Resenhas

The Arsonist

Sodom

Avaliação

8.5

O Sodom, veterano absoluto da cena thrash metal alemã e um dos pilares do chamado “Teutonic Big Four” da Alemanha, retorna com tudo em seu 17º álbum de estúdio, “The Arsonist”, que chega ao público no dia 27 de junho de 2025 pela gravadora Steamhammer. Sucessor do visceral “Genesis XIX” (2020), o novo trabalho reafirma o compromisso da banda com a brutalidade, autenticidade e paixão pelo Metal Extremo. Com uma formação consolidada e uma produção que prioriza o fator humano, o álbum promete não apenas manter o legado da banda, mas elevá-lo a novos patamares.

Desde seus primórdios mais sombrios com nuances de Black Metal até sua postura inflexível nos anos 90 — recusando-se a seguir modismos —, o Sodom sempre caminhou com firmeza. Em “The Arsonist”, essa integridade se traduz em uma sonoridade crua e explosiva. Um dos grandes destaques do álbum está em sua produção: as faixas foram gravadas em uma máquina analógica de 24 canais, sem overdubs digitais ou truques de estúdio. O resultado é uma bateria viva, orgânica e brutal, que impulsiona cada faixa com uma intensidade palpável.

Logo de cara, “Battle of Harvest Moon” dá início à ofensiva sônica com riffs pesados, solos clássicos e a ferocidade vocal que tornou Angelripper uma figura icônica. O entrosamento da atual formação — com Frank Blackfire e Yorck Segatz nas guitarras e Toni Merkel na bateria — é notável: cada faixa pulsa com a energia de uma banda rejuvenescida, mesmo após 40 anos de carreira. A produção analógica das baterias se destaca com força, tornando-as um elemento visceral, palpável, quase vivo, especialmente em faixas como “Scavenger”, onde o trabalho de Merkel salta aos ouvidos com precisão e presença.

Faixas como “Trigger Discipline” evocam o melhor do Sodom da era “M-16” (1999), com uma pegada de guerra frenética, riffs de influência oitentista e uma energia explosiva que beira o Death-Thrash. Já “Witchhunter”, em tributo ao ex-baterista Chris Dudek, entrega três minutos de um Punk agressivo e alucinado, reafirmando o vínculo emocional da banda com sua própria história. A ambientação sinistra de “The Spirits That I Called” e o groove pesado e sombrio de “Twilight Void” mostram que, embora fiéis às raízes, os alemães ainda sabem brincar com atmosferas mais densas e arranjos levemente mais elaborados.

Faixas como “Taphephobia” e “Sane Insanity” acabam se diluindo no conjunto, sem marcar presença significativa. Por outro lado,  “A.W.T.F.”, tributo ao lendário Algy Ward (TANK), é ameaçadora e lotada de explosões de Death/Thrash, enriquece ainda mais a tapeçaria sonora do álbum. A derradeira “Return To God In Parts” é brutal, misturando riffs oitentistas com solos caóticos e um vocal de Angelripper que varia entre o grito desesperado e tons próximos ao Black Metal, fazendo uma pequena alusão aos primórdios da banda, encerrando o disco com peso e maestria.

The Arsonist” é, acima de tudo, um álbum que honra o legado do Sodom. Não busca reinventar a roda, nem precisa: entrega com honestidade o que os fãs esperam — riffs agressivos, vocais raivosos e uma produção que privilegia a visceralidade sobre a perfeição técnica. A arte de capa de Zbigniew M. Bielak, retratando o horror da guerra de maneira comovente, dialoga perfeitamente com a proposta do álbum: brutalidade com consciência, violência com propósito. Embora possa não entrar imediatamente entre os clássicos da discografia da banda, é um registro consistente, poderoso e que certamente brilhará nos palcos. No campo de batalha do Thrash, o Sodom segue firme, com o fogo ainda aceso.

Tracklist:
01. The Arsonist
02. Battle Of Harvest Moon
03. Trigger Discipline
04. The Spirits That I Called
05. Witchhunter
06. Scavenger
07. Gun Without Groom
08. Taphephobia
09. Sane Insanity
10. A.W.T.F.
11. Twilight Void
12. Obliteration Of The Aeons
13. Return To God In Parts