Resenhas

private music

Deftones

Avaliação

9.5

“private music” é o décimo álbum de estúdio do Deftones e chega como sucessor do excelente Ohms (2020). Lançado no dia 22 de agosto pela Reprise Records, o disco já vinha criando expectativa com a energia dos singles, especialmente a poderosa “my mind is a mountain”. Curiosamente, a promoção foi curta — menos de 90 dias entre o anúncio e o lançamento — o que só aumentou a ansiedade de quem acompanha a banda. Outro detalhe que chama a atenção é a estética minimalista: todos os títulos das músicas aparecem em letras minúsculas, uma escolha que parece dialogar com a atmosfera introspectiva e enigmática do álbum. Bom, vamos ao que importa.

Musicalmente, private music é uma verdadeira viagem pelas diferentes camadas sonoras que o Deftones sempre soube explorar. Cada faixa traz ecos de diferentes momentos da carreira, do peso mais cru ao lado atmosférico e etéreo da banda.

Os singles “my mind is a mountain” e “milk of the madonna” são ótimos exemplos dessa conexão com “Ohms“, com uma verdadeira evolução natural: riffs carregados, vocais de Chino Moreno que alternam agressividade com sussurros melancólicos, criando aquele contraste tão característico.

Entre os destaques, “locked club” chega com um riff pesado e um refrão melódico viciante, brincando com os tempos da bateria de forma a criar uma densidade hipnótica. Já “ecdysis” traz um baixo cheio de groove, remetendo à fase nü metal do grupo, mas com um toque dramático no final que encaixa perfeitamente com “infinite source“, onde as guitarras agudas e distorcidas guiam um refrão memorável.

souvenir” começa densa, mas rapidamente ganha uma melancolia quase contemplativa, com guitarras limpas e sintetizadores que lembram tanto Ohms quanto momentos de Koi No Yokan (2012). Em “cXz“, Stephen Carpenter mostra mais uma vez sua genialidade em riffs pesados e minimalistas, sustentando a melodia suave e cheia de camadas de Chino.

A possível “balada” do álbum é “i think about you all the time“, que começa contida e melancólica, mas vai crescendo até ganhar peso, sempre mantendo sua dramaticidade. O violão no final é um detalhe precioso, que dá ainda mais profundidade.

Na reta final, o álbum homenageia fases passadas: “cut hands” poderia estar facilmente em White Pony”(2000), com Chino explorando ao máximo seu lado nü metal. Já “metal dream” se apoia no groove marcante do baixo de Fred Sablan, trazendo um dos refrãos mais poderosos do disco. Para fechar, “departing the body” é uma obra à parte: Chino entrega vocais que lembram Johnny Cash em sua intensidade e profundidade, apoiados por guitarras limpas que explodem no momento certo. É uma despedida densa, melódica e absolutamente marcante.

Com private music, o Deftones reafirma porque é uma das bandas mais relevantes das últimas décadas. Respeitando o próprio legado, o grupo entrega um álbum pesado, melódico e extremamente competente, equilibrando o caos instrumental com a calma quase etérea da voz de Chino Moreno. A mixagem traz um som mais denso e encorpado, valorizando riffs, grooves e a bateria poderosa de Abe Cunningham.

É impossível não colocar este trabalho entre os grandes lançamentos de 2025 — um álbum que respira a essência do Deftones e, ao mesmo tempo, se reinventa para soar fresco e atual.

Tracklist:
1. my mind is a mountain
2. locked club
3. ecdysis
4. infinite source
5. souvenir
6. cXz
7. i think about you all the time
8. milk of the madonna
9. cut hands
10. metal dream
11. departing the body