“The Blue Nowhere” chegou ao mundo no dia 12 de setembro de 2025, marcando mais um capítulo grandioso da história do Between the Buried and Me. Lançado pela InsideOut Music — e com distribuição no Brasil pela Shinigami Records —, o álbum também marca a estreia da banda nessa gravadora. A produção ficou novamente nas mãos de Jamie King, velho parceiro do grupo, em colaboração direta com os próprios músicos. A expectativa era imensa após o impacto de “Colors II”, mas a verdade é a banda entregou algo ainda mais ousado, criativo e apaixonante.
Esse é o primeiro registro da banda sem o guitarrista Dustie Waring, e, mesmo com essa baixa significativa, o BTBAM soube se reinventar. O sempre inspirado Paul Waggoner assumiu sozinho todas as guitarras, e o resultado não deixa dúvidas: riffs pesadíssimos, solos cheios de emoção e texturas ricas que sustentam o peso e a complexidade que já são marca registrada do grupo.
Diferente de álbuns mais conceituais como The Parallax II ou Coma Ecliptic, aqui não temos uma narrativa sci-fi ou teatral correndo de ponta a ponta. O conceito é mais subjetivo: um “hotel” chamado The Blue Nowhere, metáfora para solidão, introspecção e fuga da realidade. É como se cada música fosse um quarto diferente, com atmosferas próprias, mas conectadas pelo mesmo corredor de sentimentos.
Musicalmente, o disco é um verdadeiro labirinto progressivo. “Things We Tell Ourselves in the Dark” abre os trabalhos mostrando o lado mais experimental da banda, com mudanças de tempo e um refrão surpreendentemente acessível. Logo em seguida, “God Terror” traz mais agressividade, mas sem perder a dinâmica intrincada.
O grande épico “Absent Thereafter”, com seus mais de dez minutos, é um espetáculo: peso, melodia, psicodelia e progressão constante, sem soar cansativo em nenhum momento. É daqueles sons que parecem durar metade do tempo, de tão envolventes. “Pause” funciona como um respiro, uma curta peça acústica que prepara o ouvinte para a genialidade caótica de “Door #3”, que mistura peso com grooves de jazz de forma surpreendente. Logo depois, “Mirador Uncoil” abre as portas para “Psychomanteum”, uma das faixas mais densas do álbum. São 11 minutos de uma quase ópera rock progressiva: guturais esmagadores, riffs claustrofóbicos, passagens no violão e um solo emocionante, carregado de feeling.
Na sequência, “Slow Paranoia” continua a jornada com outra viagem de 11 minutos, trazendo grooves arrastados, ritmos quebrados e uma atmosfera sufocante. O trecho cinematográfico no meio da faixa é uma aula de imersão, e o final melódico — quase fantasmagórico — é um dos pontos mais marcantes do álbum inteiro.
A faixa-título, “The Blue Nowhere”, é diferente de tudo: simples na estrutura, mas intensa no sentimento, introspectiva e melódica, como se fosse a síntese conceitual do álbum. Para encerrar, “Beautifully Human” eleva tudo a um nível épico, com orquestrações, corais e uma sensação de fechamento grandioso. É a banda no auge da emoção e da técnica.
The Blue Nowhere é simplesmente perfeito. Depois do brilhante Colors II, muitos se perguntavam se a banda conseguiria superar ou ao menos manter o nível — e a resposta está aqui, clara e imponente: sim, eles superaram. O álbum é uma experiência prazerosa do início ao fim, sem momentos maçantes, mesmo quando as faixas passam dos dez minutos. Tudo é dinâmico, bem estruturado e cheio de surpresas, o que faz o tempo voar durante a audição.
O Between the Buried and Me reafirma, mais uma vez, o que seus fãs já sabem: trata-se de uma das melhores bandas de Metal Progressivo da atualidade, e com The Blue Nowhere, eles continuam explorando territórios ousados, sem jamais perder a identidade. Um disco para ouvir, reouvir e se perder dentro dele — como num hotel infinito, cheio de portas misteriosas.
Tracklist:
01. Things We Tell Ourselves in the Dark
02. God Terror
03. Absent Thereafter
04. Pause
05. Door #3
06. Mirador Uncoil
07. Psychomanteum
08. Slow Paranoia
09. The Blue Nowhere
10. Beautifully Human