Nos últimos 10 anos, o Behemoth explodiu, galgando posições e se consolidando como um gigante do Metal Extremo. Essa ascensão meteórica se deve à fome insaciável da banda em romper as barreiras do underground, deixando para trás anos no escalão intermediário. Hoje, o grupo polonês ocupa, sem dúvida, o topo do Black Metal. Desde “The Satanist” (2014), o Behemoth encontrou a fórmula do sucesso e mantém o nível altíssimo a cada lançamento. “The Shit Ov God” chega para provar que sua competência continua inquestionável, com lançamento pela Nuclear Blast/Shinigami Records no Brasil no dia 9 de maio. Prepare-se para essa pedrada!
Com toda a sua acidez blasfêmia, a qual ascendeu os holofotes para a banda, sua musicalidade está cada vez mais sofistica, com instrumentais ricos em detalhes, com adição de harmonias melódicas, corais sinistros que acompanham os vocais cheios de raiva de Nergal, com os riffs sólidos e bateria insana que são os condutores de toda a fúria e agressividade.
O início com “The Shadow Elite” deixa bem claro o caminho escolhido na questão da sonoridade, que não se distancia do que a banda tem feito pelo menos nos últimos três lançamentos.
A banda desafia a si mesma, colocando a prova sua capacidade de se reinventar. O desafio aparece logo na segunda faixa, “Sowing Salt“, a qual apresenta mudanças no andamento, com adição de passagens mais cadenciadas que contrastam perfeitamente com a velocidade imposta pela bateria de Inferno. Provocando a igreja católica, seu ponto principal nas letras, a faixa-título chega com uma das letras mais provocativas de Nergal, dizendo: “Eat my flesh, drink my blood / I am the shit ov God“. Musicalmente a faixa apresenta um andamento mais moderado, com pontuais aceleradas, com destaque para impecáveis viradas na bateria.
“Lvciferaeon” volta a acelerar as coisas, com os bumbos metralhando seus ouvidos somados aos blast beats insanos. Um clima mais tenso toma conta dos riffs, que nos levam a um refrão mais marcante. A faixa é menos progressiva, mas conta com alguns momentos mais melódicos, principalmente no solo de guitarra, que capta um feeling absurdo. “To Drown The Svn In Wine” mais uma vez critica a religião logo em seu título, fazendo alusão ao ato de tomar o vinho oferecido pela igreja para “diminuir” seus pecados. Musicalmente apresenta um andamento bastante intenso e que empolga o ouvinte com ótimos momentos no refrão e principalmente na ponte. Com certeza uma das três melhores composições do álbum
Outra faixa na qual a banda parece tentar dar um passinho além é “Nomen Barbarvm“. Sua composição apresenta riffs pesados acompanhados por outros riffs mais agudos de fundo, dando uma harmonia interessante. Nergal urra de forma impecável e consegue expressar toda a sua raiva em sua performance. Sua ponte tem uma quebra de ritmo muito bem encaixada e a faixa acaba se tornando grandiosa em sua reta final. “O, Venvs Come!” mantém o clima de grandiosidade, com um instrumental denso, com uma guitarra mais cadenciada liderando a melodia. O andamento médio deixa tudo com mais apelo ao épico e a adição pontual de corais acompanhando a voz principal enriquece muito a audição. Note a mudança de andamento após a metade da faixa, deixando um tom progressivo, ainda mais com as orquestrações. Uma das melhores composições da história da banda,
A faixa derradeira é “Avgvr (The Dread Vvltvre)“, uma composição extremamente pesada, com um show da bateria de Inferno. Um vocal feminino adiciona uma harmonia fantasmagórica junto ao raivoso Nergal. Os riffs são pesados, mas cadenciados, o que dá um contraste interessante no andamento da composição, parecendo um ir contra o outro, mas funciona bem. Seu final inspira grandiosidade, com uma passagem acústica que encerra de forma brilhante a audição.
A produção feita pelo sempre competente Jens Bogren é limpa e você consegue identificar todos os elementos, desde a distorção das guitarras, o peso dos bumbos e até as harmonias orquestradas que enriquecem o som, algo incomum em bandas do estilo, mas que se tornou corriqueiro no Behemoth, inclusive, sendo uma das maiores críticas dos fãs mais puristas, de que “perderam suas raízes”, uma baita bobagem, diga-se de passagem. O que não podemos negar é que a banda vem cada vez mais tentando expandir seus horizontes, encorpando suas músicas com elementos nada tradicionais do Black Metal, sempre com sua atitude blasfémica e isso é ótimo para nós, pois o som fica mais acessível, polido e grandioso.
Esse é com certeza um dos melhores lançamentos do ano e ficará na playlist por um bom tempo. É difícil dizer se esse álbum é melhore que os anteriores, talvez as próximas semanas responderão isso, mas o legal é que o Behemoth manteve o nível lá em cima e isso é algo que parece ser regra daqui pra frente para Nergal e companhia.
Tracklist:
01. The Shadow Elite
02. Sowing Salt
03. The Shit Ov God
04. Lvciferaeon
05. To Drown The Svn In Wine
06. Nomen Barbarvm
07. O Venvs, Come!
08. Avgvr (The Dread Vvltvre)
Formação:
Adam ‘Nergal’ Darski – Vocal, Guitarra
Zbigniew ‘Inferno’ Promiński – Bateria, Percussão
Tomasz ‘Orion’ Wróblewski – Baixo, Backing Vocals
Músico adicional:
Patryk ‘Seth’ Sztyber – Guitarra, Backing Vocals