De todos os subgêneros do heavy metal, a cena black metal norueguesa do inicio dos anos 90 é, sem sombra de dúvida, a que gera mais controvérsias. E toda essa aura não tem quase nada a ver com a música em si e, por conta disso, muita gente esquece-se de grandes bandas que aquela cena revelou como Darkthrone, Emperor, Mayhem e Immortal.
Olve Eikemo, atuante daquela cena e fundador de bandas como Old Funeral e Immortal, ao se desligar desta ultima em 2015, montou uma banda que leva o nome com o qual é conhecido – Abbath.
“Dread Reaver”, seu 3º. álbum de estúdio teve lançamento pela gravadora Season Of Mist e edição nacional pelas gravadoras Mutilation Records, Heavy Metal Rock e Mindscrape Music.
Os dois trabalhos anteriores – “Abbath” e “Outstrider” – eram diferentes do que ele fazia no Immortal. Lógico que existiam momentos que lembram a lendária banda e seu gélido black metal, mas o som estava mais puxado para um “black ‘n’ roll” e em seu novo álbum, a parte “roll” está mais proeminente.
A abertura com “Acid Haze” é bem empolgante. Rápida e caótica mostra uma cozinha com Mia Wallace e Ukri Suvilehto bem marcante e um riff thrash metal com aquele vocal característico do Abbath.
“Dream Cull”, primeiro single apresentado, é o grande destaque do álbum e uma das melhores composições destes três lançamentos da banda. Essa música bem que poderia estar em algum álbum dos precursores do estilo lá pelos anos 80. Pesada e com um riff que gruda logo na primeira audição, é Abbath em estado puro – até o vídeo comprova isso.
O black metal se faz presente em alguns momentos do disco e a faixa título é um bom exemplo, mas faixas como “Myrmidon” (obvia menção a um projeto que participou chamado I) e “Scarred Core” mostram uma banda que pode evoluir ainda mais.
E não tem como não destacar a releitura de “Trapped Under Ice” do Metallica. Comparar uma versão com a original é impossível, mas eu duvido que o James Hetfield, no alto dos seus 21 anos, não aprovasse essa em particular.
Talvez um ponto negativo do álbum seja a produção que, em certos momentos, deixam o instrumental um tanto quanto confuso. Escrevi “talvez” por não ter certeza se é realmente um ponto negativo. Afinal, alguns dos álbuns que me introduziram ao black metal – “Pure Holocaust” do Immortal, por exemplo – tinham em sua produção caótica algo que me conquistou.
Formação:
Abbath: guitarra, baixo e vocal
Ukri Suvilehto: bateria
Ole André Farstad: guitarra
Mia Wallace: baixo