do Soulfly. Podemos dizer sem medo: é o melhor trabalho da banda desde “Enslaved” (2012), mantendo viva a chama do metal tribal, pesado e autêntico.
Tracklist:
01. Indigenous Inquisition
02. Storm the Gates
03. Nihilist
04. No Pain = No Power
05. Ghenna
06. Black Hole Scum
07. Favela / Dystopia
08. Always Was, Always Will Be…
09. Soulfly XIII
10. Chama