Resenhas

Chosen

Glenn Hughes

Avaliação

9.0

Glenn Hughes é dono de um dos mais respeitados currículos do rock: seus mais de 50 anos de carreira acumulam passagens marcantes por Trapeze, Deep Purple, Black Sabbath, Black Country Communion, The Dead Daisies, além de parcerias diversas. Agora em setembro, ele voltou a lançar outro disco: “Chosen” (2025), já disponível no Brasil pela Shinigami Records em parceria com a Frontiers Music, que marca outra impressionante marca, a de quinze discos solo lançados.

O que mais impressiona em Glenn, um senhor de 74 anos, é como sua voz tem envelhecido bem ano após ano, além de continuar tocando baixo com muita desenvoltura no palco. Não à toa continua sendo referenciado como “The Voice Of Rock” e já teve sua merecida inserção no “Rock & Roll Hall Of Fame”, em 2016 (ok, ele disse não ter gostado por conta do tratamento frio dos outros membros do Deep Purple no dia, especialmente por parte de Ian Gillan, mas seu nome está lá).

“Chosen” (2025) inicialmente foi arquitetado para ser um disco mais pomposo do que o anterior, “Resonate” (2016), mas acabou tomando uma direção mais enérgica a medida que as músicas iam surgindo, do tipo que os matadores power trios dos anos 70 faziam: instrumentos bem definidos, volume alto e pau na máquina.

Com exceção da funkeada “Black Cat Moan” e da balada rock “Come And Go”, todas as demais faixas estão enraizadas no hard rock, com destaque para “My Alibi”, que nos apresenta uma aula de baixo; “Chosen” e seu refrão viciante; “The Lost Parade”, um hard mais arrastado, com teclados bem encaixados no refrão e com Glenn cantando muito; “Hot Damn Thing”, bem com cara do hard rock que era feito nos anos 80, créditos para os teclados e o backing vocal de Lindy Hook e a matadora “Into The Fade”, verdadeira faixa arrasa quarteirões.

Mas mesmo com toda essa energia e sendo um dos caras mais good vibes do meio, sempre de alto astral, esbanjando felicidade e um sorriso largo em entrevistas, fotos e vídeos, “Chosen” (2025) carrega um certo ar melancólico, seja pela sua bonita e serena capa, seja em alguns trechos de letras, acabei ficando com essa impressão.

“Compor músicas é algo profundamente pessoal para mim, geralmente escrevo e gravo quando tenho algo a dizer. Ao escrever “Chosen” voltei às minhas raízes, refletindo sobre a condição humana, o amor, esperança e a aceitação. Escrevo sobre como me sinto por dentro e não sobre aparências. Minha vida é vivida de dentro para fora, no momento presente. É um álbum que alimenta a alma e nunca me senti tão grato como agora, aqui, neste planeta Terra. Música é a curadora!”.

Conforme Søren Andersen, companheiro de Glenn a mais de quinze anos, em entrevista ao site Marcelo Vieira Music, esse seria mesmo o fim das longas turnês para que Glenn possa cuidar da sua saúde (não especificou o que seria ou se seria algo que exija maiores cuidados). Não seria esse o fim da sua carreira, que fique claro, Glenn não pretende parar de gravar e fazer shows, mas não irá fazer mais longas turnês (mesmo tendo algumas datas confirmadas nos EUA para 2026).

Fica aqui meu convite, melhor, apelo: após sua arrebatadora passagem por São Paulo no Bangers Open Air em maio, não percam os shows anunciados para novembro (11 Porto Alegre, 13 Belo Horizonte, 14 Rio de Janeiro, 16 São Paulo e 18 Curitiba), já que essa deve ser mesmo sua última passagem pelo Brasil.

Não por acaso “Chosen” quer dizer “Escolhido”. Se tem uma pessoa nesse mundo que foi escolhida e que usou seu talento para alegrar e inspirar outras, foi você, Glenn Hughes. Muito obrigado por tudo e te vejo em novembro, mestre!

Formação:

Glenn Hughes: vocais, baixo

Søren Andersen: guitarra

Ash Sheehan: bateria

Bob Fridzema: teclados

 

Faixas:

01 Voice In My Head

02 My Alibi

03 Chosen

04 Heal

05 In The Golden

06 The Lost Parade

07 Hot Damn Thing

08 Black Cat Moan

09 Come And Go

10 Into The Fade