Resenhas

Live in Richmond, VA

Lamb of God

Avaliação

9.0

A pandenia do Coronavirus fez mal a toda humanidade. Além das milhões de vidas ceifadas, a crise econômica é profunda e afeta todos os setores da nossa sociedade. No meio artístico, a dificuldade é imensa, embora nada possa ser comparado às perdas lamentáveis de quem se infectou e não teve a menor chance de esperar pelas vacinas.

Não somente isso, o quinteto de Richmond, “fucking Virgínia”, como costuma bradar o vocalista Randy Blythe nos shows, se preparava para sair em turnê juntamente com o Megadeth e o Trivium. A pandemia ainda atrasou o lançamento do novo play dos caras, o que acabou acontecendo em maio de 2020. Mas o que fazer para divulgar o novo álbum, se temos um vírus letal que impede a banda de cair na estrada e ganhar seu dinheiro fazendo shows? Sabemos que hoje em dia, a maior fonte de renda do músico é o que ele consegue angariar em turnês.

Eis que eles tiraram o coelho da cartola. Gravaram um disco ao vivo, tocando o álbum novo na íntegra, e de quebra, mostrou que esse período longe dos palcos e da proximidade do calor humano dos fãs não os deixou perder a energia. “Live in Richmond, VA“. apenas atesta que o Lamb of God é no atual momento, a banda que tem disparada, a melhor performance em cima dos palcos.

Live in Richmond, VA” foi apresentado ao público em 26 de março deste ano através de um DVD mais CD, através da Nuclear Blast/ Epic no exterior e no Brasil coube a Shinigami disponibilizar essa belezura para nós. Apesar de se tratar de uma apresentação ao vivo, a impressão é de que a banda estava gravando um videoclipe para cada uma das músicas, pois a falta do público é algo que faz uma tremenda diferença. Não que isso venha a abater a performance da banda, ao contrário, os caras seguem letais. Quem segue a banda, pode testemunhar que mesmo na quarentena, eles seguiam fazendo apresentações de maneira remota e isso manteve cada um dos cinco integrantes no seu melhor nível.

Gravado no próprio estúdio da banda em 18 de setembro de 2020, quase três meses após  o lançamento do autointitulado e mais recente álbum, “Live in Richmond, VA” é o segundo registro ao vivo oficial da banda, sucedendo o aclamado “Killadelphia“, de 2005. a apresentação aqui tem a inclusão de um encore com  4 faixas além das dez que entraram no disco: são elas “Ruin“, “Contractor“, “512” e da novata “The Death of us“, composta durante a quarentena e que foi incluída na trilha sonora do filme “Bill e Ted: Encare a Música“. E é aí que mora o único deslize cometido pela banda, que foi o de não incluir músicas dos discos a partir do álbum “Sacrament” (2006), músicas que a banda costuma apresentar ao vivo e que são quase que obrigatórias, além de outros clássicos mais antigos. Mas é perfeitamente compreensível que a intenção dos caras tenha sido divulgar Lamb of God, o álbum. Então  quem comprar o play esperando ver pérolas como “Omerta“, “Laid to Rest“, “Vigil“, “Desolation” ou “Redneck“, por exemplo, sinto muito em te desapontar, não vai rolar.

Já o CD tem toda a apresentação, mais duas faixas bônus: “Ghost Shaped People“, que saiu como bônus em algumas edições limitadas do último registro de estúdio da banda, além da novata “Hyperthernic/ Accelerate“, lançada recentemente como lyric video no canal oficial da banda no YouTube. O DVD contém bônus como imagens e declarações dos músicos espalhadas entre uma música e outra do setlist, além de extras como breves imagens da pré-produção e ensaios e também versões para as músicas “Checkmate”, “Laid to Rest” e “New Colossal Hate“, retiradas das sessões de quarentena, as lives que a banda fazia durante o período mais tenso deste vírus horroroso. Enfim, são dois materiais que se completam.

Falando da performance da banda, para quem já conhece o poder destrutivo dos caras ao vivo, nada é novidade por aqui, porém, quem achava que a banda perderia o punch por conta da pandemia, se engana. Os caras estão ainda mais afiados e destilaram toda sua ira nessa apresentação irretocável, mostrando a transição sonora do Lamb of God, que por um bom tempo se dedicou ao Yhtash/Groove Metal, bem parecido com o Pantera em alguns momentos e que agora vai incluindo elementos de Metal Progressivo, ainda que o Groove esteja muito presentes. O baterista Art Cruz, que foi efetivado em lugar do monstro sagrado chamado Chris Adler, não compromete, é um excelente baterista, porém, é estranho não ver Chris e seu enorme cavanhaque atrás do kit de bateria. A vida continua e precisamos nos acostumar com essa mudança, que aliás, já dura mais de três anos.

Produzido por Brad Fuhrman, dirigido por Jim Larson e mixado e masterizado pelo parceiro de longa data da banda, Josh Wilbur, o play serve para quem ainda não teve a chance de ver o quinteto em ação e também para o fã que coleciona a obra do LOG. Os caras estão com fome e certamente voltarão aos palcos ainda mais furiosos, fazendo valer o título de melhor banda de Metal da atualidade.

Faixas:
Disco 1 (CD):
01 – Memento Mori
02 – Checkmate
03 – Gears
04 – Reality Bath
05 – New Colossal Hate
06 – Ressurrection Man
07 – Poison Dream
08 – Routes
09 – Bloodshot Eyes
10 – On the Hook
11 – Contractor
12 – Ruin
13 – The Death of us
14 – 512
15 – Ghost Shaped People (bônus track)
16 – Hyperthermic/ Accrlerate (bônus track)

Disco 2 (DVD):
01 – Memento Mori
02 – Checkmate
03 – Gears
04 – Reality Bath
05 – New Colossal Hate
06 – Ressurrection Man
07 – Poison Dream
08 – Routes
09 – Bloodshot Eyes
10 – On the Hook
11 – Contractor
12 – Ruin
13 – The Death of us
14 – 512

Bônus do DVD;

Cenas do ensaio para o show

Faixas retiradas da Quarantine Session:

01 – Checknate

02 – Laid to Rest

03 – New Colossal Hate