Resenhas

The Aura

Beyond Creation

Avaliação

8.5

O primeiro álbum dos canadenses do Beyond Creation, ‘The Aura’, lançado originalmente em 2011, seis anos após a sua fundação, ganhou uma versão brasileira através do selo Extreme Sound Records e hoje é assunto de mais uma resenha no Headbangers News.

O Canadá é famoso por nos brindar com ótimas bandas, nas mais diversas vertentes do Rock e do Heavy Metal: Rush, Anvil, Annihilator e Kataklysm, só para ficar nos exemplos mais famosos. E o Beyond Creation não fica atrás, apostando em um Death Metal pra lá de rápido e muito bem trabalhado, mostrando muita influência do Death e do mestre Chuck Schundiler.

E olhando o lineup da banda, este redator que vos escreve fica ansioso pelo que tem ali na bolacha, pois pela apresentação da banda, temos dois guitarristas, um usa guitarra de 7 cordas; o outro usa uma de 8; o baixista ataca de seis cordas. Aí não há como imaginar que a banda não seja minimamente virtuosa. Vamos sem mais delongas colocar o play para rolar e conferir o que nos espera.

A abertura se dá com a faixa “No Request for Corrupted”, que traz uma interessante mistura do Death Metal mais pútrido com uma técnica invejável. E o peso absurdo das guitarras da dupla Simon Girard e Kevin Chartré. “Coexistence” dá sequência ao ataque de brutalidade, combinada com complexidade, do alto de seus mais de 7 minutos, onde os destaques aqui são os bumbos duplos e os blastbeats de Guyot Begin Benoit, além de ótimas linhas de baixo, executadas por Dominic “Forest” Lapointe.

“Chromatic Horizon” é a primeira das duas faixas instrumentais que fazem parte do play. E eles provam que não se precisa de muito tempo para colocar seiscentas notas em uma música e ainda assim, caber tudo. Em apenas 1 minuto e 54 segundos os caras destilam toda sua técnica e agressividade. O ouvinte pensa que a faixa 4, “Omnipresent Perception”, é continuação da faixa anterior, pois não há espaço entre ambas. E nesta faixa, que tem duração de seis minutos, o brilho fica por conta dos instrumentistas, pois o vocalista pouco intervém. O baixista Dominic novamente se destaca, colocando linhas interessantíssimas, que parecem não terem muito a ver com o que os demais estão fazendo, mas ficou sensacional. O solo aqui é executado por Christian Donaldson (Cryptpsy, Mythosis)

“Injustice Revealed” tem quase quatro minutos e pouco menos da metade disso é a introdução que viaja pelo Prog, mas quando o vocal entra, o peso e a rispidez entram com o pé na porta, em uma música que vai alternando os andamentos, chegando a nos brindar com o Sludge. “Le Deténteur”, por sua vez é cantada em francês, mas o leitor não precisa se preocupar, pois se não estiver com o encarte nas mãos, nem perceberá a mudança no idioma. Musicalmente, ela é curta e grossa: pouco mais de dois minutos de pura brutalidade, com uma breve mudança no andamento, talvez para que os caras possam descansar um pouco. Excelente. Temos aqui a participação de Youri Raymond, da banda canadense Unhuman, nos vocais.

A faixa título é uma das campeãs no quesito duração: tem mais de 7 minutos e uma introdução que engana aos desavisados. Ela começa com uma pinta de que vai ser mais cadenciada, mas logo o caos toma conta de tudo, com uma inserção mais arrastada aqui, outra acolá e novamente o baixo de Dominic “Forest” Lapointe aparece com ótimas frases. “Social Disability” soa como se o Dream Theater resolvesse trocar de vocalista e passasse a tocar Death Metal. Uma técnica absurda que os caras imprimiram aqui, sendo uma das faixas que mais me impressionou.

“Elevation Path” é a segunda instrumental e aqui temos uma música bem calminha, numa pegada mais jazzistica, com menos de dois minutos de duração, que logo dá espaço para a a extremamente longa “The Deported”, que exagera na duração: são 11 minutos. Ela tem bons momentos, mas poderia ser menos extensa. A versão brazuca ainda conta com uma faixa bônus: a versão demo para Injustice “Revealed” e honestamente, nem parece que é demo, tamanha a qualidade dos músicos e da produção. Fantástico.

Em 56 minutos de audição percebemos a junção quase que perfeita de técnica extremamente apurada, com proporções iguais no quesito peso e brutalidade. Quem gosta do Death Metal Old-School provavelmente irá torcer o nariz, mas aquele apreciador de composições complexas certamente irá delirar com as dez faixas presentes neste “The Aura”. Assim o Beyond Creation mantém a ótima fama dos seus conterrâneos canadenses em fazer Rock e Metal com extrema qualidade. A bolacha nacional ainda vem com um pôster da banda e o encarte com qualidade ímpar, todas as informações estão ali, precisas como as músicas. Aprovado com louvor.

Faixas:

01 – No Request for the Corrupted
02 – Coexistence
03 – Chromatic Horizon
04 – Omnipresent Perception
05 – Injustice Revealed
06 – Le Deténteur
07 – The Aura
08 – Social Disability
09 – Elevation Path
10 – The Deported

Bônus track:

11 – Injustice Revealed (demo)

Formação:

Simon Girard – vocal/ guitarra
Kévin Chartré – guitarra
Dominic Lapointe – baixo
Guyot Begin-Benoit

Participações especiais:

Christian Donaldson – guitarra solo (“Omnipresent Perception”
Youri Raymond – vocal (“Le Deténteur”)