Resenhas

Electrified Brain

Municipal Waste

Avaliação

9.0

Após cinco anos de longa espera, o Municipal Waste nos brinda com mais um novo álbum de estúdio: “Electrified Brain” traz todos os elementos que os fãs já aguardavam e mostra uma banda além de afiada, raivosa, parecendo ter ficado presa durante todo esse tempo e liberando toda a adrenalina que uma banda de Crossover Thrash precisa.

O quinteto de Richmond, Virgínia, que já está na ativa há mais de vinte anos, acaba de soltar o seu sétimo álbum de estúdio. O anterior, “Slime and Punishment” havia sido lançado em um outro mundo que vivíamos, no pre-pandemia do Coronavírus, ainda em 2017 e a ansiedade dos fãs era grande pelo vindouro novo álbum. Produzido por Arthur Rizk, a bolacha foi lançada pela Nuclear Blast em formatos CD, LP, Cassete e digital. Vamos passear pelas 14 faixas contidas aqui.

A faixa título é um soco na boca do estômago e mostra a banda poderosa e letal, em uma música veloz por quase toda sua extensão e com uma bela quebrada no andamento em seus instantes finais, com riffs mais arrastados e que dão um belo clima. “Demoralizer” tem riffs que podem fazer o ouvinte acreditar que está ouvindo algo da Bay Area. As influências de Testament são bem fortes neste sonzaço.

Last Crawl” é rápida em boa parte de sua extensão e é um desafio manter o pescoço no lugar enquanto os riffs violentos provocam o caos e a destruição. No final, uma pegada mais oitentista. “Grave Dive‘ é mais arrastada e novamente provoca no ouvinte uma viagem no túnel do tempo, direto para os anos 1980. Não perca a conta, foram apenas 4 canções em 13 minutos.

Em “The Bite“, a banda da seu recado direto e reto, em menos de dois minutos, eles vão alternando partes rápidas com mais arrastadas e com direito até a dueto de guitarras, como a gente vê na NWOBHM. Nesta faixa temos a primeira participação especial do disco: Blaine Cook ajuda a abrilhantar a faixa com seu vocal. “High Speed Steel“, por sua vez traz a banda bebendo na fonte de bandas como o Saxon e ficou bem interessante.

Termonuclear Protection” devolve a banda ao trilho do Crossover Thrash, onde os caras retornam a fórmula que não falha: velocidade total em quase toda a duração e os riffs mais arrastados em seu final. “Blood Vessel/ Boat Jail” é um medley, onde na primeira parte temos um instrumental bem interessante com solos e boas melodias e a segunda parte é uma mistureba de estilos: tem Thrash, Punk e até um flerte com o blastbeat. A primeira parte é mais interessante que a segunda.

A metade do final da bolacha se inicia com a poderosa “Crank Heat“, que tem uma introdução épica e se desenvolve na velocidade da luz e um refrão que nos lembra o Anthrax em sua época áurea dos anos 1980. Em “Restless and Wicked“, a banda aposta nas influências do Power Metal em boa parte do tempo, mas os riffs Thrash Metal não foram abandonados. Eles dão as caras no solo.

Ten Cent Beer Night” é uma paulada e indicada para quem curte o Thrash oitentista com uma pegada mais moderna. Rápida e agressiva. Um dos pontos altos do disco. “Barreled Rage” mantém o ouvinte no túnel do tempo e a sensação é de que esse é um disco que ficou perdido lá entre 1984 e 1989. É Thrash Metal da melhor qualidade.

O play já está chegando ao seu final e as duas faixas derradeiras, “Putting on Errors” e “Paranormal Janitor” diferem-se pouco: a primeira é direta e reta, uma paulada que dura um minuto e meio, a mais curta dentre todas, contando com a participação do nosso querido antifa MarkBarneyGreenway, do Napalm Death, e a última, tem o início bem rápido e mortal, com uma quebrada no andamento em seu final, tendo direito até a um solo muito bem elaborado.

33 minutos e 14 faixas depois, a sensação que temos é de que fomos atropelados por três carretas em sequência em uma autoestrada, tamanha a energia e intensidade que o quinteto imprimiu neste “Electrified Brain“. O fã do Municipal Waste não vai ficar decepcionado após a audição e quem não conhece a banda, mas curte bandas como D.R.I., Nuclear Assault, Testament, Anthrax e afins, deve dar uma conferida na banda. Os caras não reinventam a roda, mas fazem um som honesto e com muita qualidade. É um álbum que certamente estará nas listas de melhores do ano e acaba de entrar na minha lista pessoal.