Resenhas

Venomous

Tribus

Avaliação

9.0

Esmero técnico, sensibilidade melódica, modernidades composicionais e uma muito bem-vinda dose de brasilidade, são essas as principais características e as maiores qualidades de “Tribus” — o novo “extend play” do quinteto paulista de Melodic Death Metal, Venomous.

Esteticamente atraente e musicalmente primoroso —, o ep sucede os belíssimos: “Defiant” (2018) e “The Black Embrace” (2019); os dois trabalhos completos já lançados até então — e que são responsáveis por forjar a identidade da banda: eclética e poligonal. Identidade essa que evolui em comunhão com uma práxis musical elástica, aberta às sonoridades distintas e sem medo de experimentar dos mais diversos ambientes metálicos.

“Tribus” vem embalado numa arte repleta de simbolismos e alegorias creditadas à Ricardo Bancalero, enquanto seus acabamentos de estúdio: mixagem e masterização, são assinados por Rogerio Wecko. Quanto à produção, a mesma foi concebida pela própria banda junto ao já citado Wecko, que também foi o responsável pelos trabalhos anteriores. Aliás, é válido dar atenção ao trabalho de Rogerio Wecko, já que é dele a produção do avassalador “Cycle Of Disaster”, terceiro álbum do Válvera lançado ano passado.

Voltando ao conteúdo do “Tribus” — “Eerie Land” abre os portais para toda riqueza musical e técnica que a banda possui, com elementos regionalistas, fraseados melódicos sofisticados e mudanças de andamento sabiamente planejadas. Citar desempenhos individuais seria um demérito aos outros músicos, visto o entrosamento que é demonstrado em toda faixa, mas cito o desenvolver das teclas de Felipe Abbamonte, seja criando contornos ou preenchimentos na composição; outro destaque é a matemática das linhas de bateria de Lucas Prado — suas viradas, o uso dos tons e pedais são fundamentais não apenas na faixa em questão, mas em toda a identidade do Venomous.

“Trinity” e “Duality” são faixas extraídas e devidamente atualizadas dos já citados trabalhos: “Defiant” e “The Black Embrace”, porém aqui, ambas receberam um polimento objetivado nas guitarras, que soam mais nítidas e proeminentes; seja nos riffs ou solos. “Unity” é a peça final de “Tribus” — uma faixa que não foge ao mecanismo do ep; vigorosa, metódica e com doses extras de feeling.

Venomous é mais uma grata surpresa oriunda do Undergound nacional, que continua bem e prolífero como sempre foi. Uma banda altamente técnica, afiada, coesa e o mais importante, sem medo de experimentar e sem preconceitos quanto à cultura musical de seu próprio país. Talvez seja essa a sua maior qualidade, a coragem de traduzir em riffs, solos e melodias toda a diversidade que faz desse cansado Brasil um lugar único. “Tribus” é um aperitivo, um senhor aperitivo, diga-se de passagem e que prenuncia um novo e completo álbum, quiçá um novo clássico, capacidade e sagacidade o Venomous tem.

Faixas:
1. Eerie Land
2. Trinity
3. Duality
4. Unity

Formação:
Tigas Pereira (Vocal)
Ivan Landgraf (Guitara)
Gui Calegari (Guitara)
Renato Castro (Baixo)
Lucas Prado (Bateria)
Felipe Abbamonte (Piano e Teclados)