O Experimentalismo Industrial é uma das coisas mais enigmáticas dos últimos tempos, e Oliver Jordan usa isso ao seu favor. Natural de uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos, sua trajetória é marcada por altos e baixos intensos, refletindo-se profundamente em sua obra. Oliver criou uma discografia que dialoga com os cantos mais sombrios da mente humana, ao mesmo tempo em que oferece uma mensagem de perseverança. Seu novo álbum, “Depression Starter Pack”, é composto por seis faixas distintas. Cada uma delas carrega uma assinatura única, ainda que todas se conectem pela atmosfera caótica e sombria que permeia o trabalho de Oliver.
“Philosopher”, a faixa de abertura, explode nossos ouvidos e já estabelece o tom e estilo da obra de Oliver. Com uma produção suja e guitarras distorcidas que soam como se estivesse sendo tocadas por maquinas brutas e pesadas, criando uma sensação futurista caótica, Oliver complementa com seus vocais cantados de forma sussurrada, como se ele estivesse compartilhando segredos diretamente com o ouvinte. Uma Faixa brutal e digna de ser um single!
Logo em seguida, “death star” continua a atmosfera íntima e industrial. A faixa é marcada por uma batida eletrônica que bate em um ritmo urbano, facilmente ilustrado pelo som das ruas e dos barulhos de batida seca em metais. O baixo entra em camada fina, criando uma sensação de desorientação, como se estivéssemos flutuando no vácuo.
Em “Secret 13″ somos pegos de surpresa com uma mudança repentina de estética. Com um baixo groove contagiante e uma linha de violão mais alegres, a música flerta com o folk, mas mantém o toque sombrio e industrial característico de Oliver. É uma faixa que te põe entre a melancolia e a alegria. Destacando a habilidade de Oliver em criar texturas sonoras complexas sem perder a coesão.
“Disco Weirdo” continua nessa veia experimental, a integração da batida e o contrabaixo inquieto é hipnótica – o teclado em certo momento me chamou atenção, o som do mesmo me jogou imediatamente para as trilhas de horror 80’s repletas de suspense e lisergia. Simplesmente fantástico. A faixa é um caleidoscópio de sons, com guitarras que parecem gritar e sussurrar ao mesmo tempo.
“That’s All for Now” marca a volta da lisergia depressiva. Com uma batida simples e uma execução mais minimalista, a música é um momento de contemplação. A guitarra brilha, acompanhada de uma leve percussão e o ambiente, criam um ambiente íntimo. A voz de Oliver se torna suave e delicada, quase quebradiça, transmitindo uma vulnerabilidade palpável. É uma faixa que convida à introspecção, como um suspiro profundo em meio ao turbilhão de emoções.
Por fim, o álbum se encerra com “Cracks”, uma faixa que vai crescendo em camadas, incorporando os instrumentos um a um. A produção expansiva, permite que cada instrumento brilhe. É um final adequado para um álbum que navega por águas tão turbulentas, oferecendo uma sensação de fechamento e renovação.
“Depression Starter Pack” é um álbum que desafia categorização fácil. Oliver conseguiu criar uma obra que é ao mesmo tempo dolorosa e redentora, explorando uma ampla gama de influências e técnicas musicais. É uma jornada auditiva que vale a pena ser vivida do início ao fim.