Resenhas

I Feel The Everblack Festering Within Me

Lorna Shore

Avaliação

9.0

Em 12 de setembro de 2025, o Lorna Shore soltou ao mundo seu aguardadíssimo quinto álbum de estúdio, intitulado “I Feel The Everblack Festering Within Me”, via Century Media Records. Produzido por Josh Schroeder, parceiro frequente da banda, o disco chega como a continuação natural da escalada que o grupo vem trilhando nos últimos anos. O trabalho mergulha no Deathcore Sinfônico em sua forma mais grandiosa: camadas orquestrais colidem com blast beats avassaladores, vocais brutais e guitarras esmagadoras, mas tudo envolto por uma atmosfera que sabe dosar brutalidade e melodia. Aqui, a escuridão não é apenas agressiva — ela respira, cria contrastes, constrói ambiências cinematográficas e nos arrasta para um turbilhão sonoro que reafirma o Lorna Shore como um dos nomes mais poderosos do Metal Extremo contemporâneo.

Composto em sua maioria por faixas longas, I Feel The Everblack Festering Within Me mergulha em um clima de agressividade constante, mas que nunca se torna monótona graças ao equilíbrio com arranjos sinfônicos e melódicos. Essa combinação cria um contraste impecável entre brutalidade e beleza, transformando a audição em uma experiência quase cinematográfica.

Os singles antecipados já davam o tom do que esperar. “Prison Of Flesh”, responsável por abrir o álbum, é um soco no estômago logo de início, mostrando que o Lorna Shore não tem interesse em aliviar a intensidade. Já “Oblivion”, com seus mais de oito minutos, quase soa como uma peça progressiva: recheada de blast beats, breakdowns esmagadores e harmonias deslumbrantes que surgem no meio do caos, é a síntese perfeita do som que define o disco.

No comando, Will Ramos prova novamente porque é considerado um dos melhores vocalistas do Metal Extremo atual. Sua técnica impressiona pela versatilidade: guturais profundos, fry screams lancinantes e urros monstruosos se entrelaçam de maneira fluida, criando uma dinâmica poderosa que mantém a atenção do ouvinte em cada segundo.

Mesmo nos momentos em que a banda flerta com a melodia, a ferocidade nunca é deixada de lado. Em “In Darkness”, riffs mais cadenciados e atmosferas densas dividem espaço com explosões agressivas, enquanto “Glenwood” se destaca não apenas pelo instrumental envolvente, mas também pela carga emocional que carrega. A faixa ganhou um videoclipe tocante, onde Will Ramos aparece ao lado de seu pai, com quem não se falava há anos — transformando a música em um símbolo de reconciliação e redenção dentro de um álbum que, apesar da escuridão, encontra espaço para a humanidade.

Seguindo pelo álbum, “Lionheart” chama atenção por sua riqueza orquestral, onde os corais se entrelaçam com os guturais brutais de Will Ramos, criando um contraste épico que eleva ainda mais o impacto da música. Já “Death Can’t Take Me” inicia quase como uma faixa de Metal Sinfônico, mas rapidamente se transforma em um ataque avassalador: blast beats furiosos, riffs cortantes e uma atmosfera densa que não dá trégua ao ouvinte. Aqui, merece destaque especial a performance do baterista Austin Archey, que demonstra técnica e resistência impressionantes em meio à avalanche sonora.

Na sequência, “War Machine” surge como a faixa mais direta do trabalho. Embora mantenha o peso característico da banda, apresenta momentos de groove e uma bateria mais cadenciada, conferindo uma dinâmica diferente, quase respirável, sem nunca perder a agressividade. O álbum então se encaminha para o clímax com “A Nameless Hymn”, uma das composições mais marcantes. Sua atmosfera é aterrorizante e grandiosa, com elementos dramáticos que remetem até ao Behemoth, mesclando brutalidade com uma aura quase litúrgica.

Por fim, o encerramento vem com “Forevermore”, uma faixa introspectiva e cheia de contrastes. Passagens belíssimas e harmoniosas dialogam com o caos instrumental que se ergue em proporções monumentais, criando um final arrebatador. É o tipo de encerramento que não apenas fecha o álbum, mas amplia sua grandiosidade, deixando o ouvinte com a sensação de ter presenciado uma obra monumental.

I Feel The Everblack Festering Within Me mostra uma evolução clara do Lorna Shore em relação a Pain Remains, com composições ainda mais ousadas, emocionais e técnicas. A produção e mixagem de Josh Schroeder dão um brilho especial a cada detalhe, equilibrando o peso extremo com as camadas orquestrais de forma impecável. A performance individual dos músicos, com destaque para a versatilidade de Will Ramos e a precisão devastadora de Austin Archey, reafirma a banda como uma das mais talentosas e inovadoras do Deathcore atual.

Tracklist:
01. Prison of Flesh
02. Oblivion
03. In Darkness
04. Unbreakable
05. Glenwood
06. Lionheart
07. Death Can Take Me
08. War Machine
09. A Nameless Hymn
10. Forevermore