Resenhas

Tilt

Underdose

Avaliação

9.5

Se você ainda não ouviu falar de Underdose, chegou a hora de se atualizar. Oriunda de Bratislava, Eslováquia, a banda vem conquistando fãs com sua mistura única de sludge, post-metal, stoner rock e pitadas de grunge. ‘Tilt’ é o primeiro álbum de estúdio, após três discos ao vivo, e já promete ser um marco na cena alternativa.

A estética sonora da banda é um verdadeiro banquete para os ouvidos. Com uma produção que sabe balancear o etéreo e o cru, o álbum nos leva por uma viagem sonora onde o sludge encontra o post-metal, com flertes ocasionais com o grunge. As guitarras criam uma muralha de som que tanto pode ser suave quanto penetrante, enquanto a base rítmica de baixo e bateria mantém tudo no trilho, alternando entre momentos introspectivos e explosões catárticas.

O álbum abre com “Intrinsic Scope”, que já mergulha num mar de reverb e ambiência etérea, com um prelúdio perfeito, seguido por uma explosão de vocais agressivos e melódicos, trazendo uma certa influência do doom metal. Seguindo, “Swansong” traz um som mais encorpado, onde o baixo grave e distorcido brilha na introdução e a guitarra assume um tom mais pesado do metal, embora nunca perdendo a aura sombria. Os vocais mais guturais trazem à tona o death metal, com tons de post metal.

“Fake Eyelashes ” mantém a fórmula da primeira, mas com uma pegada mais introspectiva, deixando o grunge mais intenso. Com batidas secas e precisas que contrastam com a guitarra etérea, lembrando muito os clássicos grunge dos anos 90, em especial Alice in Chains e Stone Temple Pilots. Os vocais melódicos logo ganham a agressividade do gutural, deixando a faixa mais intensa – essa é minha faixa preferida. Já “Serendipity” é uma faixa de bateria mais enérgica e groovada, por vezes, a faixa se aproxima do garage indie mais “ refelexivo” com suas melodias sombrias e uma linha de baixo lineares e pulsante. Um destaque interessante no disco são os vocais, que consegue transmitir a leveza e o caos, tudo sintetizado com sua voz sussurrante e cheia de expressão. O vocal brilha em cada faixa deste disco.

Voltando, temos “HumAnimals”, faixa que retorna pro post metal lisérgico, com guitarras sujas, dedilhadas e molhadas e uma bateria simples e linear, aqui a sonoridade é muito técnica e criativa, sendo a faixa de maior duração do álbum, merece ser ouvida com muita atenção, pois a cada audição, percebemos influências diferentes e raras. Em seguida, “Senseless Blackness” não perde intensidade, apesar de ser uma faixa mais lenta, é uma canção onde a melodia encontra um propósito e tom sombrios, uma verdadeira joia para os fãs de doom e post metal – posso dizer com certeza que “Senseless Blackness” é a faixa mais emblemática do álbum – um momento sorridente e reflexivo, quase progressivo.

“Impending” encerra nossa jornada com chave de ouro, voltando com o tom denso e pesado, sombrio e lúgubre, onde a banda explora texturas sonoras  melancólicas e lentas. Tudo isso dura 2 minutos e meio, deixando o ouvinte com uma sensação de catarse. A faixa toma forma do reflexivo proposto – uma forma totalmente digna de encerrar uma obra tão bem composta.

‘Tilt’ é uma obra que não se encaixa facilmente em um único gênero, mas isso só contribui para a sua beleza. Underdose prova que é possível criar algo novo e emocionante ao fundir influências variadas de maneira coesa e original. Se você ainda não ouviu, não perca tempo; esse álbum é uma verdadeira joia do underground.