Entrevistas

Daga: “Não temos medo de usar elementos e linhas vocais fora do rock para criar uma identidade própria”

Daga: “Não temos medo de usar elementos e linhas vocais fora do rock para criar uma identidade própria”

29 de outubro de 2021


Alessandro

Wesley Carlos

Alessandro "Bob" Bernard (vocalista) e Gui Perucci (baixista)

Paulistana de berço, a banda autoral DAGA nasceu em meados de 2020 com os contornos da força e da união que a música traz. Com essa projeção inicial, a banda segue construindo seu nome na cena do metal nacional, onde contam com várias composições – algumas já apresentadas ao público.

Para contar mais detalhes sobre o projeto, os fundadores Alessandro “Bob” Bernard (vocalista) e Gui Perucci (baixista) concederam uma entrevista ao Headbangers News, onde também falam sobre influências, planos para o futuro e o lançamento do próximo single, que chega junto com um videoclipe, neste Halloween, dia 31 de outubro.

O projeto DAGA (fundado em meados de 2020) é relativamente novo no cenário nacional, mas já atingiu uma boa visibilidade. Em primeiro lugar, qual é a origem ou significado do nome do grupo?

Bob: Por mais que o pessoal geralmente pense que tem algo com o Adriano Daga do Malta, o nome surgiu pela originalidade de pegar as iniciais de cada integrante envolvido na banda. E por ser um nome curto, fica mais fácil das pessoas decorarem. MAS principalmente, a gente deixou as músicas construírem o valor do nome.

Agora, falem um pouco sobre como a banda começou.

Gui Perucci: O DAGA surgiu literalmente numa conversa de Whatsapp entre eu e o Bob, logo no início de toda essa loucura de pandemia. A gente vinha conversando sobre as bandas e os shows que estavam acontecendo antes de toda a paralização, e eis que ele faz a proposta indecente de montarmos uma banda. Apenas respondi: ‘espera só um segundo’, que foi o tempo de chamar o André para o projeto e ele topar na hora. Quando respondo pro Bob que o André queria participar também, na hora já veio aquele famoso “Match”.

Bob: Foi a necessidade de unir um time para fazer um som bem diferente do que fazíamos. Já que praticamente cada um aqui tem uma banda que fazia parte da nossa pequena bolha dentro da cena. Eu tenho o Balsâmik, o Gui o Karmaise, o André tem um ótimo trampo solo. Com essa união a gente foi curtindo as composições e ideais, matamos o plano inicial e estamos seguindo com o projeto.

A banda diz que desenvolve experiências musicais, visuais e comunicativas. Explique mais sobre esses conceitos. São diferenciais da banda para conquistar o público?

Bob: Nem encararia isso como o diferencial proposital para conquista de público, mas sim uma forma um pouco mais fora da caixa para expressarmos alguns temas de uma forma que a gente se sinta bem, sem ter um rótulo pré-estabelecido. Apenas pelo feeling das músicas, focado nas execuções ao vivo.

Gui Perucci: E em tudo o que fazemos, nós nos entregamos de corpo e alma, pois queremos transmitir, da forma mais transparente, o sentimento que cada som nos traz. Então literalmente, seja em clipe, show ou composição, damos tudo de nós. 101%!

DAGA já lançou algumas músicas – duas já estão nas plataformas de streaming. Como tem sido a recepção do público?

Bob: Foi uma surpresa geral. Tanto para a galera que já acompanhava os nossos trabalhos, nas nossas respectivas bandas e projetos, como pra gente também, pela vibe criativa e produtiva que a banda começou a adquirir.

Gui Perucci: De certa forma conseguimos corresponder a alta expectativa que muitos colocaram em cima da banda, por se tratar de um grupo onde todos os membros já vinham de bandas que tinham uma boa aceitação dentro do nicho musical e do cenário de bandas do “underground paulista”.

De cara, percebemos que vocês estão focados em um som voltando para um metal mais moderno. Quando ouvi o single de estreia “Fever” e o segundo lançamento “New Levels, New Devils”, senti uma forte influência de bandas new metal e metalcore. É até difícil de rotulá-los, mas gostaria que você definisse qual linha o grupo segue ou quer seguir. Como podemos resumir seu trabalho para os fãs?

Bob: Olha, deve ter um pouco de tudo em todos os nossos sons. A gente acaba agregando tanto sons que a gente curte e sempre acaba sendo diferente um do outro. Gui, você consegue falar mais sobre isso?

Gui Perucci: Temos as mais variadas influências dentro da banda, e o new metal com certeza está elencada entre as principais. Em um “resumão”, DAGA é uma banda de metal moderno que não se prende a subgêneros do metal, e que não tem medo de usar elementos e linhas vocais de fora até mesmo do rock, pra criar uma identidade própria.

É possível perceber que vocês estão focados em um som mais técnico. Imagino que as influências musicais dos integrantes são as mais diversas possíveis. Essas influências estão, de alguma forma, na sonoridade da banda?

Bob: Com certeza. E vem de todo mundo. Eu as vezes escuto outras coisas para trazer uma certa diferença nos vocais, então escuto algumas coisas de R&B, alguns estilos em outras vertentes… Até de outros seguimentos, como filmes, documentários, livros… Então, a gente acaba juntando também.

Gui Perucci: Talvez. Nossa maior virtude seja exatamente essa mistura de influências que fazemos, onde colocamos nitidamente nossas influências de dentro do metal somadas com as influências de fora do rock. A “New Levels New Devils” consegue transmitir exatamente isso, indo do “djent” do Meshuggah ao eletrônico-pop do Daft Punk. O que explica o riff principal da música com a palhetadas cravadas, aliadas aos sintetizadores que recriam (em 8 bits) o mesmo riff.

Wesley Carlos

Falando em influências, como é o processo de composição?

Bob: Sobre esse assunto, não é porque é o guitarrista da banda, mas o André Perucci é um dos caras do role, senão o único cara que eu conheço de fato, que tem umas ideias bem diferentes e versáteis que raramente se vê por aí. Então geralmente ele vem com grande parte das músicas e melodias prontas, que se deixasse a gente gravaria todas. E toda vez que ele mostra um som novo, aquela empolgação de escrever cada uma delas. E a gente tem a nossa “Dagaverna”, o qual a gente chega e acaba gravando tudo por lá. Foi uma das facilidades que o home estúdio nos trouxe.

A banda irá estrear um novo single no Halloween, certo? Podem contar mais sobre esse lançamento?

Bob: Claro! Tudo começou com a ideia do André de fazer um som especial para o Halloween e a gente desenvolveu tudo, se eu não me engano, em 3 dias: Composição, gravação e mix. “Moonwalker” traz um pouco esse mundo desses personagens tradicionais da cultura pop do terror. A questão de uns clichês de situações dos filmes e de quebra homenagear um dos caras mais geniais que a banda inteira gosta, que é o Michael Jackson e sua obra ‘Thriller’.

Gui Perucci: Literalmente conseguimos fazer esse som (do zero) em 3 a 4 dias, uma música que não deve em nada para as demais músicas que já apresentamos ao público. Setor de criação da banda trabalhou a mil pra finalizarmos esse som a tempo de soltarmos no Halloween, data que não podia passar em branco. E deixamos alguns “easter eggs” pela música, uns bem “na cara” e outros mais “escondidos”, vamos ver se a galera consegue encontra-los.

A banda é formada por músicos “velhos de estrada”. Como vocês enxergam a atual cena do rock e metal no Brasil? Há um comparativo entre os últimos anos?

Bob: Eu voltei a acompanhar um pouco as bandas emergentes faz uns 4 anos e eu já tinha a mesma percepção antes de trabalhar com a galera do Autoral Brasil: O que tem de banda boa de rock no Brasil, ainda mais agora com a facilidade dessa interação, é fora do comum. Então é o que ando falando quando encontro algumas bandas e tal: Se organizem, façam shows, apoiem o amigo e vire público dele também. Só assim pra gente se ajudar a renovar as coisas pra todo mundo!

Tem alguma banda nova de destaque que queira citar?

Bob: Nossa! Muitas: Balsâmik, Karmaise, 3 Pipe Problem, Neisseria, Incêndio, Doma, Laika não Morreu, Lacuna, Laboratori, Teorias do Amor Moderno, Intereffect, Overlap, Álamo, Fiúsa… Uma “renca” de banda.

Gui Perucci: Existem 3 em especiais que não poderiam deixar de serem citadas: Behs, Odeon e Axty… Três bandas incríveis que têm a mesma proposta que nós, de fazer um som pesado, aliando coisas de fora do metal!

Com a retomada dos shows – e da vida social -, quais os planos da DAGA para os próximos dias, meses e ano?

Bob: Mais musicas, mais clipes, mais shows…. Temos muitas músicas para lançar e acredito que o álbum virá a qualquer momento.

Obrigada pela entrevista! Quer deixar uma mensagem para os nossos leitores e para os fãs da banda?

Bob: Eu gostaria de agradecer muito pelo espaço e a vocês que leram toda essa entrevista! E apoiem as bandas dos seus amigos. Abram a cabeça para escutar coisas diferentes, que assim, a gente renova e deixa a cena mais duradora. Não se limite a escutar as mesmas coisas.

Gui Perucci: E fiquem bem, se cuidem para “banguear” muito com a gente nos shows!