Resenhas

Love and Death

Sadom

Avaliação

7.0

No início dos anos 1990, o Sadom era uma banda frequentadora da programação da extinta rádio de Niterói, a Fluminense FM, chamada carinhosamente de Maldita por todos. E tocar na programação desta saudosa rádio era um privilégio, que hoje os fãs de Metal no Rio de Janeiro não possuem mais, infelizmente.

Temos em mãos um box do trio carioca Sadom, lançado pela Dies Irae Records. Desconhecido para muitos, a banda é uma das pioneiras do Heavy Metal fluminense. Este box é composto pelo primeiro disco da banda, chamado Love and Death e por compilações que incluem versões demo das músicas que entraram neste debut e além das primeiras composições da banda, quando as letras eram em português.

O disco de estreia é de 1991 e os bônus deste box são dos anos anteriores. A banda contava nesta época com um famoso de rosto desconhecido. O já falecido baterista Vital Case era nada menos que membro da primeira formação dos Paralamas do Sucesso e quem inspirou Herbert Viana a escrever a música em sua homenagem. Sim, caro leitor, vamos fazer uma resenha do álbum da banda do Vital e sua moto.

Após escutar os três discos que compõem este compilado de apenas 1000 cópias, o redator achou prudente resenhar apenas as oito músicas que compõem o material original, visto que o restante do material, ainda que seja de uma riqueza ímpar, a (má) qualidade deste iria comprometer e muito a avaliação do play e não seria justo com a banda.

Já que o leitor já conseguiu identificar o famoso Vital na bateria, é hora de identificar os demais integrantes da banda, que é composta pelo seu mentor, o vocalista e guitarrista Adriano Lima e pelo excelente baixista, o estadunidense Steve Redditt. Gravado no Rio de Janeiro em 1991, com produção de James Di Castro, a bolacha original tem 36 minutos de duração. Vamos colocar a bolacha para rolar e conferir o que nos espera.

Up on High” é a faixa que abre o trabalho e ela tem uma mescla de energia e crueza entre o seu Heavy Metal tradicional. O resultado é até bom, considerando que se trata de uma gravação de quase 30 anos atrás. É pesado e relativamente bem tocado.

Dark Storm” tem uma pegada completamente diferente da faixa que abre o play. Aqui temos uma música bem Hard Rock setentista, uma atmosfera bem legal e um solo bem elaborado, além do bom trabalho do baixo. A faixa mais longa do play, mas não é a única que ultrapassa os seis minutos.

A energia retorna em “The Land of Spirits”, uma música que devolve a energia inicial, com o baixo novamente se sobressaindo. Uma canção totalmente Old-School. Rende bons momentos no moshpit.

The Tiger” é a primeira das duas instrumentais que compõem o álbum e tem um andamento mais setentista, como a faixa número dois do play. E uma observação pessoal, a banda soa melhor quando opta por esse caminho mais arrastado e com essa sonoridade mais rústica, vamos assim dizer. Um dos bons momentos do play.

Enemies” é rápida e ela não é muito bem estruturada. Cada músico parece estar tocando um ritmo diferente: a bateria aposta em uma pegada mais punk, as guitarras incluem solos que aparentemente nada têm a ver com a proposta da música e o baixo faz bem seu trabalho, com boas linhas. Uma música bem confusa.

Smash the Evil” aposta em um mix: blues na introdução e na parte final e um Heavy Metal bem honesto no meio. A parte bluesy foi a que mais me agradou, sobretudo o solo no final da música, muito bem elaborado.

My Master” é a segunda faixa que passa dos seis minutos e como tal, tem uma intro bem longa. E ela se desenvolve de maneira mais arrastada, da maneira que a banda melhor soa, fazendo um som calcado nos anos 70.

Passages” encerra a versão original lançada lá em 1991 e é uma vinheta chata de intermináveis 2 minutos. E quem tem mais de 40 anos vai achar que está ouvindo alguma das vinhetas da famosa novela Pantanal (sim, este redator que vos escreve acaba de se entregar, ele tem mais de 40).

Cinco faixas com versões demo entraram como bônus no disco 1 e embora a maioria até tenha potencial, a qualidade é pífia e isso dificulta uma avaliação mais profunda. Seria muito fácil detonar o trabalho dos caras, mas não é nosso objetivo aqui, uma vez que o debut se mostra um trabalho bastante honesto e dentro das possibilidades gerais, bastante satisfatório. Estamos considerando o contexto geral: anos 90, qualidade dos estúdios, a infraestrutura notavelmente inferior aos tempos atuais, sonoridade e tudo mais.

Os dois discos extras do box servem mais como registros históricos e como dito no início do texto, conta com demos gravadas nos primórdios, quando a banda era um quarteto. Chamados de Live and Rise e Born and Fight, contam com 29 faixas no total, algumas destas entraram no disco de estreia, gravações da programação da rádio Fluminense FM em que a banda era citada e até mesmo um pequeno trecho da clássica Pour Elise, de Ludwig Van Beethoven, além de algumas músicas tocadas ao vivo, no Rio de Janeiro.

A arte dos discos em geral é simples, mas muito bem feita e conta com um resumo da história da banda contada pelo seu fundador, Adriano Lima. Um pequeno e simpático adesivo completa o material, lançado pela Dies Irae Records, em outubro de 2019.

Um material que vale a pena, principalmente para os saudosistas.

Faixas:

Disco 1 – Live and Death:

01 – Up on High

02 – Dark Storm

03 – The Land of Spirits

04 – The Tiger

05 – Enemies

06 – Smash the Evil

07 – My Master

08 – Passages

09 – Dead of Night

10 – The Machines That Kill

11 – Nothing to Hide

12 – Primitive Man

13 – Synchronistic Shadows

Disco 2 – Born and Fight

01 – Passages

02 – Dark Storm

03 – Up and High

04 – Smash the Evil

05 – Passages – Reprise

06 – The Tiger

07 – Voices

08 – The Land of Spirits

09 – My Master

10 – Enemies

11 – Passages – End

12 – Work Metal – Intro

13 – Miséria e Fome

14 – Entre as Crianças do Brasil

15 – Pour Elise

16 – Radio Call 1 – Live Concert Sadom/ Extermínio

17 – Radio Call 2 – LP Shash the Evil

Disco 3 – Live and Rise

01 – Intro Bomb (Tema do Fim)

02 – Luta ou Morra

03 – Síndrome

04 – Devast

05 – 3º Mundo

06 – Seres do Medo (live)

07 – Tragédia (live)

08 – Que Seja por Sangue (live)

09 – Nossos Mortos (live)

10 – Crime (live)

11 – 24 Horas (live)

12 – Pânico em Montana (live)

Formação:

Adriano Lima – vocal/ guitarra
Steve Redditt – baixo
Vital Case – bateria