Resenhas

Strange Game

Conflict Choir

Avaliação

9.0

Se você está procurando uma viagem musical que combine paisagens sonoras etéreas com quedas pesadas esmagadoras e uma pitada de comentário social poético, o álbum ‘Strange Game’ da banda britânica Conflict Choir é exatamente o que você precisa. Este álbum de estreia do duo composto por Ali Clinton e Jack Bowles, gravado em um sombrio porão em Worcestershire, é uma obra-prima sônica que explora as complexidades da sociedade moderna através de uma mistura intrigante de influências musicais e técnicas refinadas.

A banda, formada por dois músicos de sessão que já trabalharam com alguns dos maiores artistas do mundo, conseguiu criar uma sonoridade única. Imagine uma jam session entre Jeff Buckley, Pink Floyd, Soundgarden, Uli Jon Roth, Steven Wilson e Alice In Chains. É exatamente essa combinação inusitada que dá à Conflict Choir um som inconfundível.

O álbum abre com a faixa-título “Strange Game”, uma introdução perfeita ao universo sonoro da banda. A faixa começa é uma introdução delicada e progressiva que rapidamente se transforma na faixa seguinte, “What Are You Doing It For?” que aproveita da progressão e cresce exponencialmente até se tornar um riff de rock pesado e deslumbrante, com guitarras cadenciadas e uma batida intensa que mantém a energia lá em cima. só essas duas faixas, já apresentam o tom do disco todo. Cada faixa é uma explosão de emoções e lisergia únicas.

“Don’t Let Me Drown” não perde a intensidade. A faixa, traz um som mais agudo e buscando explorar as cordas mais agudas, com riff mais estridentes, criando um contraste interessante. Em “I Feel Fine”, a banda explora uma vibe mais relaxada, e eletrônica noir com uma linha de baixo pulsante e uma bateria no mesmo ritmo que dá uma base sólida para os vocais suaves e aéreos da canção.

“Take It As It Comes” e “Only One” trazem à tona as influências mais diferentes e fora da cena do rock experimental, ambas buscam uma conexão mais jazz/new age. Ambas as faixas são recheadas de camadas sonoras e atmosféricas, efeitos de voz e teclados, mostrando a habilidade técnica e sensibilidade dos músicos. A primeira, com ritmos dançantes e gravados, e a segunda, com uma melodia leve e “viajante”, são exemplos claros da capacidade da banda de mesclar peso e melodia de forma coesa.

“Psychowarfare” é a transição do experimento anterior com o peso novamente, a faixa começa lentamente e crescente. Desaguando em guitarras ressoantes e cheias de poder, a faixa lembra o metal alternativo dos anos 90, experimental e visceral. “Will We Wake Up” e “Wake Up”, por outro lado, são mais introspectivas, a primeira com uma atmosfera quase meditativa, onde os vocais suaves são acompanhados por camadas de texturas sonoras digitais e a segunda continuando a textura digital e aplicando a alma e sofrimento dignos dos grupos vindos da lúgubre Seattle dos anos 90.

“The Real Thing” é mais uma quebra de repentina, com uma introdução baseada em modulações da guitarra dedilhada, a faixa evolui para um crescendo poderoso, e empolgante enquanto “Algorithm” mergulha fundo no Pink Floyd – inclusive a escolha melódica e de composição vão te lembrar – e muito – os monstros sagrados da psicodelia britânica, com guitarras flutuantes e uma sensação quase cinematográfica.

Fechando o álbum, “Till The End” é a perfeita conclusão para essa jornada sonora. A faixa é uma conexão direta a faixa anterior em uma despedida poderosa e emocional.

Em suma, “Strange Game” é uma montanha-russa emocional e musical,  este álbum é uma adição essencial para os fãs de som moderno, porém nostálgico e requintado. Conflict Choir é uma promessa e tanto. Se você é fã de rock alternativo com um toque experimental, essa é a hora de ouvi-los.