Resenhas

The Sound of Inevitability

Gus Defelice

Avaliação

9.5

Diretamente da Itália, o multi-instrumentista Gus DeFelice – que já apresentamos por aqui em outra ocasião (veja as matérias aqui) – não está aqui pra entreter com riffs genéricos ou firula técnica vazia. The Sound of Inevitability é um disco conceitual que soa como um soco filosófico dado com luva de aço distorcido. Sete faixas que atravessam a inevitabilidade da vida com peso, melodia e um senso de urgência que parece feito sob medida pra quem ainda acredita que música instrumental .

Gus já havia dado pistas do que vinha aí com os singles “Black Cloud” (uma avalanche de guitarras carregadas com groove de death metal melódico) e “Starlight” (uma das peças mais sensíveis – mas ainda brutais do disco). Mas ouvir o álbum completo é outra coisa. “It’s Coming!” abre com uma tensão crescente que entrega tudo de cara, e já deixa claro que o som vai muito além de uma parede de distorção. A faixa cresce como uma tormenta silenciosa – até que explode num clima meio blackened, meio prog, que define a estética do álbum.

“Luring Depths” mergulha no lado mais introspectivo e técnico de Gus. As camadas de guitarras falam entre si, e mesmo sem palavras, o sentimento de descida, de afogamento, é claro. Já “7” vem com aquele clima “Meshuggah meets In Flames”, mas sem perder a alma. É matemática emocional, se é que isso faz sentido (faz sim, depois de ouvir você entende).

“Black Cloud” reafirma a veia mais pesada do projeto, enquanto “Starlight” entra como respiro: limpa o céu com ambiências suaves, delay cristalino e uma composição que parece trilha de um final de filme que te deixa pensando na vida. “Unconditional” mistura melodia triste e riffs que abraçam e apertam ao mesmo tempo, até que “Desert Dunes” encerra com uma sensação de desfecho cósmico — o tipo de faixa que você ouve e imagina areia se movendo em câmera lenta, enquanto o tempo engole tudo.

Se você curte Mick Gordon, Opeth fase instrumental, Gus DeFelice pode ser seu novo vício. The Sound of Inevitability é puro peso e sentimento — é uma experiência. Um lembrete sonoro de que até a inevitabilidade pode soar bonita, se tocada com a alma certa.