Resenhas

Inexplicável Existência

Desdominus

Avaliação

8.0

Com quase 30 anos de existência, o Desdominus é uma banda de Death Metal formada em Americana, interior de São Paulo, pelo baterista Ney Paulino, que é o único remanescente do lineup original. A banda faz chegar a nosso conhecimento o seu quarto álbum, Inexplicável Existência e que mostra a força do underground brasileiro.

A banda, que pertence ao staff da Sangue Frio Produções, lançou o novo play, após um longo hiato de seis anos sem lançamento. E desta feita com uma formação completamente nova. Agora Ney Paulino está acompanhado do vocalista e guitarrista Daniel Curtolo, do guitarrista Rodrigo Pereira e do baixista Adriano Justino.

Lançado em outubro de 2021 pelo selo Heavy Metal Rock, “Inexplicável Existência” foi gravado no estúdio Fuzza e contou com a produção de Ricardo Biancarelli. A arte da capa foi assinada por Alcides Burn. E apesar do título do álbum ser em português, apenas a faixa título é cantado na nossa língua nativa, enquanto que as outras sete faixas são em inglês. Vamos conferir, faixa a faixa, este petardo do nosso undergrond.

Temos a faixa título que começa dando a impressão de que teremos uma música calma e com harmonias, mas logo entram os bumbos duplos de Ney Paulino e o peso das guitarras viscerais da dupla Daniel Curtolo e Rodrigo Pereira, tendo a letra cantada em português, mostrando que não passa de mito a informação de que o Metal não fica bem cantado em nossa língua-mãe. O som se diversifica, entre rápido e cadenciado, com direito a um ótimo solo de guitarra.

Belong to Yourself” é a mais extensa dentre todas as faixas do play, com seus mais de seis minutos. A primeira parte flerta com o Doom e guitarras sem peso fazem a música tomar ares de monotonia, mas a banda coloca um pouco de peso e velocidade, que ajuda a melhorar as coisas. É dessa maneira que eles vão intercalando os andamentos e no geral, temos uma música bem complexa e acima de tudo, muito bem executada.

Misty Dimension” é mais puxada para o Death Metal Melódico e lembra um pouco o Children of Bodom, com muito mais peso e agressividade, logicamente. Mas como os caras gostam de fazer músicas complexas, eles incluíram partes mais Doom, outro solo bem melódico e até mesmo blastbeats. “Divine Shadow” é a faixa que sucede e é bem densa na sua primeira parte, depois ganha contornos épicos, muito em função das guitarras que fizeram um excelente trampo, principalmente no solo.

My Last Winter” abre a parte final do play e ela começa bem Death ‘n’ Roll, depois descambando para o Death Metal técnico ao extremo, sem deixar de ser brutal, com as já esperadas mudanças bruscas no andamento. Essa faixa é o grande destaque do play. “Distortion of Reality” começa rápida, que vai dando espaço para riffs mais arrastados e partes atmosféricas, em uma mistura que deu bastante certo.

Em “Abyss of Lies” o que predomina é o bate-estaca típico do Death Metal tradicional, mas temos espaço para inclusão de partes menos rápidas e até mesmo mais modernas. É outra música que se destaca como uma das melhores. “You Are Alone” é o ato final do play e ela é uma música que é predominantemente mais puxada para o Doom, que vez por outra tem uma parte mais rápida no meio de tudo, mas no geral é um tanto quanto melancólica e assim o álbum se despede.

Em pouco mais de 40 minutos temos uma banda coesa, que sabe o que faz, e que nos entrega um belo álbum de Metal extremo, porém, com composições complexas. Indicado principalmente para os que são adeptos de músicas pesadas, bem trabalhadas e também aos que tem uma queda pelo Doom.

Outro destaque é a simplicidade do encarte, que conta com as letras e as informações da obra, mostrando que a banda está no caminho certo, profissionalismo é assim mesmo. E o que é melhor, é tudo Made in Brazil. Estamos longe de ser o país do Metal, mas temos uma riqueza sem igual de bandas por essas terras.