Shouse, projeto de heavy metal do guitarrista americano Mike Shouse, emerge com seu novo álbum ‘Jaded’, trazendo uma sonoridade crua e direta, que vai agradar especialmente os fãs do estilo mais tradicional do gênero. Composta por riffs pesados, técnicos e cativantes, solos que prendem a alma e uma produção poderosa e impactante, o artista entrega uma performance densa e brutal em todas as 9 faixas do álbum. Após um hiato de 15 anos, e de enfrentar desafios como um incêndio em sua casa, um término de relacionamento e o impacto da pandemia de Covid-19, Shouse encontrou consolo na música, passando anos aprimorando sua arte e aprimorando seu som.
A abertura é um prelúdio “Romeo and Juliet”, um convite para o mundo pesado e sombrio de Mike Shouse, com riffs suaves que preparam o ouvinte para o que esta por vir. A faixa “Romeo Is Gone” começa entregando toda a técnica de riffs pesados, técnicos e melodia clássica do prog metal – nessa faixa podemos imaginar o que o nos espera, talvez um disco com influências de vários estilos, ms todos unidos e guiados pela guitarra.
Já não era de se esperar, já que o guitarrista apresenta uma poderosa seção rítmica, com grandes nomes como Charlie Zeleny (Jordan Rudess, Terry Bozzio) na bateria e James Pulli, do Impellitteri, no baixo, e apoiado por um elenco de guitarristas lendários, incluindo Michael Angelo Batio, Ron “Bumblefoot” Thal e Tony MacAlpine.
“Bitter Cold” é a balada do disco, trazendo leveza e muita técnica. Uma faixa sombria e frio que mesmo sem letra, consegue transmitir a mensagem ao ouvinte, com dedilhados bem compostos e rapidez admirável.
“Let’s Go “mantém o ritmo cadenciado e agudo, emulando o som gordo e melódico do heavy metal com hard rock tradicional, e nesta faixa, a presença de Ron “Bumblefoot” Thal torna tudo mais interessante. Um som mais envolvente e comercial que fará qualquer headangers se envolver e agitar um mosh.
Na faixa-título, “Crisis Catalyst”, os riffs perfeitos do heavy metal ganham força, fazendo jus ao nome do disco, sendo a faixa mais cativante. Os vocais são muito característicos, com certeza os fãs mais tradicionais vão adorar.
A faixa seguinte, “Smiley Faced Emoji” traz uma mudança de som, emulando uma energia mais anos 80 do hard rock. Essa faixa é cativante, é como ouvir um disco de vinil dos anos 80, com aqueloe solo de guitarra nostálgico do rock clássico. Shouse seria facilmente uma banda escondida daquela época, que descobrimos agora.
“Bucket of Bolts” deixa nítido a influência do artista – mas isso já havíamos percebido nas primeiras faixas. Essa faixa traz algo mais Sci-fi, sendo a trilha sonora perfeita para filmes do estilo. O modo como Shouse toca a guitarra, com efeitos e técnicas é admirável, uma verdadeira aula para novatos e orgulho para os veteranos. Aqui temos teclados únicos, com uma sonoridade intergalática, realmente diferente de tudo que já ouvi em um álbum instrumental.
A faixa-título, “Jaded”, como o próprio artista já explicou, é uma faixa complexa que possui mais de 70 mudanças de tom – realmente, uma aula de música! A canção mantém o estilo oldschool do hard rock e heavy metal, cheio de influências mas que ainda assim mantém a identidade de Shouse, que usou o estilo americano de tocar com seu tempero artístico e entregou uma obra prima.
Mais um vez, Shouse prova seu talento na música, independente do estilo, com a faixa “Memoriam”. A canção começa com pianos penetrantes, tristes e revelam um lado mais pessoal do artista. Uma música de apenas 2 minutos que perfura na alma, mesmo sem dizer uma letra, é emocionante.
Fechando o disco, a trilha sonora perfeita para filmes dos anos 80 estrelados por Stallone, “Upon Looking Back”, com participação de Tony MacAlpine, que vem com um ritmo mais melódico, uma tempestade sonora. A música é envolvente, e parece que nos faz esperar por vocais que encorajam, ao estilo de hits de Sammy Hagar e Van halen.
Shouse se aventura muito além dos limites do estilo tradicional de heavy metal, hard rock ou progressivo. O artista não pisa no freio quando o assunto é criar melodias mais inovadoras e não convencionais. Isso resulta em um som que, embora seja ais nichado, é bem executado e fiel às raízes do gênero, oferecendo grandes surpresas e inovação. Uma grande descoberta que não vai ficar de fora da playlist dos fãs mais exigentes.