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Project 46 estremece o Rio de Janeiro para poucas testemunhas

Project 46 estremece o Rio de Janeiro para poucas testemunhas

6 de outubro de 2023


Crédito das fotos: Ian Dias

No primeiro dia de outubro, o Rio de Janeiro foi palco do 46Fest, um evento liderado pela banda Project 46. O local escolhido desta vez foi o icônico Imperator, no bairro Méier, na zona norte da capital fluminense, de fácil acesso a partir de qualquer parte da cidade. Apesar de uma semana de calor insuportável, o domingo foi marcado por chuva, algo que costuma manter os cariocas em casa. No entanto, este redator, que gosta de desafiar o mau tempo, enfrentou a chuva fina para trazer a você, caro leitor, o melhor do que aconteceu naquela noite.

O festival organizado pelo Project 46 é itinerante e várias cidades tiveram a oportunidade de acompanhar a turnê de despedida do guitarrista Jean Patton, que anunciou recentemente sua saída da banda. O Electric Mob e o Odeon estão acompanhando o quinteto em apresentações por todo o Brasil, e desta vez o Rio de Janeiro entrou no roteiro.

No início, o público era pequeno, com pouco mais de cem pessoas, o que é uma pena, mas infelizmente é uma cena comum em eventos de rock na cidade, que não é exatamente conhecida por ser um polo do gênero. A primeira banda a subir ao palco foi o Kryour, e apesar das boas músicas, o som estava excessivamente alto e distorcido, dificultando a compreensão das letras do vocalista. A apresentação foi enérgica, mas prejudicada pela má qualidade do som.

Às 18h30, o Electric Mob assumiu o palco, trazendo uma melhora significativa na qualidade do som. A banda apresentou músicas do seu último álbum, “2 Make U Cry & Dance”, além das do seu primeiro disco. Surpreendentemente, a banda soou ainda mais pesada ao vivo, mesmo sendo uma banda de hard rock. Isso não é surpreendente, já que eles têm feito sucesso, principalmente nos Estados Unidos, devido à sua apresentação profissional e carismática, liderada pelo vocalista Renan Zonta. Até mesmo uma pequena roda de mosh se formou no amplo espaço do Imperator. Foi uma apresentação impecável.

As trocas de equipamento no palco foram rápidas, mas houve uma grande diferença de qualidade entre as bandas. De músicas de Dio, como “Rainbow in the Dark”, a sons da Massacration, como “Metal is the Law”, a transição era brusca. Em seguida, o Hatefulmurder, que poderíamos chamar de o “Arch Enemy brasileiro” com um toque de metalcore, subiu ao palco. A vocalista Angélica Bastos lembrou que sua primeira apresentação com a banda, há oito anos, foi no Imperator. A qualidade do som estava boa, especialmente a bateria, que soava incrivelmente brutal, e a banda estava afiada. Foi uma ótima apresentação, faltando apenas mais público para corresponder à energia que eles entregaram.

Por volta das 20h, o Reckoning Hour subiu ao palco e a casa estava claramente mais cheia. Se no início havia apenas cem pessoas, agora eram mais de trezentas. A banda carioca trouxe sua mistura de gêneros, incluindo elementos de new metal, metalcore e blast beats, que enganam o ouvinte esperando uma virada para o death metal, combinando vocais guturais e limpos. Esse estilo pode não agradar a todos, mas é preciso reconhecer que eles são talentosos no que fazem. A reação do público foi morna, e uma pequena roda de mosh se formou, indicando que as pessoas estavam reservando energia para a atração principal. Mesmo assim, o Reckoning Hour entregou seu som pesado, com exceção das partes com vocais limpos que não foram tão bem recebidas.

O anticlímax continuou com a próxima banda, o Odeon, cuja sonoridade mistura new metal com elementos de Maroon 5, resultando em algo um tanto patético. A banda aumentou consideravelmente o volume dos instrumentos na tentativa de compensar, mas o som deles era estridente e vazio, sem peso, e os samplers eram irritantes. A interação com o público também foi limitada. Agora, todos aguardavam ansiosamente a apresentação do Project 46, mas o Electric Mob, que tinha se destacado com seu hard rock, já havia conquistado a segunda melhor apresentação da noite.

Antes das 22h, os membros do Project 46 subiram ao palco, e finalmente o Imperator se transformou em um pandemônio. Uma grande roda de mosh se formou enquanto a banda arrasava no palco. Apesar do som estar um pouco confuso, os integrantes compensaram com sua energia e peso, que eram impressionantes. A maioria das músicas funcionou bem ao vivo, fazendo com que a banda soasse como um rolo compressor descendo uma ladeira. Mesmo para quem não é fã do gênero, como este redator, foi impossível não reconhecer a excelência da apresentação ao vivo. O vocalista Caio MacBeserra interagiu bastante com o público, lembrando até mesmo o estilo de Phil Anselmo. Embora fosse bom que a banda interagisse, alguns momentos poderiam ter sido dedicados à música em vez de longos discursos.

Foi uma apresentação que deixou os fãs extasiados, e a única lamentação foi a presença limitada de público. O Rio de Janeiro tem potencial para encher casas de shows, mas quem esteve presente não se arrependeu.

 

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