Resenhas

random.accesss.misery

Mélancolia

Avaliação

9.0

O Mélancolia retorna em 2025 com seu segundo álbum de estúdio, “random.accesss.misery,” sucessor de “HissThroughRottenTeeth” (2022). Lançado em 29 de agosto de 2025 pela Nuclear Blast, o disco consolida a proposta da banda australiana, que se firma no cenário com um Deathcore carregado de elementos melódicos e uma identidade visual bastante peculiar.

Seguindo a estética já apresentada em seu debut, os títulos das faixas mantêm o padrão de nomes que remetem a arquivos de computador, algo que reforça a atmosfera moderna, fria e caótica que o grupo busca transmitir. Mas não se trata apenas de estética: musicalmente, o álbum demonstra maturidade e organização, com composições bem estruturadas que mesclam o peso extremo do Deathcore com passagens melódicas marcantes.

Logo no início, “ALL_IS_RUST” deixa claro o tom do álbum: bateria poderosa, pedais duplos executados com perfeição e blast beats pontuais que dão energia extra. Essa abordagem se intensifica em “icanseethroughtheholesinmyhands”, faixa dinâmica que mistura variações de andamento e ataques agressivos.

Em meio ao caos, surgem composições mais grandiosas, como “Picking Scabs”, que flerta com o Nü Metal em certos momentos, e “boiler.room”, que incorpora elementos eletrônicos sem perder a brutalidade. A densidade melódica atinge seu auge em “Lithia”, com a participação da banda Moodring, unindo refrão melódico, mudanças de andamento e momentos intensos de blast beats. Na sequência, “RoseBloomWrist” mostra o lado mais brutal do Mélancolia, equilibrando passagens aceleradas com harmonias densas.

Entre as mais marcantes, “SPIT!” se destaca pelo equilíbrio entre peso e melodia, contando com a participação de Christopher Mackertich (DREGG), cujos vocais limpos acrescentam contraste e dinamismo. Já a faixa-título, “random.accesss.misery”, é um dos pontos altos do álbum: agressiva, caótica e com um refrão pensado para ecoar em arenas.

Na reta final, o disco apresenta o interessante par de composições “Cold Now…” e “…Cold Still”. A primeira combina riffs lentos em contradição à bateria acelerada, incluindo scratches que remetem novamente ao Nü Metal, tornando-a candidata a favorita dos fãs. Já a segunda funciona como complemento, iniciando de forma melancólica e progressiva, crescendo em intensidade até explodir em peso e velocidade.

Com “random.accesss.misery“, o Mélancolia entrega uma evolução sutil, mas significativa em relação ao seu debut. O grupo mantém suas principais virtudes — peso, brutalidade e ambientação sombria —, mas agora aposta em composições mais organizadas e progressivas, evitando a monotonia que costuma marcar muitos álbuns de Deathcore. A mixagem, apesar de limpa para o estilo, não compromete a experiência.

Se o primeiro álbum já havia chamado a atenção, este segundo capítulo mostra uma banda ainda mais ambiciosa e faminta por crescimento, corrigindo detalhes e adicionando novas camadas ao seu som. Para quem apreciou “HissThroughRottenTeeth“, não há dúvida: “random.accesss.misery” será um prato cheio, consolidando o Mélancolia como um dos nomes mais promissores do Deathcore contemporâneo.

Tracklist:
01. ALL_IS_RUST
02. icanseethroughtheholesinmyhands
03. Picking Scabs
04. boiler.room
05. Lithia (feat. Hunter Young of Moodring)
06. RoseBloomWrist
07. SPIT! (feat. Christopher Mackertich of Dregg)
08. random.access.misery
09. Cold Now…
10. …Colder Still