A energia fervilhante do punk Oi! canadense ganha novos contornos com ‘No replacement for displacement’, o EP de estreia trio The 351’s. Em uma explosão de menos de 10 minutos, dividida em 4 faixas, The 351’s nos convida para um passeio catastófrico pelos becos sombrios do punk rock oldschool e OI!. Uma crueza sonora e uma energia desenfreada. As composições são diretas, com ênfase em acordes simples e repetitivos que criam um som visceral e poderoso. A guitarra é um dos elementos centrais, rápida e tocada com agressividade, produzindo riffs sujos e intensos, proporcionando uma base sólida que abraça o ouvinte no primeiro segundo.
O álbum abre com “Mother Anarchy”, uma faixa que te joga de cabeça em um redemoinho sonoro. Com vocais roucos e guitarras potentes, a música traz uma energia contagiante que ecoa o estilo explosivo de Dead Kennedys e Rancid. A bateria estourada adiciona uma camada de agressividade que não deixa ninguém parado. É um começo de tirar o fôlego que já estabelece o tom do álbum: eletrizante e impiedoso. O som perfeito para um hino anarquista.
Em seguida, “Fuck All The Fuckers” mantém a chama acesa com um legítimo punk rock. A velocidade frenética e os riffs pesados deixam claro que The 351’s não está para brincadeira. Esta faixa é uma ode à intensidade, e sua execução impecável mantém a adrenalina alta. O vocal é outro elemento distintivo, tanto nesta canção como em todo disco, com uma entrega revolta e desabafo, transmitindo uma sensação debochada e crítica. A voz é carregada deste contraste, complementando perfeitamente a agressividade instrumental. A versatilidade da banda brilha aqui, mostrando que eles sabem exatamente como manipular seus instrumentos para criar algo único e empolgante.
“The Hearse Song” não perde o peso característico do álbum. É uma faixa introspectiva, com um apelo que ressoa profundamente. As guitarras retornam ao punk puro, sujo e cheio de atitude. O solo de guitarra é simplesmente perfeito, uma explosão de técnica e paixão que prende a atenção do início ao fim. É uma faixa que encapsula a essência rebelde da banda, sem compromissos e sem medo de ser autêntica.
Nesse ponto, já podemos notar que a produção das músicas é propositalmente rudimentar, capturando a energia bruta e a espontaneidade. Há uma falta deliberada de polimento, que confere um charme autêntico e uma sensação de proximidade, como se a banda estivesse tocando bem na sua frente. Isso não é uma crítica, muito pelo contrário, é uma confirmação de que quando a produção sabe se aproveitar do que lhe é dado, é possível se construir pérolas.
‘No replacement for displacement’ é um EP cheio de atitude e energia, uma disco que te faz querer pular e gritar junto. As guitarras rápidas e a bateria martelante são um lembrete de que The 351’s sabe exatamente como canalizar a fúria juvenil em música – Apesar de estarmos diante de experientes, e músicos não tão jovens assim.
A última faixa “Whisky And Pills oferece um punk dançante. É uma faixa com potencial de furar a bolha do estilo, graças ao seu ritmo contagiante e refrão cativante, bem típico do OI!. A banda mostra que também sabe como fazer o público se mexer, sem perder a essência punk. É uma conclusão perfeita para um álbum que nunca perde o fôlego. A faixa final deixa uma sensação de satisfação, como se tivéssemos vendo os créditos de um filme que deixou a boca aberta do início ao fim.
‘No replacement for displacemen’ não decepciona, ele é exatamente aquilo que procuramos – atitude, criatividade, protesto e qualidade. Cada faixa mostra o poder que o punk tem para levantar o público. Este álbum é uma verdadeira joia para os fãs de punk rock que procuram algo frenético, intenso e inesquecível.