Entrevistas

No One Spoke: “A mentalidade das pessoas tem mudado bastante e isso cria um ambiente de maior conforto para discussões e quebra de tabus”

No One Spoke: “A mentalidade das pessoas tem mudado bastante e isso cria um ambiente de maior conforto para discussões e quebra de tabus”

31 de março de 2021


Carla Domingues, fundadora e vocalista, é soprano, Mestre em Música pela UDESC e doutoranda pela mesma instituição

Tóia Oliveira

Carla Domingues, fundadora e vocalista, é soprano, Mestre em Música pela UDESC e doutoranda pela mesma instituição

Formada em Santa Catarina, a banda NO ONE SPOKE, traz o metal sinfônico nacional para um alto nível de qualidade, com sonoridade limpa e com o peso do heavy metal.  No One Spoke une elementos do metal ao violino, juntamente com vocais que vão do rock ao lírico para obter uma sonoridade refinada e pesada ao mesmo tempo.

A soprano Carla Domingues, solista em concertos e óperas de importantes orquestras do Brasil, Uruguai, Chile e Itália, é uma das mais aclamadas vocalistas do projeto Rock’n Camerata, realizado há mais de 10 anos por uma das orquestras mais respeitadas do país, a Camerata Florianópolis. Para contar mais sobre este projeto musical, Carla concedeu uma entrevista ao site Headbangers News, onde também fala sobre o álbum de estreia, “Nine Mirrors”, lançado dia 26 de março.

Como surgiu No One Spoke?

Após o término da ENARMONIKA, entrei em um hiato no que se refere a projetos autorais. Foi somente em 2018, durante algumas apresentações do Recital Metal que fiz com o Thiago Gonçalves, que comecei a pensar em fazer um novo projeto. Na época o Thiago mencionou que o Marcelo Rosa (guitarra) estava afim de fazer uma nova banda e então começamos a conversar e assim surgiu a No One Spoke. Chamamos o Gabriel Porto, a Iva Giracca e o Thiago Moser para completar a formação na época e com esse time gravamos os dois primeiros singles. Depois o Marcelo e o Thiago acabaram saindo e hoje contamos com o André Medeiros na guitarra e o Artur Cipriani no baixo.

Vocês fazer um crossover com influências de metal e música latino-americana. Como é compor esse estilo de música?

Eu sou gaúcha, de Pelotas/RS, que é uma cidade muito próxima do Uruguai, e eu ia muito pra Montevidéu na época que estava fazendo minha graduação em canto, então já tinha essa proximidade com a língua espanhola. Nas primeiras reuniões com o Marcelo ele também manifestou a vontade de direcionar a sonoridade da banda para a cultura latina, então acabamos buscando inspiração nas nossas experiências com a música latino americana e com a língua espanhola para fazer nossas composições, então no nosso som, além do idioma fazemos questão de usar alguns ritmos que remetem a esse universo também.

A banda ousou em criar um som bem original. Como está a aceitação do público?

Está sendo muito surpreendente. Estamos tendo muitos comentários e reviews positivas e uma das coisas que mais tem nos chamado a atenção é o fato de o álbum estar sendo bem aceito também por pessoas de fora da cena metal. Estamos realmente felizes e impressionados.

Achei muito interessante o video para o single “Milonga para las Reinas”, lançado no Dia Internacional da Mulher, com a participação de 30 mulheres, e o single cantado em inglês e espanhol. Como foi essa produção do vídeo e a composição da música?

Então essa foi a primeira composição da banda, a ideia inicial partiu do Marcelo Rosa, ele veio com o riff e falou brincando que podia ser uma milonga, uma milonga em homenagem às mulheres e a partir daí eu comecei a escrever a letra nesse contexto. Boa parte da concepção do clipe foi minha também, e nós ficamos muito orgulhosos por tantas mulheres terem aceitado nosso chamado para participar das filmagens. O trabalho ficou realmente incrível e acredito que foi uma ótima maneira de apresentar a música da No One Spoke para o público.

Além do grande projeto que foi “Milonga para las Reinas”, a banda tem forte representação feminina com a vocalista Carla Domingues e a violinista IvaGiracca. Para vocês, como tem sido a representação da mulher do cenário do rock e metal?

Estou no cenário desde o final dos anos 90, quando passei a fazer parte da M26 (Pelotas/RS) e depois da Vetitum. De lá para cá acredito que o cenário mudou muito, hoje a participação feminina em shows, tanto no palco, quanto na platéia, é muito maior, o que me deixa muito feliz. Acho que a mentalidade das pessoas também tem mudado bastante e isso cria um ambiente de maior conforto para discutirmos algumas coisas e quebrarmos alguns tabus. 

Ainda sobre o papel da mulher, além dos projetos musicais, tem os projetos pessoais em casa, e é mãe. Ouso dizer que mulher sempre é forte e dá conta de tudo. Você pode dividir como é essa tarefa para você e deixar conselhos para mulheres que querem começar na música mas encontram barreiras?

Eu sempre digo que cada dia é um dia. Tento dar conta de todas as minhas tarefas da melhor maneira possível e nem sempre tenho a mesma disposição e ânimo, mas sem dúvida a música é sempre um refúgio para mim e ver agora, por exemplo, a aceitação do ‘Nine Mirrors’ e em casa ouvir meu filho cantando todas as músicas, é realmente uma recompensa para todas as inquietudes e todos os percalços que vieram antes. Então meu conselho é, corram atrás do que vocês acreditam, sejam pacientes consigo mesmas pois YOU CAN DO IT!

“Nine Mirrors” é o tão esperado disco de estreia. Como foi essa estreia para a banda?

Ficamos muito surpresos com a recepção! Nós tínhamos planos diferentes para o lançamento, mas a pandemia realmente dificultou as coisas. Não conseguimos reunir o pessoal para fotos novas, por exemplo e tampouco levar adiante a ideia de lançar o CD junto com um videoclipe. Mas, diante das circunstâncias atuais, acredito que fizemos um bom trabalho e agora é levar ao maior número possível de pessoas. A participação do Rudy Sarzo também foi uma surpresa pra nós, e que acabou criando uma expectativa grande com relação ao álbum, mas acho que foi tudo muito positivo.

Tóia Oliveira

Apesar da pandemia e todo o caos, quais os próximos planos da banda? Terão novidades?

Nós pretendemos voltar a pensar nas filmagens do videoclipe, já está tudo certo, vamos apenas rever os nossos protocolos sanitários (risos), afinal, não queremos pôr ninguém em risco, então acredito que em breve poderemos dar mais detalhes sobre esse vídeo. Estamos também finalizando um documentário sobre o nosso processo de gravação, que será disponibilizado no nosso canal do Youtube e também estamos nos preparando para gravar a música “For your life”, do LED ZEPPELIN, com a qual participaremos de um tributo à banda.

Podem deixar um recado para nossos leitores?

Eu gostaria de agradecer o espaço, é realmente muito importante pra nós da No One Spoke poder falar um pouco sobre nosso trabalho! Convido a todos a escutarem o CD, acompanharem em nossas mídias sociais e se gostarem do nosso material, nos ajudar a divulgar! Valeu!!!