Crédito das fotos: Tamires Lopes/Headbangers News

Depois de quatro anos, a primeira noite de Outubro recebeu no Carioca Club, em Pinheiros, o retorno do Haken. Nome do progressivo que vem se consolidando a cada novo lançamento, essa foi a segunda vez da banda do Brasil, desta vez também contando com um show em Curitiba na noite anterior para divulgar seu novo disco “Fauna”. Tecnicamente, essa foi a terceira passagem de parte da banda pelo país, já que o Haken serviu como “banda base” para o projeto “Shattered Fortress” de Mike Portnoy quando este tocava apenas músicas do Dream Theater, acompanhado também do guitarrista Eric Gillette.

Os fãs de progressivo costumam ser fiéis e nesse show não foi diferente. A casa estava praticamente cheia quando, pontualmente, às 19:30, as cortinas se abriram, apresentando o belo fundo do palco inspirado na capa de “Fauna”, lançado no ano passado. Junto com o ambiente florido inspirado pela capa do álbum, a banda complementava visualmente com todos os integrantes usando camisas floridas, deixando tudo ainda mais agradável visualmente. E assim, “Taurus”, faixa de abertura desse disco, deu início a poderosa apresentação. O som estava um pouco baixo, em especial o teclado de Peter Jones, membro da banda que esteve logo no começo por um breve período e retornou ao grupo no ano passado, mas isso foi corrigido ainda no começo da apresentação. O vocalista Ross Jennings esbanjava carisma, andando e interagindo com outros membros, porém, esse papel ficava apenas com ele. Apesar dos outros componentes interagirem com o público, cada um fazia isso de sua devida posição no palco.

O show teve sequência com “In Memorian”, faixa do disco “The Mountain” que completa 10 anos esse ano, sendo talvez um dos lançamentos mais importantes dos ingleses. “Sempiternal Beings”, também do último álbum, deu sequência a apresentação, sendo seguida pela excelente “Cockroach King”, também de “The Mountain”. Nessa música ficou claro o apoio vocal que Ross recebe de Peter, Ray Hearne (bateria) e Conner Green (baixo). Os três músicos cumprem a função de backing vocal com maestria, sendo um ponto a destacar do show. “The Architect”, faixa do disco Affinity que conta, originalmente, com a participação de Einar Solberg (Leprous), teve sua parte de gutural brilhantemente executada por Ross. Depois de dizer que os fãs latino-americanos são os melhores do mundo, voltaram ao “Fauna”. “Lovebite” foi muito bem recebida pelo público que, por sinal, fez um papel incrível durante todo o show. Os fãs presentes no Carioca Club interagiam com a banda a todo momento, seja gritando o nome do grupo entre uma música e outra ou com os famosos “hey, hey, hey” durante as músicas. Era muito interessante ver como os fãs estavam animados com a celebração do metal progressivo que acontecia naquele momento.

“Prosthetic” e “Invasion”, ambas do disco “Virus” de 2020, continuaram a excelente apresentação antes de “Pareidolia”, outra faixa do “The Mountain”. Toda a apresentação foi tecnicamente perfeita, com tudo muito bem executado por todos. Os guitarristas Richard “Hen” Henshall e Charles Griffiths, ao tocar os riffs e solos, os faziam de uma forma que até parecia fácil.. A tranquilidade de ambos no palco enquanto tocavam era divertida de assistir. A excelente “Elephants Never Forget”, também do último álbum, animou bastante o público que recebeu com ainda mais entusiasmo “Celestial Elixir”, faixa do primeiro disco da banda, “Aquarius”, de 2010. Nessa faixa, as influências de Dream Theater que eles traziam no início da carreira eram evidentes. Inclusive, era possível ver muitas camisetas do gigante do prog metal entre os presentes. Hoje em dia, o Haken conseguiu se desvencilhar dessa alcunha que recebiam de apenas “copiar o Dream Theater”, possuindo um som com muito mais identidade. Depois da saída da banda do palco, os gritos de “Olé, Olé, Olé, Haken, Haken” invocavam o sexteto para o bis. Com os barulhos de chuva de “Because It’s There”, os ingleses entraram para executar as cinco partes da grandiosa “Messiah Complex”, faixa do disco “Virus”, sendo um dos pontos altos do show que acabou depois de quase duas horas de duração. A longa e complexa música explica o porquê do Haken ser, hoje em dia, uma das bandas mais queridas da cena atual do metal progressivo.

Ficou mais do que claro aos que compareceram na noite de domingo que o Haken possui uma sólida base de fãs no país. Pra mim, esse show entra em uma seleta lista de concertos que a energia emanada pelo público torna o espetáculo ainda mais caloroso e divertido. No palco, a técnica apresentada pelo grupo é de encher os olhos, do jeito que o fã de progressivo gosta. Músicos excelentes que compõe boas canções que permite a quem assiste se emocionar e bater cabeça ao mesmo tempo. Longe da sombra de ser uma cópia de Dream Theater, a banda mostrou sua identidade em um show de muita qualidade e ainda com o desejo dos fãs de um retorno em um futuro próximo.

Setlist:

1 – Taurus

2 – In Memorian

3 – Sempiternal Beings

4 – Cockroach King

5 – The Architect

6 – Lovebite

7 – Prosthetic

8 – Invasion

9 – Pareidolia

10 – Elephants Never Forget

11 – Celestial Elixir

12 – Messiah Complex I: Ivory Tower

13 – Messiah Complex II: A Glutton for Punishment

14 – Messiah Complex III: Marigold

15 – Messiah Complex IV: The Sect

16 – Messiah Complex V: Ectobius Rex

Galeria do show