Resenhas

Death Rodeo

Oliver Jordan

Avaliação

9.0

Se a música fosse um espírito, Oliver Jordan seria o fantasma mais barulhento da cena underground. Mesmo após uma tentativa de suicídio fracassada no estúdio de gravação, Oliver nunca parou de lançar som. Apesar de toda aura cômica em torno de sua vida e problemas, a música sempre falou mais alto.

Agora ele reaparece com Death Rodeo, um disco que soa como uma tempestade elétrica caindo sobre uma boate decadente às três da manhã. Industrial, sujo, gótico, eletrônico, grunge, noise – tudo entra no liquidificador emocional de Oliver e sai carregado de distorção e sensação.

Logo de cara, a faixa-título “Death Rodeo” já dá o tom com sua mistura densa de deathrock e industrial. É pesada, melancólica, mas incrivelmente sedutora. A produção é crua, a batida vem com aquele ar mecânico, mas o arranjo carrega emoção na medida – é como se alguém estivesse chorando num beco escuro, mas dançando ao mesmo tempo.

Em “Menticide”, o violão agudo e quase brilhante se destaca no meio da massa sonora densa. Parece que Fields of the Nephilim invadiram o presente e resolveram atualizar seu som com texturas eletrônicas mais modernas. É uma faixa que flutua entre o peso e a leveza com maestria.

“Death Star” é onde Oliver mostra que sabe fazer o sombrio ser sensual. Com pegada gótico-industrial e um flerte explícito com o EBM, a faixa pulsa e seduz como uma dança num clube de Berlim onde ninguém sorri, mas todo mundo sente. Na sequência, “Black Butterfly” vem como um desvio atmosférico. A guitarra limpa e o clima grunge soturno trazem uma espécie de respiro emocional – não chega a ser feliz, mas alivia.

“Death Growl” volta com tudo. Industrial no talo, com aquela batida pulsante e lasciva que parece querer tomar o corpo à força. É suja, quase indecente, e funciona perfeitamente. Em contraste, “Secret 13” se apresenta mais contida, linear, quase anestesiada. Não é ruim, mas perto do resto, falta impacto – é o ponto mais morno do álbum.

“Amanita” corrige o rumo logo de cara, com um baixo urgente e um violão que remete a momentos mais introspectivos dos Gorillaz. A tensão é constante e parece que algo vai explodir a qualquer momento. A seguir, “So Are You” mistura drum’n’bass e distorção como quem junta gasolina e fósforo. As mudanças de dinâmica prendem a atenção e criam uma tensão deliciosa.

“New Smile” é puro caos. Soa como se Oliver estivesse destruindo equipamentos em tempo real, num ritual punk industrial onde nada é limpo, tudo é barulhento, desleixado e absolutamente necessário. “Correction Center” muda o clima de novo, com uma levada que beira o house, mas ganha peso na interpretação vocal. Oliver canta com a dor na garganta, e isso segura a faixa inteira.

Por fim, “Sick Season” amarra tudo com um baixo bem marcado e clima sombrio, carregando a dramaticidade que o álbum inteiro constrói. É um encerramento que fecha as cortinas lentamente, deixando só a fumaça e o eco das máquinas desligando.

Death Rodeo não é um disco fácil – e não quer ser. Ele exige entrega, aguenta a sujeira e dança no caos. Para quem curte Nine Inch Nails, Fields of Nephilim ou Bauhaus de ressaca, Oliver Jordan entrega um trabalho brutal e intenso. Ouça alto, no escuro, e de preferência com fones que aguentem pancada.