Resenhas

Para Bellum

Testament

Avaliação

9.0

Os reis do Thrash da Bay Area de São Francisco estão de volta com seu novo álbum, Para Bellum, o 14º da extensa discografia do Testament. O lançamento chega ao Brasil no dia 10 de outubro pela parceria Nuclear Blast / Shinigami Records, prometendo mais uma vez colocar a banda entre os grandes destaques do metal mundial. Um dos pontos mais aguardados do registro é a adição do baterista Chris Dovas, finalmente apresentado em um trabalho de estúdio. Sua estreia não poderia ser mais positiva: com blast beats intensos, viradas impressionantes e muito peso, Dovas injeta um novo gás no som característico do Testament, mantendo a essência do Thrash, mas adicionando frescor e agressividade.

Essa nova energia já se revela logo na abertura, com “For The Love Of Pain”, um verdadeiro cartão de visitas para Dovas. A faixa mostra a banda inteira em plena forma: riffs matadores de Eric Peterson e Alex Skolnick, o baixo poderoso de Steve DiGiorgio e, claro, Chuck Billy, em uma performance vocal dinâmica e irretocável. Uma abertura que prende o ouvinte de imediato e já estabelece o clima ambicioso do álbum.

O primeiro single, “Infanticide A.I.”, já havia antecipado o poder de fogo do disco, trazendo riffs cortantes e uma bateria marcante — puro Testament, sem enrolação. O mesmo pode ser dito de “Shadow People”, que desacelera um pouco, mas mantém o peso, entregando um refrão memorável.

Uma das grandes surpresas é “Meant to Be”, que rompe expectativas e figura entre as composições mais ousadas e emocionantes da carreira da banda. Trata-se de uma balada fora da curva, com arranjos progressivos, melodias acústicas, orquestrações, variações de tempo e uma performance vocal emocionante de Chuck Billy. É impossível não se arrepiar diante da carga emocional da faixa.

Já “High Noon” traz uma pegada mais próxima do Exodus, com riffs desafiadores e groove contagiante, enquanto “Witch Hunt” retoma a velocidade avassaladora, riffs agressivos e um Chuck Billy explorando vocais guturais — mais uma aula de Thrash.

A sequência seguinte puxa para o Metal tradicional, mostrando a versatilidade do Testament. “Nature of the Beast” poderia facilmente figurar em um disco do Judas Priest, com seu andamento cadenciado e cativante. “Room 117” segue esse clima, trazendo harmonias melódicas, refrão acessível e um vocal mais arrastado, resultando em um clima diferente e agradável. Em seguida, “Havana Syndrome” recoloca o álbum no trilho do Thrash, com a cara dos últimos trabalhos da banda: agressividade equilibrada por melodias certeiras, criando dinâmica e intensidade.

Por fim, a faixa-título “Para Bellum” encerra o álbum com chave de ouro. A introdução bem trabalhada prepara o terreno para versos cheios de agressividade, sustentados por bumbos duplos e guitarras afiadas. O refrão, por sua vez, traz uma atmosfera mais melódica e grandiosa, digna de arenas. Um fechamento triunfante que faz o ouvinte querer apertar o play novamente.

Para Bellum é um álbum que comprova, mais uma vez, porque o Testament segue como um dos gigantes do Thrash Metal. A produção, cristalina e pesada, está entre as melhores da carreira, com destaque especial para a bateria, que ganhou espaço e impacto na mixagem. As performances individuais são impecáveis: Skolnick e Peterson entregam riffs e solos inspirados, DiGiorgio mantém a solidez monstruosa de sempre, e Chuck Billy segue em sua melhor forma. A estreia de Chris Dovas é simplesmente brilhante, adicionando juventude, energia e técnica à sonoridade da banda.

Com a mixagem de Jens Bogren, que sempre garante peso e clareza, Para Bellum se coloca como um dos trabalhos mais competentes e completos da carreira do Testament — moderno, diversificado e sem perder a identidade. Um disco que reafirma a relevância da banda e mostra que, mesmo após décadas de estrada, ainda há muito fogo no Thrash da Bay Area.

Tracklist:
01. For The Love Of Pain
02. Infanticide A.I.
03. Shadow People
04. Meant To Be
05. High Noon
06. Witch Hunt
07. Nature Of The Beast
08. Room 117
09. Havana Syndrome
10. Para Bellum