Resenhas

Intangible part I

Fabbro di Chiavi

Avaliação

9.5

O audacioso Fabbro di Chiavi apresenta o tão esperado EP de estreia, intitulado ‘Intangible part I’. Ricas em versatilidade sonora, as três canções são uma odisseia emocionante e transcendental que ultrapassa os limites do metal progressivo. A música de Fabbro di Chiavi é um lembrete do grande rock e metal técnico que surgiu durante os anos 80 e evoluiu para os tempos modernos. Bandas como Tool, Rush, Dream Theater, Tesseract, Steve Vai, Al Di Meola, Steve Morse, Symphony X e Devin Townsend influenciaram o estilo do artista – mas Fabbro di Chiavi cria uma abordagem melancólica, atmosférica e emocional inspiradas na filosofia estóica.

‘Intangible part I’ representa a marca única da alma e identidade do artista. Quem é este grande artista? Fabbro di Chiavi, também conhecido como Marco Pellizzari, é um guitarrista, compositor e engenheiro aeroespacial nascido em Asolo (TV) em 19 de dezembro de 1983. Empenhado em contribuir para a realização de missões de observação da Terra e de exploração do sistema solar, desde cedo se apaixonou pela música, partindo dos estudos de guitarra clássica para posteriormente aterrissar na elétrica.

Há simplicidade e perfeição juntas que tornam o som mais progressivo e grandioso. O som bruto da banda combina elementos de metal progressivo, sinfônico e heavy de várias épocas, com um toque único, em um caldeirão rodopiante de guitarras densas e energia sônica impulsionada pelo groove. Com esse disco provam que seguem com a ideologia artística, ousada e cativante, junto com o som penetrante e peculiar, que traz uma atmosfera sonora nostálgica ao mesmo tempo que exala um frescor sincero graças a energia jovial e mente visionária dos integrantes.

As faixas instrumentais navegam pelas complexidades das incertezas da vida, apresentando uma tapeçaria sonora onde riffs poderosos e melodias intrincadas colidem, entregando um choque elétrico de paixão mesclado com uma atitude destemida, onde provam que são uma banda em constante avanço com uma sonoridade que remete aos grandes nomes que serviram de influência, mas ainda assim com o toque único. Criando uma vibe majestosa para amantes deste estilo, este EP mostra o quanto Fabbro di Chiavi e sua banda adoram dobrar e moldar gêneros musicais com sua atmosfera técnica sombria. E mesmo assime exalando sentimentalismo e profundidade ao explorar territórios desconhecidos no cenário do metal progressivo.

“Embracing the Unknown” é uma abertura que prepara o cenário para todo o EP, encapsulando a essência do estoicismo diante de um mundo em constante mudança. Subindo impecavelmente na ordem musical com seus riffs em camadas com seções de metais e arranjos progressivos, seu som está amadurecendo em algo único. Logo na primeira faixa somos surpreendidos com toda a técnica, mesclando progressivo com sinfônico, em uma mistura retrô e contemporanea que soube usar toda a tecnologia disponível. Eu adorei essa faixa, ela mistura diversas referências inusitadas para criar seu som.

Em “Journey to Apatheia”, há um adágio que traduz o princípio estóico de Apatheia numa composição comovente, misturando perfeitamente o virtuosismo da guitarra eléctrica e acústica. Trazendo um violão mais melódico com leve essência do folk, há um lembrete de uma famosa música do Metallica – embora não há muito do thrash metal aqui. Esta faixa é uma fusão fervorosa e expressiva, uma satisfação conceitual de uma mistura eclética de ideias. Começa com um lick de violão, dando espaço para a guitarra brilhar, nostálgico e remete ao metal progressivo dos anos 80 e uma melodia que nos faz viajar, sendo uma canção com mais sentimentalismo. Ao final percebemos um teclado bem típico de bandas de rock progressiva como Deep Purple e Led Zepplin. É um desafio criar uma canção instrumental e conseguir transmitir todos os sentimentos sem dizer uma palavra.

Fechando com “Emotion Ruler”, uma composição que investiga as complexidades psicológicas de um jogador de xadrez, explorando pontos em comum com o filósofo estóico, entrelaçando jogos mentais com melodias resilientes. Esta canção destila a melancolia penetrante e intimista com um ar sombrio e difícil de digerir. É uma canção que proporciona uma viagem uma viagem que logo entendemos a genialidade por trás dessa criação absurda e ousada, que tem ideia cativante. Essa última faixa traz o lado mais pesado e denso, destilando o momento sombrio do doom e heavy metal.

‘Streaks of Light Burn the Sky’ mantem a frequência, conduzindo o ouvinte em uma viagem sonora inesquecível, com destaque na forma como a banda misturou referências dentro do rock e metal de uma maneira peculiar criou um trabalho atemporal perfeito para os fãs do estilo, conversando diretamente com seu instrumental e com o ouvinte, transmitindo diversos sentimentos de forma satisfatória.