Road Back to Ruin é o quinto álbum da banda Pristine. Desconhecida de boa parte dos brasileiros, a banda se destaca por apresentar uma sonoridade bem setentista sem soar genérica como tantas que tentam o mesmo caminho. O mais inusitado é a origem do quarteto: a Noruega, país famoso por ser celeiro das bandas de Black Metal,
Lançado em abril de 2019 pela Nuclear Blast na Europa e aqui no Brasil pela Shinigami, a bolacha foi gravada no Paradiso Studio, em Oslo, com a produção assinada por Øyvind Gunder, a banda, que está na ativa desde 2006, mostra que na Noruega não existem apenas aquelas trevosas bandas de Black Metal com seus discursos já ultrapassados sobre paganismo, satanismo e afins… O quarteto mostra que o país também é capaz de produzir o bom é velho Rock and Roll. Detalhe é que as músicas foram gravadas ao vivo, como se a banda estivesse no palco. Vamos então dissertar sobre as faixas presentes aqui.
“Sinnerman” abre o play e para surpresa deste redator que vos escreve, temos um baita Rockão, com influências dos anos 70 e 80, a inclusão de um teclado no meio que lembra muito o que era feito por Deep Purple. Além de um refrão grudento que fica na mente do ouvinte horas depois da audição. Belo início. A faixa título é bem densa, com certo peso e aposta no Southern Rock e no meio ela ganha contornos mais pesados, soando como se o Black Sabbath adotasse uma vocalista. Que sonzaço. “Bluebird” é mais voltada para o Blues, mas sem deixar o peso, bem dosado, de lado.
“Landslide” é bem crua e soa como uma versão (bem) melhorada dos Rolling Stones. É uma energia e um clima que contagiam quem está ouvindo o play. E tudo bem tocado, tudo certinho. “Aurora Skies” é uma baladinha onde a poderosa vocalista Heidi Solheim dá o seu espetáculo, na sua melhor performance neste play, disparada. Não que nas outras faixas ela vá mal, pelo contrário, mas aqui, praticamente sozinha, podemos perceber seu talento.
Em “Pioneer” temos a banda apostando no Rock Alternativo, lembrando um pouco o que o Pearl Jam fez no álbum “Yield”. Um sim cru e direto, bem Rock and Roll. Não precisa de muito para ser agradável. “Blind Spot” aposta no psicodelismo, um pouco chato nas estrofes, mas Heidi Solheim trata de botar emoção no refrão e as coisas melhoram. Talvez seja o ponto fora da curva deste álbum que até o momento é excepcional.
A pegada Stoner toma conta com a chegada de “The Solber”, com destaque para o belo timbre de guitarra e no meio, a banda vem nos lembrar que bebeu na fonte do Deep Purple. “Cause and Effect”, do alto dos seus seis minutos, é bem bluesy e traz consigo bastante melancolia e novamente a excelente Heidi Solheim brilha, dividindo com o belo solo, o status de melhor performance nesta faixa. Aqui a banda é acompanhada pela orquestra de cordas The Arctic Philarmonic.
“Your Song” é a última faixa da versão original e trata-se de uma faixa acústica, calma e que nos dá uma sensação de paz. Ainda não é o final do play, pois a versão tupiniquim nos brinda com duas faixas bônus: a excelente “Dead End”, inspirada nas bandas setentistas e, de certo modo, até bem pesada, o que é ótimo. Outra faixa bônus, é uma versão ao vivo para “Ghost Case”, do álbum anterior, “Ninja” (2017).
Em pouco mais de 55 minutos temos uma surpresa mais que agradável, uma banda que sabe bem o que está fazendo e que aposta na sua talentosíssima vocalista. Me despertou o interesse em buscar conhecer o material anterior e espero que este texto possa também vir a despertar o mesmo interesse do leitor. Em “Road Back to Ruin” a banda enveredou por vários caminhos e várias influências, fazendo com que seu som não soasse repetitivo, pelo contrário, soa bem agradável. Indicado para quem gosta do bom e velho Rock and Roll. Aquele raiz, lá dos primórdios. Eles passaram de ano e com muito louvor. Indicado também para quem não é tão familiarizado assim com o Rock.
Faixas:
01 – Sinnerman
02 – Road Back To Ruin
03 – Bluebird
04 – Landslide
05 – Aurora Skies
06 – Pioneer
07 – Blind Spot
08 – The Sober
09 – Cause And Effect
10 – Your Song
Bônus Tracks:
11 – Dead End
12 – Ghost Chase (live)
Formação:
Heidi Solheim – vocal
Espen Elverum Jacobsen – guitarra
Gustav Eidsvik – baixo
Ottar Tøllefsen – bateria
Participação especial:
The Arctic Philarmonic – cordas (faixa 9)