Resenhas

Monopoly of Violence

Desalmado

Avaliação

8.5

Depois de três anos e meio de espera, o Desalmado voltou a lançar um novo álbum de estúdio. “Monopoly of Violence” é o quarto play na discografia desta banda paulistana que tanto tem para ensinar aos fãs que não tem noção de consciência de classe e que só repetem as baboseiras que a turma do capetalismo prega.

O Desalmado volta com mudanças na sua formação: o guitarrista Marcelo Liam e o baterista João Limeira chegaram em 2024, nas vagas de Estevam Romeira e Ricardo Nutzmann, respectivamente. O vocalista Caio Augustus e o baixista Bruno Teixeira seguem sendo a espinha dorsal da banda.

O álbum foi lançado na sexta-feira (2) através do selo alemão Blood Blast, que é um dos braços da gigante Nuclear Blast. O estúdio escolhido para a gravação foi o badalado Family Mob, em São Paulo e contou com mixagem e masterização de Hugo Silva.

Na parte lírica, não há novidade, os caras continuam explorando assuntos que deveriam gerar revolta em uma boa parcela dos headbangers, como os monopólios e todo o cruel sistema capitalista, que tenta fazer as pessoas acreditarem nessa idiotice de meritocracia. Então, quem não cai nessa conversa mole de que “o mercado se regula sozinho”, vai se identificar. E no meio de tanta revolta, ainda há espaço para se criticar o regime sionista de Israel, que mata palestinos, “em nome de deus”.

O álbum traz dez faixas mortais e tempo de um disco de Punk Rock: são breves 27 minutos de muita intensidade, muito soco na boca do estômago de quem defende um sistema decadente como o capitalismo. Os grandes destaques são para a rápida e furiosa “Anger“, “Blood Thorns“, que é mais arrastada e agressiva, e a faixa título, que começa cadenciada e no meio ganha velocidade, criando uma combinação incrível. a banda mistura toques do Groove com o Death Metal, soando moderna e ao mesmo tempo, fiel ao estilo. A produção também é caprichada.

Não à toa que o Desalmado hoje é uma das bandas mais politizadas do nosso Brasil e se você é daqueles que acha que o artista não deve se posicionar, primeiro, saiba que o artista não só pode, como deve se posicionar (isso vale tanto para quem é de esquerda, quanto para os que estão por aí pedindo anistia para genocida), segundo, deveria escutar mais bandas com essa temática, para quem sabe, deixar de apoiar quem só quer o seu dinheiro. Mais um grande álbum que vai fazer parte de algumas listas de melhores do ano. Uma verdadeira aula de ciências sociais, ainda que muitos tenham asco desta ciência, sem nem saber do que se trata. As bandas estão aí espalhando conhecimento e cultura, só não aproveita quem não quer.