Resenhas

Ultriz

Afronta e Eskröta

Avaliação

8.5

Em tempos como este que estamos vivendo, é importante dar voz ás bandas femininas e divulgar seu trabalho, e hoje temos o split “ULTRIZ” que foi lançado em Agosto, trazendo às letras antifascistas e feministas de duas das bandas mais proeminentes do circuito alternativo. O trabalho saiu em CD envelope (fabricado pela Kyrios) e compacto 7″ (fabricado pela Vinil Brasil) e foi lançado pelo coletivo de selos: Helena Discos, Horrortomia Records, Transviada Distra, Vertigem Discos, Electric Funeral Records,Coletivo Girls To The Front, Fabio Mozine, Two Beers or not Two Beers Records, Carniça Distro,Crise produções – CRISE e HC80.

Afronta é uma banda de crust/hardcore, que mostram nas letras que o feminismo, ações antifascistas e educação são o impulso para transformação. E elas abrem a audição do split, com uma abordagem não seria diferente da ideologia da banda. A música “Operação tarântula” traz um assunto importante e o recado foi dado em apenas 47 segundos de som! Com um vocal mostrando ódio e desespero, o som fala da perseguição à travestis durante os anos 70 e 80 pela ditadura militar, que teve apoio da população. Acho que não precisamos explicar muito sobre este assunto e sobre nosso país que está entre os primeiros no ranking de mortes de pessoas LGBT. “Violada por Deus”, já mostra pelo nome que é um tema polêmico e necessário. Com muita velocidade no som, fala sobre estupro através da história sobre a concepção de Jesus no ventre da virgem Maria, um som que contesta o cristianismo e a igreja que sempre perseguiu e explorou mulheres.

Eskröta é uma banda de thrash/crossover, que aborda em suas composições o empoderamento feminino, problemas sociais e controvérsias religiosas. Neste split elas trazem as músicas “Burn the Poor”, com uma pegada bem thrash metal, com riffs pesados e bateria frenética, abordando sobre as investidas governamentais que massacram o povo de classe mais baixa, frente a minoria elitista que lucra cada vez mais, mostrando a desigualdade que está cada vez mais escancarada no país. E também a música “Playbosta”, onde senti uma pegada mais punk rock e uma letra bem trabalhada, expondo o comportamento de homens privilegiados financeiramente que perpetuam o machismo e o facismo, propagado a falácia da meritocracia e desrespeitando tudo ao seu redor com seu egoísmo. Esta faixa é daquelas onde o refrão pega, e me fez querer entrar no mosh, aliás, iremos fazer isto no show que as meninas do Eskröta irão apresenta na edição do Kool Metal Fest 2019 que acontecerá em novembro.

Muitas bandas tem se posicionado e denunciado a atual situação do país, e além disso, esse material traz aquele som puro e cru. O verdadeiro thrash metal, com uma pitada de Punk e Hardcore. E o melhor, feito somente por mulheres, que cada vez mais mostram sua força nesse canário que sempre foi dominado por homens.

​Faixas:

  1. Operação tarântula (Afronta)
  2. Violada por Deus (Afronta)
  3. Burn the Poor (Eskröta)
  4. Playbosta (Eskröta)