Resenhas

Genesis XIX

Sodom

Avaliação

9,0

Se neste ano de 2020 a pandemia da Covid-19 nos afastou dos grandes shows e festivais, o mesmo não podemos dizer dos lançamentos. O ano tem sido bem aproveitado pelas bandas e os alemães do Sodom nos brindam com “Genesis XIX”, 16° full-lenght do grupo, acabando com a ansiedade dos fãs que esperavam por um novo play desde 2016, quando foi lançado “Decision Day” seu antecessor.

Gravado e mixado no Woodhouse Studio, na cidade de Hagen, na Alemanha, “Genesis XIX” teve no engenheiro Siggi Bemm um parceiro fundamental, pois ele gravou os vocais de Tom Angelripper e mixou a bolacha, que foi lançada mundialmente em 27 de novembro nos formatos CD (digipack) e LP duplo pela SPV Steamhammer com distribuição nacional pela SoundCity Records e Shinigami Records.

O álbum marca o primeiro registro com o guitarrista Frank Blackfire desde o clássico “Agent Orange” (1989). Ele retornou à banda em 2018 e com isso o Sodom passou a contar com quatro integrantes, já que quase sempre foi um power-trio. Vamos então, sem mais delongas, destrinchar as doze faixas deste verdadeiro petardo.

Blind Superstitution” é uma breve intro, onde os caras realmente tocam algo e não fazem com a maioria das bandas que inserem falas ou sons desconexos. E ela é a ponte perfeita para a faixa “Sodom & Gomorrah”, um Thrashão pesado e relativamente veloz para ninguém botar defeito, com ótimos riffs. Belo início. “Euthanasia” traz riffs que nos lembram muito o Testament do início dos anos 2000. Outra música cheia de vigor e com ótimas mudanças de andamento.

A faixa título chega e os primeiros segundos são de distorções bem chatas da guitarras, mas logo a música começa pra valer e o nível segue nas alturas, em um convite para um moshpit (obviamente, depois que isso tudo passar, porque a coisa tá feia). Aqui temos a primeira mudança brusca no andamento, antes de um solo fantástico, emendada com uma parte mais densa e o retorno triunfal, trazendo o Thrash Metal com o selo alemão de qualidade. São sete minutos, o que justificam as mudanças de andamento.

Chega “Nicht mehr mein Land”, que aposta em um andamento mais arrastadão, sem deixar de ser muito pesado e muito brutal, ganhando um pouco da velocidade habitual do Sodom em sua reta final. “Glock ‘n’ Roll” traz as coisas de volta ao Thrash Metal, com uma inserção aqui e outra acolá de riffs mais lentos, mas na sua essência é uma canção típica de thrash. Excelente.

The Harpooneer”, outra música que passa dos sete minutos de extensão, com quase dois minutos de introdução. É uma faixa predominantemente thrash, mas sofre diversas mudanças em seu andamento, ficando densa por vezes, sempre com as palhetadas da dupla Frank Blackfire e Yorck Segatz, que mostrou um entrosamento perfeito, sempre conduzindo as coisas e com direito a um belo solo.

Dehumanized” tem uma intro que flerta intensamente com o Doom, o que nos leva a acreditar que a música vai ser arrastada. Só que não. Logo o thrash bem trabalhado dá as caras com ótimos riffs, os melhores do play. “Occult Perpetrator” não é veloz, mas compensa com muito peso e mais riffs destruidores em outra faixa que particularmente me chamou bastante atenção.

Waldo & Pigpen” é mais uma do grupo das músicas extensas deste play, com sua intro que tem até mesmo algumas melodias, para surpresa deste que vos escreve. Afinal de contas, melodia não é algo que o Sodom priorize. E isso se confirma durante o desenvolvimento da música, que começa arrastada e sombria, mas ganha velocidade e desta maneira vai se mantendo com uma ou outra tirada do pé do acelerador. Mas nada que comprometa a música que é sensacional.

Indoctcrination” é o Sodom Old-School com uma roupagem moderna e um espaço para que Tom Angelripper faça um bom trabalho no baixo, trazendo junto um solo de guitarra muito bem feito. E “Friendly Fire” encerra o play da maneira que este começou: com o nível nas alturas e o velho thrash metal alemão que não é melhor nem pior do que o thrash executado em outras partes do mundo: é apenas diferente. E por diferente, caro leitor, entenda excepcional.

Depois de 54 minutos a sensação que se tem é de que o ouvinte foi atropelado por uma carreta em alta velocidade e busca em vão, anotar a placa deste veículo. Outro play que com certeza estará na lista de muitos. Se não for o melhor, ficará no Top 3 dos melhores lançamentos deste 2020 maldito. Um disco raivoso, brutal, técnico e mostra que este sensacional grupo germânico ainda tem muita lenha para queimar.

Faixas:

01 – Blind Superstitution

02 – Sodom & Gomorrah

03 – Euthanasia

04 – Genesis XIX

05 – Nicht mehr mein Land

06 – Glock ‘n’ Roll

07 – The Harpooneer

08 – Dehumanized

09 – Occult Perpetrator

10 – Waldo & Pigpen

11 – Indoctcrination

12 – Friendly Fire

Formação:

Tom Angelripper – baixo/ vocal

Frank Blackfire – guitarra

Yorck Segatz – guitarra

Toni Merkel – bateria