Noite fria e chuvosa de uma quinta-feira atípica de primavera e o Rio de Janeiro recebeu os holandeses do The Gathering, que estão celebrando os seus 30 anos de existência, no último show da perna sul-americana desta tour. O local foi novamente o teatro Solar de Botafogo, uma casa acanhada, mas que proporciona uma apresentação intimista como a que vimos aqui neste 29 de setembro.

Não houve banda de abertura. O Revengin, banda previamente escalada para tal, acabou por cancelar sua participação e em suas redes sociais alegou “que sentiam muito por não poder fazer este show” e que o cancelamento se deu “por questões que fugiram ao controle”. Se ficamos sem conhecer o som do quinteto carioca, ao menos tínhamos a certeza de que o show terminaria cedo, o que de fato acabou ocorrendo.

Nossa equipe (redator e fotógrafa) chegou cedo ao local e após alguns rumores de que o show começaria às 21h, nós ficamos na parte de fora batendo um papo com os presentes. No entanto, a banda surpreendeu e subiu ao palco às 20h30, fazendo com que tivéssemos de correr e achar um lugar para acompanhar a apresentação e isso nos custou alguns segundos de “Stronger”, a música que abriu o set. Ao final desta, alguém da plateia mandou um “I love you”, no que a extremamente simpática vocalista Silje Wargeland respondeu “I love you too”, que arrancou risos dos presentes.

Após algumas músicas calmas, que incluíram a emocionante “Leaves”, o peso deu as caras com a maravilhosa e densa “Stranger Machines”, que levantou de vez a apresentação, segura por parte de todos os músicos, com especial destaque para o guitarrista René Rutten, que consegue um timbre de guitarra espetacular e também para a frontwoman Silje Wargeland. Como canta a moça, sem fazer qualquer esforço! Além de esbanjar simpatia, sempre brincando com o público e ao pegar uma bebida, perguntou como se dizia em português na hora de brindar. E quando aprendeu, mandou um “saúde”.

Na hora de executar “On Most Surfaces”, Silje convidou os fãs a cantar e eles o fizeram durante boa parte da canção. Ao final, a moça pediu desculpas por quaisquer erros cometidos e explicou que era a última apresentação da banda por aqui e que estava cansada, ao que o público respondeu de forma efusiva, ovacionando e claro, compreendendo, afinal, eles são seres humanos como qualquer um de nós. A banda continuou com  “Saturnine”, para depois encerrar a primeira parte do set, com “Sand & Mercury”.

Para o encore, o baterista Hans Rutten retornou e assumiu o microfone. Bem humorado, ele apresentou os músicos, que voltaram para tocar “Weightless”, “Great Ocean Road” e “I Can See Four Miles”. Em cerca de uma hora e meia de show, o quinteto apresentou um setlist que privilegiou “Beautiful Distortion”, o mais recente álbum. Eles lembraram de outras fases da banda, porém, as músicas dos dois primeiros álbuns ficaram de fora.

O público pequeno, é bem verdade, porém fiel demonstrando toda devoção para com a banda, que por sua vez teve uma performance que beirou a perfeição. A música do The Gathering, com seu clima denso e atmosférico na maior parte do tempo, com alguns momentos de peso, não é para se bater cabeça e sim para se sentir. E essa experiência, eles proporcionaram com êxito. O The Gathering mostrou aos presentes o significado da palavra “show”. Nem parecia que estávamos em um concerto de Metal. É o tipo de música que faz o ouvinte relaxar durante a audição. E assim que o público fluminense se sentiu após o término. Que venham mais shows como esse. Público a cidade tem. E a Be Magic, produtora que têm trazido alguns nomes para o Rio, acredita na cena. Nós também.

* Fotos da galeria: Daniela Barros/Headbangers News

Galeria de Fotos

Setlist:
Stronger
In Colour
Leaves
Strange Machines
We Rise
Probably Built in the Fifties
Pulse of Life
Heroes for Ghosts
On Most Surfaces (Inuït)
Saturnine
Sand & Mercury

Encore:
Weightless
Great Ocean Road
I Can See Four Miles

Solar de Botafogo

R. Gen. Polidoro, 180 - Botafogo