Resenhas

Reborn

Ektomorf

Avaliação

9.5

Durou três anos a espera dos fãs da banda mais pesada e brutal da Hungria, este belo pais do leste europeu e que tem a sua versão bolsonarista como presidente, o idiota Viktor Orbán. Só de imaginar que os idiotas de direita que tomaram o poder são muitos, a sensação de raiva toma conta do nosso ser e nada melhor que um disco raivoso como Reborn, o décimo quinto full-lenght deste quarteto, que já podemos chamar de veterano.

Que a pandemia fez bem para a maioria das bandas, isso é mais que notório, pois sem aquela rotina insana de estar em estúdio para gravar e sair em turnês não sobrava muito tempo hábil para que os artistas dedicassem mais tempo para somente compor e isso resultou em excelentes lançamentos no ano de 2020, fato que vem se repetindo no corrente ano. E com a banda de Zoltán Farkas não foi diferente, como iremos atestar mais abaixo.

Após o lançamento do excelente “Fury”, o antecessor, a banda sofreu mudanças profundas em seu lineup, mais precisamente na cozinha: saíram o baixista Attila Asztalos e o baterista Dániel Szabó e entraram em seus lugares, Csaba Zahorán e Kálmán Oláh.

Anunciado como um retorno às raízes da banda, quando incluída elementos da música local, Reborn não chega a tanto, mas demonstra uma agradável adição de partes melódicas em meio ao caos sonoro que a banda nos proporciona, a cada petardo lançado. O play marca o debut pela “Napalm Records”, após anos de parceria com a “AFM Records”. Foi produzido pelo líder da banda Zoltán Farkas e lançado em 21 de janeiro. A ansiedade é imensa e vamos colocar o play para rolar e conferir cada uma das oito faixas presentes aqui.

Ebullition” abre o play e é uma música poderosa, com a cara do Ektomorf. Há os que dizem que a banda não passa de uma mera cópia de Sepultura dos tempos de Max ou do Soulfly. Eu diria que as influências existem e são enormes, mas a banda consegue ter uma identidade. E essa faixa deixa isso bem explícito. Há a brutalidade com riffs sensacionais com afinação super baixa e tambem há espaço para partes onde o flerte com a melodia existe, porém, prevalece o peso cavalar. Belo início.

A faixa título é outra coisa que podemos destacar. Tome mais riffs poderosos e um peso anormal. É muita raiva em forma de música, com uma parada surpreendente onde o flerte com a melodia se torna mais intenso. E isso deixa a música ainda mais espetacularmente linda. Por enquanto o disco está perfeito.

Riffs pesados, densos e arrastados vão conduzindo a faixa número três, que atende pelo nome de “And the Dead Will Walk”. A música até quebra o ritmo alucinante das faixas anteriores, mas nem por isso é menos espetacular. “Fear me” vem a seguir e tem um andamento um pouco mais rápido, com destaques para os riffs que seguem como rolo compressor, destruindo tudo que vem pela frente. A performance de Kálmán Oláh também merece destaque, com batidas firmes e ótimas viradas.

Where the Hate Conceives” tem a intro claramente inspirada em “Battery”, de um certo Metallica, com dedilhados de violão e aquele clima épico, porém, as semelhanças param por aí, porque o peso absurdo entra em ação e o disco volta a ter o mesmo ritmo alucinante das primeiras faixas. Outro belo solo com mais melodia e o bumbo duplo de Kálmán Oláh é de se tirar o chapéu. “The Worst is Yet to Come” privilegia o peso em detrimento da velocidade, com ótimos riffs e um peso incomum para as bandas atuais. A bateria novamente assume o protagonismo.

A parte final se dá com a instrumental “Forsaken”, com seus mais de sete minutos, carregados de melodia. E “Smashing the Past” encerra o álbum com a mesma energia, peso e riffs matadores do início do play, deixando-o como sério candidato ao melhor lançamento deste 2021.

Depois de breves 37 minutos temos a conclusão de que se trata de um álbum pesado, ao mesmo tempo melódico, como nunca o Ektomorf fez antes. Um belo disco, cujo único defeito é não ser uns dez minutos mais extenso. Já está no meu top 5 dos melhores deste ano. A banda demonstrou um amadurecimento musical imenso, porém sem perder a sua essência, que é fazer música pesada e intensa. Pessoalmente o meu álbum favorito da banda ainda é o maravilhoso “Outcast” (2006), o primeiro deles que eu ouvi e me fez saber que a Hungria é muito mais do que Ferénc Puskás e o circuito de Hungaroring. Mas este mais recente play chega bem perto do meu favorito. Indicado para quem curte som moderno sem deixar de ser pesado e agressivo ao extremo.

Faixas:

01 – Ebullition

02 – Reborn

03 – And the Dead Will Walk

04 – Fear me

05 – Where the Hate Concieves

06 – The Worst is yet to Come

07 – Forsaken

08 – Smashing the Past

Formação:

Zoltán Farkas – vocal/ guitarra

Simon Szebasztián – guitarra

Csaba Zahorán – baixo

Kálmán Oláh – bateria