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Uada na Jai Club, uma celebração do metal extremo

Uada na Jai Club, uma celebração do metal extremo

8 de outubro de 2023


Na última quinta-feira (05), o Jai Club foi palco de uma celebração ao metal extremo. Em turnê organizada pela Xaninho Discos, o Uada retornou ao Brasil para quatro shows, ainda passando pela Argentina, Chile e Colômbia. Na capital paulista, os americanos contaram com as bandas Funeral Putrid, Evilcult e Vazio. Apesar da chuva e das malucas variações de tempo que vem ocorrendo, o público se fez presente em uma noite muito bem organizada, com shows pontuais e excelentes apresentações.

Funeral Putrid, banda de Osasco nascida em 1994 com influências de Death e Black Metal, foi a responsável por abrir a noite. Subindo no palco às 18:30, o horário talvez tenha dificultado o público a estar em um número maior na apresentação, o que não fez com que o show perdesse sua qualidade. O grupo, que tem duas demos divulgadas, trouxe em sua setlist músicas como “The Wind”, “Eternal Batlle”, “Lost in Darkness” e a excelente “Near of Darkness”. No palco, a banda faz um som cru, direto, e de uma excelente qualidade que foi elogiada por todos que estavam presentes. A apresentação ideal para abrir a noite.

Em seguida, foi a vez do Evilcult invadir o palco. Talvez a mais diferente entre as que se apresentariam naquela noite, os sulistas fazem um som oitentista clássico, misturando Speed Metal com gêneros mais extremos e um vocal gutural. É inegável que a banda vem conquistando um espaço dentro da cena e, nessa noite, divulgaram seu último disco, “The Devil is Always Looking for Souls”, lançado neste ano. A performance animada dos músicos fez com que o show fosse o mais divertido do evento. Músicas como “Noturnall Dark”, a já clássica “The Witch” e a faixa título do novo álbum fizeram parte da apresentação. Um dos destaques talvez fosse o baixo Rickenbacker usado por Renato Speedwolf (ex Jackdevil), músico que entrou em 2021 para a banda. O instrumento eternizado por Lemmy Kilmister sempre chama a atenção de todos, visual e sonoramente. O único defeito da apresentação foi o tempo, pois todos queriam ver mais da banda.

Um dos principais nomes do Black Metal atual, o Vazio entrou no palco com a casa praticamente cheia. Os paulistanos, hoje, possuem um grande destaque na cena nacional, sendo um dos shows mais esperados da noite. A apresentação contou com músicas de toda a carreira da banda, como “Nascido do Fogo”, “Besta Interior”, “Elementais da Matéria Escura”, “Necrocosmos” e “Eterno Vazio”. Era visível como a banda se entrega no palco, fazendo a performance encher os olhos dos espectadores. O guitarrista Eric Nefus chegou a arrebentar uma das cordas da guitarra durante “Nascido do Fogo” e ali continuou tocando, entregando uma excelente apresentação. Antes do início, um amigo me disse para observar Renato RG (guitarra e vocal) durante o show, pois parecia que ele se transformava no palco, o que apenas se confirmou quando tudo começou. Renato entrega uma performance incrível. Enquanto toca e canta, ele revira os olhos, parecendo que está sendo possuído, o que torna tudo muito mais interessante de assistir. Um show incrível, potente e que justifica perfeitamente o espaço que a banda conquista a cada dia.

Depois de sua vinda em 2019 para o “Setembro Negro”, era a vez do Uada começar sua turnê latino americana. O grupo, mesmo na hora de passar o som, já subiu ao palco com os panos pretos que escondem os seus rostos. Não demorou para que a apresentação começasse e levasse o Jai Club abaixo. Na frente do palco, fãs mais ávidos cantavam e batiam cabeça com o Black Metal extremamente bem feito (e muito bem executado) dos americanos. No fundo, porém, parte do público conversava enquanto acompanhava o show, sem contar que o som, infelizmente, não chegava no fundo da casa com a mesma qualidade, o que era uma pena. Ainda assim, a banda tocou por volta de uma hora, emendando sons um no outro sem pausa. “The Purging Fire”, “Snakes & Vultures”, “Djinn” e “The Dark (Winter)” foram algumas que fizeram parte da excelente apresentação dos americanos, com destaque maior para “Cult of Dying Sun”, que levou os presentes a loucura, cantando o riff de abertura junto da banda à plenos pulmões. Uma aula de Black Metal da melhor qualidade.

A noite de quinta-feira encerrou com um saldo muito positivo. Organização excelente, shows pontuais e apresentações com nível de qualidade altíssimos. É muito interessante vermos bandas brasileiras que vêm conquistando cada vez mais respeito e fazendo performances com muita qualidade junto com artistas internacionais de renomes que trazem propostas interessantes ao palco. Um prato cheio aos fãs de black metal. A quantidade enorme de eventos que vem acontecendo no país, em especial na capital paulista, não impediu que o público comparecesse, o que mostra, também, a lealdade com a cena. Vivemos em um excelente momento do metal extremo no país.

Galeria do show