Resenhas

Deceivers

Arch Enemy

Avaliação

4.5

Foram cinco anos de espera entre “Will to Power” e este “Decievers”, o novo e aguardado play do Arch Enemy. Porém, a decepção é total, pois há anos que a banda não entrega um trabalho a altura do talento de seus membros. Michael Amott como o criador do Melodic Death Metal não fez o suficiente para que sua banda atraísse de volta os holofotes para si.

Os trabalhos para este álbum começaram ainda em 2018, em um mundo pre-pandemia. Michael Amott deu entrevistas à época, dizendo que já estava trabalhando no sucessor de “Will to Power“.

A bolacha  foi gravada na Europa por quatro dos cinco integrantes. Jeff Loomis gravou seus solos diretamente de um estúdio em Seattle, pois não pôde viajar para se juntar aos seus colegas de banda. A produção é assinada por Jacob Hansen. Vamos passear pelas onze faixas contidas no álbum debutante.

Handshake With Hell” é bem pesada e conta com Alissa White-Gluz alternando vocais guturais e limpos. E impressionante que a moça canta muito bem quando solta seu lado “fofinho”. “Deciever, Deciever” é muito pesada, como talvez o Arch Enemy não tenha sido desde “Doomsday Machine”, o último álbum realmente ótimo que a banda lançou. Aqui, eles têm flertes com o Punk e até mesmo com o Death Metal.

Se o início foi muito bom, em “In the Eye of the Storm“, as coisas não vão muito bem. Ainda que alguns dos elementos do AE estejam presentes ali, como as guitarras melódicas, a música não é boa. “The Watcher” tem bons riffs que fazem a banda parecer Thrash Metal. Mas a empolgação das duas primeiras faixas parece ter ido embora.

Poisoned Arrow” é uma espécie de balada, só que com vocal de Death Metal e a tentativa não deu muito certo, ainda que conte com a inclusão do violoncelo, tocado por Raphael Liebermann. “Sunset Over the Empire” até tem bons riffs de guitarra nas estrofes, porém, nada que faça o coração do ouvinte bater forte como um dia a banda fez em um passado que vai ficando distante. Aqui nós temos a participação do produtor Jacob Hansen no vocal.

Em “House of Mirrors” temos uma banda que apesar de pesada, parece perdida, a mesma percepção que temos com a faixa posterior, “Spreading Black Wings“. Uma pausa para a intro “Mourning Star” e aqui temos o que Michael Amott sempre nos apresenta nos discos do Arch Enemy: belas melodias.

Chegam as duas faixas finais, “One Last Time” e “Exiled From Earth” e elas se diferem muito entre si, sendo a primeira contando com boas batidas do baterista Daniel Erlandsson, aliada a muita melodia da dupla de guitarristas, Michael Amott e Jeff Loomis. Aliás, sobre este último, dedicarei um parágrafo mais abaixo. Se a primeira música não empolga, a faixa derradeira tem bons riffs e um andamento arrastado, que propiciam um dos raros bons momentos neste álbum sem muito brilho.

São 45 minutos de um álbum apático e sem garra nenhuma. O Arch Enemy da era Angela Nathalie Gossow ficou para trás e é impressionante como uma banda possa perder no sentido evolução. E não é culpa de Alissa White-Gluz, que até faz um trabalho bom. Nem tampouco do excelente Jeff Loomis, que é um desperdício de talento. O cara que mandava ver no Nevermore, hoje relegado a mero coadjuvante. O restante da formação é o mesmo dos tempos áureos e o que pode estar acontecendo? Não sabemos, mas que o Arch Enemy deixou de lado a agressividade de outrora, deixou. E apresentou um álbum fraco demais.

A produção pecou em não ter trabalhado essa agressividade que o Arch Enemy perdeu no tempo. Um disco decepcionante. De onze músicas, conseguir destacar somente três, as duas primeiras e a última, é algo desolador. Lembrando que só cobramos muito de quem tem poderio para nos oferecer nada menos do que excelência. Disparado um dos piores álbuns de 2022. Eles conseguem um resultado melhor sem fazer muito esforço.