Resenhas

Even In Arcadia

Sleep Token

Avaliação

9.0

O que falar sobre o Sleep Token? Bom, chegou devagar, sem barulho e foi, aos poucos, conquistando seu lugar, claramente, não agradou a todos, mas a banda tem seus méritos, faz um som menos convencional e gosta de experimentar, mas de modo algum deixa de lado o peso e a distorção somadas a uma pitada de melancolia. Chegando ao seu quatro álbum de estúdio com “Even In Arcadia”, a expectativa para esse novo trabalho é altíssima e os singles que chegaram com antecedência despertaram aindam ais a curiosidade dos fãs e crítica. Então vamos lá, chegou a hora de conferir esse novo álbum.

Algo que é logo notado em uma primeira audição é que o Play está muito mais sombrio que os anteriores. Todos os elementos que fazem a banda chamar tanta atenção estão, como a adição de Rap, Pop, Jazz, Rock Alternativo em meio ao Progressive Metalcore, tudo isso com um tom bastante melódico. Vessel, o vocalista que tem uma voz não convencional para o estilo, passa tanta emoção com seus vocais limpos que beira a melancolia, e isso é maravilhoso.

Essa atmosfera é sentida logo na faixa de abertura. “Look To Windward” é progressiva, melódica, pesada e linda. Seu início é totalmente diferente do final, mas mesmo assim você sabe que é a mesma faixa. Lindíssima performance de Vessel, com muita emoção nas partes mais melódicas e raiva quando a música ganha peso. Seguinte a mesma linha, “Emergence” combina riffs pesados com momentos mais suaves e melódicos, criando uma experiência auditiva dinâmica. Ainda somos prendados com um solo belíssimo de saxofone ao final da faixa e é isso que é encantador nessa banda, nem de longe você espera por algo assim.

Past Self” esfria um pouco as coisas, com uma batida eletrônica mais voltada ao Rap. Aqui não temos guitarras, guturais ou qualquer coisa voltada ao Metal e é esse lado da banda que acaba afastando alguns ouvintes mais puristas. “Dangerous” apresenta o tom mais melódico novamente, um dedilhado de guitarra dá o tom e logo os sintetizadores se encarregam de sustentar a voz de Vessel, que mais uma vez transmite muito feeling. Mais uma vez a progressão é brilhante e o que era uma faixa Pop se transforma em algo pesado e melancólico, onde as guitarras e bateria criam uma atmosfera incrível. “Caramel” é outra faixa focada na progressão, o destaque aqui vai para a bateria, a qual consegue conduzir de forma brilhante a faixa, com mudanças de andamento e ótimas viradas. O final da faixa tem bastante peso, com riffs de afinação baixa, guturais e blast beats e garanto que o ouvinte não esperava por isso no início da faixa.

A faixa-título geralmente é a qual se destaca por ser a que dá nome ao trabalho e aqui não é diferente. Melodia muito bonita do piano acompanhando a voz que passa muita melancolia. É outra faixa que vai crescendo, com cada vez mais elementos sendo adicionados e fazendo o ouvinte notar alguma coisa diferente. Destaque para o solo de violoncelo no final. “Provider” mantém o clima mais tenso, agora com um teclado mais denso e a voz. Batidas eletrônicas são adicionadas e dão mais profundidade à composição, que vai crescendo e acaba se tornando pesada, com um final bastante sereno e de certa forma melancólico.

Damocles” é outra que foi liberada com single antecipado. Conta com uma bela melodia no piano, acompanhada por tímidas batidas eletrônicas. Logo uma passagem da guitarra traz a bateria que acaba encorpando mais a faixa. As guitarras pesadas chegam no segundo refrão, deixando tudo mais caótico, mas isso não tira a beleza da música. Faixa muito bem construída, que vai tomando forma aos poucos, explorando bastante o lado progressivo.

Gethsemane” é concentrada no clima mais denso, tem uma performance magnífica da bateria, conduzindo a faixa com mudanças de andamento, viradas muito bem executadas e meio a uma guitarra mais limpa. Acaba ganhando peso após seu segundo minuto e garante ótimas passagens melódicas em meio ao caos da distorção. Sua reta final é voltada ao eletrônico, indo contra ao que é feito na maioria das faixas anteriores nas quais o peso é explorado em uma segunda mudança de ritmo.

Chegando ao final, “Infinite Baths” é surpreendentemente bela, explora todos os elementos que a banda já apresentou, de roma progressiva, vai adicionando aos poucos, batidas eletrônicas, sintetizadores, guitarras distorcidas e bateria marcante, além da parte vocal, onde temos a delicadeza da voz limpa e a tormenta dos guturais, tudo isso ao longo de oito minutos, que passam voando. Se alguém me perguntasse com é o Sleep Token, eu apresentaria esse som, pois ele define muito bem qual é a proposta da banda.

Esse sem dúvidas é o melhor trabalho dos mascarados, que a cada álbum mostra uma evolução tremenda, adicionando mais elementos, explorando novas ideias e surpreendendo com composições que não seguem regras. Você começa ouvindo um Pop, passa pelo Eletrônico e acaba em um Metalcore pesado e denso, é apaixonante. Fora isso, temos uma produção incrível, cristalina e que define muito bem todo e qualquer elemento presente na faixa, você identifica tudo de forma clara.

É claro, não vai ser um álbum que agradará todos os ouvintes, assim como tudo o que a banda já fez, mas pra quem tem uma mente mais aberta e gosta de outros estilos somados ao Metal, é a pedida perfeita!

Tracklist:
1. Look To Windward
2. Emergence
3. Past Self
4. Dangerous
5. Caramel
6. Even In Arcadia
7. Provider
8. Damocles
9. Gethesane
10. Infinite Baths