Resenhas

Disenchantment at a Distance (REDUX)

Paul Bibbins

Avaliação

9.0

A energia fervilhante do rock ganha novos contornos com ‘Disenchantment at a Distance’, o álbum de estreia do Paul Bibbins, guitarrista/compositor e músico independente de Dallas, Texas. Em uma explosão dividida em nove faixas, Paul Bibbins nos convida para um mergulho profundo nas águas do rock experimental, simplista, e do soul e blues que evoca uma intensa nostalgia pelos anos 60/70. Este álbum é um verdadeiro experimento psicodélico e lisérgico que transporta os ouvintes de volta a uma era onde a música era uma jornada mágica e hipnotizante.

O álbum abre com “Bold, Beautiful…and Long Gone!” em uma vibe que lembra o lendário Jimi Hendrix. A faixa é uma experiência abstrata e livre, que incorpora os elementos característicos do som de Hendrix. A guitarra de Paul Bibbins dança de forma hipnótica ao redor do ouvinte, criando um estado de transe sonoro. É como se você estivesse perdido em um caleidoscópio musical, onde as fronteiras entre o consciente e o subconsciente se dissolvem. Logo quando Paul nos mostra sua voz, vemos que isso aqui é como se Hendrix estivesse vivo, todo estilo deste monstro da música está impresso aqui, neste blues psicodélico delirante. É um começo de tirar o fôlego que já estabelece o tom do álbum: eletrizante e impiedoso.

Em seguida, “Up 25 High” mantém a chama acesa com um legítimo discípulo de Hendrix. A velocidade densa e os riffs pesados deixam claro que Paul não está para brincadeira. Esta faixa é uma ode à intensidade, e sua execução impecável mantém a adrenalina alta. O vocal é outro elemento distintivo, tanto nesta canção como em todo disco, com uma entrega que brinca com o falado e o excesso de distorção, transmitindo uma sensação ousada e crítica. A voz é carregada deste contraste, complementando perfeitamente a agressividade instrumental.

A faixa título, “Disenchantment at a Distance” é uma obra que encapsula a essência do rock clássico ácido e psicodélico. As influências de artistas como Jimi Hendrix, Santana, Joe Cocker e Hawkwind são evidentes, mas Paul Bibbins traz uma visão única para o gênero.

“Wayward Son of the Blues” começa com uma surpresa: seus primeiros segundos evocam o blues, e logo se transformam em uma fusão energética de puro rock’n’roll. A versatilidade do artista brilha aqui, mostrando que ele sabe exatamente como manipular seus instrumentos para criar algo único e empolgante. Esta é uma experiência musical profunda e envolvente, repleta de elementos que cativam os sentidos.

“Thrill Walk” mantém o clima psicodélico, mas aqui Paul pisa mais fundo na psicodelia, uma faixa instrumental de 4 minutos que parece ter sido tirada de Axis Bold as a Love. É uma faixa que faz você querer levantar e dançar, como se estivesse louco de acido em Woodstock. “Napoleons Wear the Big Hats!”, a sexta faixa, desacelera um pouco o ritmo. Apesar de lenta, não perde o peso característico do álbum. É uma faixa introspectiva, as guitarras são mais melódicas, e os vocais de Paul ganham uma nova dimensão, mostrando uma faceta mais versátil e emotiva.

“Woman Across the Garden Wall” retorna ao rock’n’roll psicodélico, sensual, denso e cheio de atitude. O solo de guitarra é simplesmente perfeito, uma explosão de técnica e paixão que prende a atenção do início ao fim. É uma faixa que encapsula a essência rebelde de Paul, sem compromissos e sem medo de ser autêntica. “Vista Valley Drift” evoca a sensação de flutuar no espaço sideral. A guitarra viaja por galáxias sonoras, sua introdução livre e cheia de slides, traçam uma confusão criando paisagens sonoras expansivas e etéreas. É a segunda faixa instrumental, ela realmente se mostra sem necessidades de ter um vocal, você a entende mesmo sem palavras, é uma jornada lisérgica que deixa uma impressão duradoura.

Encerrando o disco de forma magistral, “As Love Rears its Pretty Little Head”. Nesse ponto, podemos notar que a produção das músicas é propositalmente rudimentar, capturando a energia bruta e a espontaneidade. Há um polimento, que confere um charme autêntico e uma sensação de proximidade, como se Paul estivesse tocando bem na sua frente.

Paul Bibbins não decepciona com seu disco de estreia, ele é exatamente aquilo que procuramos – atitude, criatividade e qualidade. Cada faixa mostra o poder que o rock’n’roll tem para levantar o público. Este álbum é uma verdadeira joia para os fãs de rock que procuram algo frenético, intenso e inesquecível.