Resenhas

Paralelo XI

Legacy Of Kain

Avaliação

9.0

A banda brasileira Legacy Of Kain, de Curitiba-PR, revela em seu mais recente lançamento uma produção muito esmerada para contar a história real do massacre de uma tribo indígena (dos Cinta Larga) que ficou conhecido como o Massacre do Paralelo 11. A imprensa da época noticiou os fatos que vão de roubo a estupro, passando por grilagem, assassinato, suborno, tortura e outros atos hediondos.

As faixas que tratam destes crimes são um grito contra as injustiças e um alerta contra a violência contra os povos indígenas que choca o mundo e que mancha a reputação de nosso país internacionalmente. Óbvio que outros massacres ocorreram e ainda ocorrem no país, mas ainda não foram devidamente contados.

Além do valor musical, este álbum tem um valor de sua narrativa de horror ao contar sobre os crimes cometidos nestas terras sem lei, onde índios eram esquartejados vivos nas profundezas da florestas (Aconselho que procurem as matérias da época para entender melhor sobre estes crimes). O projeto gráfico do álbum ficou a cargo de Carlos Fides, do Artside Studio, e o conceito de trazer toda esta narrativa se deve ao ex-integrante do grupo, o baixista Felipe Mata. As letras foram compostas pelo vocalista Markos Franzmann e por Pedro Ferreira, vocalista e guitarrista do grupo Royal Rage.

As gravações, feitas no Silent Music Studio, na capital paranaense, contam com a produção, mixagem e masterização do próprio guitarrista do grupo, Karim Serri. Ressalto que este trabalho se destaca neste quesito, não devendo nada a qualquer banda do exterior. Partindo deste princípio, podemos concluir que o Legacy Of Kain só tem a evoluir nesta sua mistura de thrash e death metal. Diferentemente dos trabalhos anteriores, o grupo agora compôs em inglês ao invés de usar a nossa língua nativa. Considero um ponto crucial, se almejam chegar ao mercado externo.

Outro ponto interessante foi a participação de Fernanda Lira (Nervosa) nas vozes adicionais de “Split In Half” e “Get Lucky” (Daft Punk Cover). É revigorante ver e ouvir esta integração entre músicos nacionais.

Esta é uma obra de uma banda que não “ficou em cima” do muro, denunciando nossa história recente e nossas mazelas. Houve muito espaço no disco para a experimentação, com toadas mais próximas ao metalcore e ao groove metal, mas que fazem parte de um trabalho sólido e bem estruturado. Que venham novos sons desta galera que deixou uma ótima impressão.