Entrevistas

Eicca Toppinen: “O Apocalyptica não é clássico nem metal; é uma entidade híbrida que nasceu sozinha.”

Eicca Toppinen: “O Apocalyptica não é clássico nem metal; é uma entidade híbrida que nasceu sozinha.”

15 de janeiro de 2024


Eicca Toppinen, o renomado violoncelista e membro fundador do Apocalyptica, descreve a banda como um “híbrido que nasceu dele mesmo”. Com quase 30 anos de carreira, a banda finlandesa desafia rótulos, mergulhando em uma fusão única de música clássica e metal, entregando um som próprio impregnado de personalidade, emoção e sentimento.

A turnê mais recente, que abrange cinco cidades brasileiras – São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre – promete proporcionar uma experiência única aos fãs. O palco será o campo de expressão para o mais recente álbum da banda, “Cell-0”, uma obra que marca a evolução musical de quase três décadas.

Em uma entrevista exclusiva ao Headbangers News, Eicca Toppinen compartilha insights sobre a última passagem da banda pelo Brasil, a complexidade de tocar ao vivo após o lançamento de “Cell-0”, e a seleção cuidadosa de vocalistas para colaborações únicas. Desta vez, eles trazem um toque latino-americano à sua turnê, apresentando o talentoso vocalista mexicano Erik Canales.

Prepare-se para uma jornada musical além das fronteiras convencionais, onde a fusão de elementos clássicos e pesados se torna uma expressão única e inesquecível. Confira!

Headbangers News – A última passagem do Apocalyptica no Brasil foi com o festival Summer Breeze no Brasil ano passado onde vocês tocaram um pouco de tudo. Como foi tocar perante um público menor e num teatro ainda por cima?

Eicca Toppinen – Tudo foi muito confuso, pois pensamos que teríamos público dos dois lados e no final tínhamos público de um lado apenas. Isso foi muito louco. A gente tava olhando pro meio achando que teríamos que interagir com dois lados e no final tinha um lado apenas. Tivemos que improvisar bastante e o palco era enorme. Mas no final foi um show incrível e muito divertido!

É claro que fazer um show próprio, as coisas serão bem diferentes. Também teremos nosso público que irá apenas para ver o nosso show, o que é algo bem diferente para nós pois nos sentimos mais “em casa” pode-se dizer.

Como é esta experiência de ver a banda ao vivo hoje após o lançamento do álbum Cell-0?

Temos quase 30 anos de Apocalyptica já e a banda mudou bastante durante este processo de amadurecimento. Temos um pouco de cada momento de carreira da banda e vamos certamente apresentar isso para o nosso público. Mas ao vivo temos a vontade de trocar energia com o público e o nosso setlist é montado para que a energia entre público e banda flua naturalmente trazendo uma dramaturgia para todo o evento. Então o show inteiro é a parte mais importante do que uma música que tocamos.

Como funciona este conflito para o Apocalyptica quando o fã quer que vocês toquem covers famosos e vocês na verdade querem tocar músicas próprias?

Não acho que exista um conflito nisto, pois escolhemos músicas que gostamos de tocar e incluímos aquelas que os fãs gostam também. Acho que o importante aqui é sempre achar o equilíbrio entre o que gostamos e o que os fãs gostam e os diferentes aspectos musicais que gostamos de abordar em nossos shows ao vivo. Queremos é claro ter músicas novas em nossos shows e ter a experiência de tocar estas músicas ao vivo, mas nossos fãs querem ouvir coisas de 20 anos atrás – normalmente é este o conflito. Mas como disse antes, o importante é a energia de cada música e como o show está fluindo – sempre vamos respeitar isto em nossos shows.

Muitas vezes quando falamos do Apocalyptica logo pensamos na mistura da música clássica com o metal e a influência do peso musical dos cellos – mas ao mesmo tempo logo recebo a crítica de que vocês três tocam a mesma coisa. Sempre preciso explicar que vocês tocam a música de forma diferente usando as escalas musicais. Como explicar para alguém que não entende de música o que vocês três fazem no palco?

É uma boa pergunta. Eu acho que Apocalyptica não é clássico ou metal. Eu acho a banda é uma entidade híbrida que nasceu sozinha. Por isso acho muito difícil descrever a música para as pessoas. Apocalyptica é muito mais que a mistura da música clássica com metal, mas é normalmente a descrição que é usada, o que é uma falha na construção da identidade que queremos usar. Temos uma música própria, um som igualmente próprio com personalidade, emoção e sentimento. Imagine que até eu tenho dificuldades em descrever o que a banda realmente é.

Sempre peço que vá ouvir a banda e ouça discos diferentes para você ter uma Idea geral sobre a banda já que somos tão diferentes do normal. Somos metal, somos cinemáticos, somos clássicos, temos muitas abordagens em nossa música. Temos beleza em nossa música, como também brutalidade. É como o Ser Humano – temos diversas formas e diversas personalidades – a banda é assim também. Queremos ser uma entidade com todas estas personalidades complexas misturadas.

Se quisermos mostrar uma parte agressiva do Apocalyptica , o que você pediria para um fã novo ouvir?

Você poderia ouvir Refuse/Resist – nossa versão que fizemos para o clássico do SEPULTURA ou Bring Them to Light e até instrumentais como Betrayal / Forgiveness tem muitos destes elementos em nossa discografia.

Mas há muitas coisas lindas para serem ouvidas também, não? Especialmente com vocalistas absurdamente bem escolhidos. Como vocês escolhem estes vocalistas?

Todos os músicos que escolhemos são diferentes a cada álbum que passa. Como por exemplo nosso mais recente single “What Are We Up Against” com a Elize Ryd. Eu escrevi a música com o meu colega Martin Hansen e começamos logo a pensar quem seria um bom convidado e escolhemos Elize pois tocamos com ela em 2020 quando fizemos uma turnê com o AMARANTHE e o SABATON e Elize cantou com a gente toda a noite. Pensamos que tínhamos que fazer algo com ela e agora era a hora. Também acontece de pedirmos a participação de um vocalista que também é músico e ele acaba colaborando com a faixa. Tudo depende muito da situação do momento.

Vocês vão trazer um vocalista específico para esta turnê?

Teremos um vocalista sim e ele é novo. Ele é do México e o nome dele é Erik Canales e ele tem uma banda própria chamada Alisson e a gente tem uma música juntos chamada “Solo Tú” com texto em espanhol lançada em 2010. Normalmente ele vem aos nossos shows e foi o que aconteceu da última vez em que tocamos em Guadalajara, no México, quando a dúvida surgiu de quem seria o nosso vocalista para esta turnê, não tivemos dúvida em escolher ele. Eric fará a turnê conosco e estamos muito empolgados como será a resposta de todos. Ele é um excelente vocalista e é muito carismático. Será divertido.

Quer dizer que finalmente que uma banda da Finlândia terá um colaborador latino-americano?

Mas tudo deu certo para que isto acontecesse. Teremos shows no Brasil e depois mais 15 no México. Nunca fizemos tantos show em um país. Faz sentido termos um vocalista daquela região. É muito mais legal você ter alguém que fale a língua e que faça esta interação com o público do que trazer alguém de fora.

Aliás, vocês foram os primeiros a criar uma banda que mistura instrumentos da música clássica ao heavy metal. Vocês tem alguma intenção em misturar outros estilos á música clássica como por exemplo outros ritmos brasileiros ou até latinos?

Sempre estamos fazendo coisas diferentes. Agora lançamentos um álbum gravado numa igreja em Helsinki. O conceito para esta gravação era para que fosse mais clássico. Tocamos músicas que normalmente não tocamos. Os arranjos para as músicas foi diferente para que encaixasse naquela situação. Estamos começando a turnê cell-0 e concluímos as gravações do álbum novo esta semana, que será lançado em algum momento em Agosto ou talvez no em Dezembro e acho que pessoas vão se surpreender com a gente.

Uma coisa que sempre ficou no ar é a influência de outros estilos musicais do Brasil na música do APOCALYPTICA ou vocês ficarão apenas no SEPULTURA?

Eu toquei música brasileira no passado como Heitor Villa Lobos – eu amo a música dele. Esta poderia ser uma das opções (risos).

Uma mensagem aos fãs que estão lendo esta entrevista. Muito Obrigado pela entrevista e pelo seu tempo.

Obrigado a você pelo interesse e aos leitores do Headbangers News, não deixem de conferir o nosso show aí na sua cidade, muito obrigado pelo apoio e amor incondicional todos estes anos e estamos muito empolgados em voltar ao seu lindo país e fazer um pouco de magia juntos aí nos shows e estamos muito animados e empolgados para ver vocês novamente e temos certeza de que será um estouro!

Confira o serviço completo para o show do APOCALYPTICA:
 
APOCALYPTICA – 19 de Janeiro – Sexta-Feira
Cidade: São Paulo/SP
Local: Carioca Club
Abertura da casa: 19h30
Vendas online: Clube do Ingresso (confira valores e setores):
https://www.clubedoingresso.com/evento/apocalyptica-sp
Ingresso solidário: entregue 1kg de alimento não perecível no acesso ao evento.
Classificação etária: 16 anos.
Menores de 16 anos somente acompanhados dos pais ou responsável legal.