Resenhas

Isentön Päunokū

Ratos de Porão

Avaliação

9.0

Menos de um ano depois de soltar o álbum mais politizado de 2022, “Necropolítica”, totalmente dedicado ao desgoverno de Jair Bolsonaro, o Ratos de Porão retornou com o EP “Isentön Päunokü”, desta vez dedicado aos eleitores do inelegível e também aos que ficam em cima do muro.

O lançamento na real é uma compilação de versões da banda finlandesa de Punk Rock Tardeetardeet Kädet. Para quem não conhece, trata-se de uma banda fundada em 1980 e que tem muita influência sobretudo em terras brasileiras, sendo de fundamental importância para Ratos de Porão, Olho Seco e também Max Cavalera. João Gordo e Cia. fizeram letras em português e encaixaram nas músicas criadas pelo icônico grupo.

Eles pagaram tributo aos finlandeses com dez canções em menos de oito minutos de duração, sendo três apenas com mais de um minuto, a mais extensa é “Vacinaa“, com 1 minuto e 14 segundos. A banda destila seu humor ácido contra essa turma que acredita nos mitos de que a Terra é plana, Bolsonaro é honesto, evangélicos têm caráter e sobrou, claro, para o pobre de direita e que depois de um ano, ainda chora a derrota nas eleições e diz que a urna eletrônica é uma fraude.

Musicalmente, não espere nada parecido com o Crossover Thrash que o Ratos de Porão vem fazendo, pelo menos desde “A Cada Dia Mais Sujo e Agressivo” (1987). Como se trata de versões para uma banda Punk, o som é mais direto, cru e simples. Quem curte a fase inicial da banda vai gostar, com certeza. A produção é caprichada e isso merece um grande destaque. Músicas como “Fei e Burro“, “Ungido de Excremento“,  “Rosca Solta” e “A Forbes vai te Pegar” são alguns dos recados que a banda manda para aqueles que não escolhem um lado.

Agora se você votou no ex-presidente, não vai curtir o play, vai fazer aquele discurso já manjado de que “não podemos misturar música e política” ou chamar os caras de comunistas, petistas, seja lá o que for, esse discurso que só cabe na cabeça de quem vive em um mundo paralelo. E que precisarão entender que bandas como o Ratos de Porão estão aí para mostrar que Rock e Fascismo jamais devem andar de mãos dadas.