Resenhas

Entropia Humana Final

Sad Theory

Avaliação

9,5

De Curitiba temos os veteranos do Sad Theory, apresentando seu mais recente álbum de estúdio, “Entropia Humana Final”. Lançado em 27 de dezembro de 2017, este é o sexto e mais recente álbum do quinteto e foi gravado no Funds House Studios entre 2016 e 2017, com produção do guitarrista Alysson Irala, que também mixou e produziu a bolacha, e lançado pela gravadora Mindscrape Music

O álbum saiu pela Mindscrape Records e traz a curiosidade de ter sido distribuido com apenas 1000 cópias e uma parou nas mãos deste redator que vos escreve. A banda aposta em fazer letras em português, o que nem sempre foi costume na história da banda, visto que os primeiros álbuns a banda fazia as letras em inglês. Vamos então, sem mais delongas, dissertar sobre as faixas

Willard Suitcases”, que apesar do título em inglês, é cantada na nossa língua-mãe, abre os trabalhos e é um Death Metal bem técnico. Não carrega os blastbeats das bandas mais tradicionais do estilo e nem por isso chega a ser ruim, pelo contrário, é um excelente início e uma música com bastante atmosfera.

Antífona” mantém a pegada técnica, mas é ainda mais brutal que a faixa de abertura. ”Maestro”, a faixa três tem riffs simplesmente maravilhosos e tem algumas passagens instrumentais que lembram o NEVERMORE nas partes mais Progressivas. O interessante é que no encarte, a faixa é apresentada como sendo uma homenagem ao guitarrista Irala, que tem mantido a banda viva.

Inanição” traz um interessante dueto entre o vocalista Cláudio Rovel e o convidado especial Guilherme Medina, em uma letra que fala sobre a Ucrânia dos tempos em que Joseph Stálin dominava as nações soviéticas. Musicalmente a música é carregada de peso e muito clima atmosférico, sendo um dos destaques do play.

Punhais Longos, Cortes Profundos” é influenciada pelo inesquecível DEATH de Chuck Schuldiner, principalmente em alguns riffs de guitarra. E com uma letra que aborda o III Reich, o que por si só já merece toda atenção.

A Cadeia de Buchenwald” é a faixa que mais se aproxima do Death Metal mais tradicional, sendo muito brutal e com os blastbeats dando os rumos em algumas estrofes, que são bem convidativas a um moshpit, mas com inserções de partes muito complexas.

Occipício” começa com uma virada sensacional do baterista  Jefferson Verdani e é mais uma música onde a quebradeira rola solta, sendo o já citado baterista o grande destaque desta faixa, cuja letra conta a história de Polônia após 1939.

A faixa número oito atende pelo nome de “A Alvorada das Hienas” e conta a história da Guerra do Vietnã. Musicalmente ela viaja por estilos como o Heavy Metal tradicional e até mesmo o Death N Roll, com solos melódicos e muito bem executados.

S21” é uma faixa com uma pegada mais Thrashcore muito interessante. E a letra conta a história de um país chamado Camboja, entre os anos de 1975 e 1979. Já a faixa que vem a seguir é a única música que é cantada em inglês e existe uma razão para isso:  trata-se de um cover para a música “Before my Turn, Agonizing,” do INFERNAL. E fazendo aquele trocadilho infame, ficou de fato infernal a versão dos curitibanos.

A faixa título deveria encerrar o play. E eu digo deveria porque temos uma faixa escondida, que já falaremos dela. Voltemos para a instrumental “Entropia Humana Final” que dá nome ao play e é carregada de melodia e quem escuta essa faixa de cara, não vai perceber que se trata de uma banda mais extrema. E a faixa escondida que dá as caras depois dos 20 minutos de duração é uma verdadeira ópera, com os teclados do guitarrista Wentor Collete dando o rumo.

Em pouco mais de uma hora de audição, temos um disco que sem dúvida alguma, podemos colocá-lo como um dos melhores já lançados nos últimos tempos no underground brasileiro. Estamos falando de um disco que já tem quase três anos e já está inclusive, elegível a participar do nosso quadro MEMORY REMAINS, em que exaltamos os álbuns que fazem aniversário. A profução é caprichadíssima, o cuidado com o encarte é irreprensível, inclusive com a preocupação dos caras em fazer uma breve explicação em inglês acerca das letras; Tudo isso só faz eu me questionar em que parte da galáxia eu estava que não tive conhecimento deste petardo quando do seu lançamento.

Ainda bem que nunca é tarde para nada, inclusive para conhecer discos simplesmente maravilhosos como este “Entropia Humana Final”. O que nos dá mais orgulho é ver que um trampo tão bom como este é Made in Brazil, em uma prova de que mesmo com estilos musicais intragáveis que rolam por aqui, existe um potencial enorme para o nosso país ser o país do Heavy Metal, tamanho o talento das bandas que encontramos por aqui. E se você não é um dos 1000 sortudos que têm uma cópia do play, corra; Pois a minha cópia eu não dou, não empresto e não vendo.

Faixas:

01 – Willard Suitcases
02 – Antifona
03 – Maestro
04 – Inanição
05 – Punhais Longos, Cortes Profundos
06 – A Cadeia de Buchenwald
07 – Occipício
08 – A Alvorada das Hienas
09 – S-21
10 – Before my Turn,Agonizing
11 – Entropia Humana Final

Formação:

Cláudio Ravel – Vocal
Alysson Irala – Guitarra
Wentor Collete – Guitarra
Daniel Franco – Baixo
Jefferson Verdani – Bateria