Memory Remains

Memory Remains: Cannibal Corpse celebra os 30 anos de “Tomb of the Mutilated”, o último com a formação original

Memory Remains: Cannibal Corpse celebra os 30 anos de “Tomb of the Mutilated”, o último com a formação original

22 de setembro de 2022


Há exatos 30 anos, em 22 de setembro de 1992, o Cannibal Corpse lançava “Tomb of the Mutilated“, o seu terceiro álbum. O aniversariante do dia mostrava que o quinteto de Buffalo, agora radicado em Tampa, estava se fincando como um dos pilares, senão o maior deles, do Death Metal, é assunto do nosso Memory Remains desta quinta-feira.

O álbum tem o marco se ser o último a contar com a formação original do Cannibal Corpse, visto que o guitarrista Bob Rusay foi demitido logo depois do lançamento do disco e com isso, acabou também abandonando a carreira de músico. Neste play, eles tiveram audácia de produzir a capa mais brutal dentre todas. A imagem original tem dois zumbis, um praticando sexo oral no outro. Por conta disso, a capa, só para variar, teve de ser trocada em diversos países. Na Alemanha, não só a capa, mas a própria banda foi banida, por conta também do conteúdo lírico.

Falando nas letras, quem conhece o Cannibal Corpse já sabe o que esperar: letras violentas, que tratam de temas como estupro, necrofilia, assassinatos, resumindo, um filme de terror em formato musical. A música “Entrails Ripped From a Virgin’s Cunt” fala sobre dois irmãos que cumpriam prisão perpétua. Chris Barnes conta sobre a inspiração para a letra:

“Eles capturaram uma garota, e o irmão, que tinha problemas mentais, foi convencido a colocar um cabide em sua vagina para retirar seus intestinos”.

O Cannibal Corpse passou a se tornar mais conhecido do grande público muito em razão deste álbum, pois a faixa de abertura, “Hammer Smashed Face“, o grande hit da banda, aparece sendo tocada por eles próprios, no filme Ace Ventura, estrelado por Jim Carrey, um assumido fã de Death Metal e do Cannibal Corpse. Caso você tenha menos que 35 anos e não tenha visto esse filme, a gente te mostra abaixo o vídeo com a hilária cena do detetive de animais entrando no show. Confira.

Todos se reuniram no famoso “Morrisound Studios“, em Tampa, mais uma vez na companhia do velho Scott Burns na produção. As sessões de gravação duraram entre os dias 1 e 15 de junho daquele ano de 1992, quando de lá saíram com este petardo, lançado pela Metal Blade, primeira e única gravadora da banda. Vamos conferir cada uma das nove faixas contidas aqui:

O hino maior do Cannibal Corpse se encontra presente na faixa de abertura: a já citada  “Hammer Smashed Face” destrói tudo, mostrando um Death Metal convidativo a um mosh tão violento quanto a própria música, que tem partes rápidas, intercaladas com outras mais lentas, estas trazendo riffs hipnotizantes. Perfeita para a abertura do play e mais perfeita ainda para ser tocada no final das apresentações da banda.

I Cum Blood” é outro clássico da banda, em que temos partes mais arrastadas nas estrofes intercalando com partes rápidas e brutais no refrão. Essa foi mais uma música que eu conheci no ao vivo “Live Cannibalism” e achei irada demais. Esta faixa está presente no jogo “GTA IV”.

 

“Addicted to Vaginal Skin” é outro petardo em que notamos uma banda agressiva e crua fazendo um som absurdamente rápido e brutal, numa intro mais arrastada que logo se torna o caos total. Por um tempo Suspeitou-se que a voz da introdução desta música seja atribuída ao serial killer Arthur Shawcross, quando ele teria confessado seus crimes e teria sido gravada em cassete. Ele foi um maníaco já falecido, que cumpria prisão perpétua. Alguns de seus crimes consistiam em cortar e comer as vulvas de suas vítimas. Pesado não é mesmo?

Chega “Split Wide Open” e tome mais violência sonora, numa música pra lá de violenta e agressiva, como era o Cannibal Corpse old-school. Aqui também temos breves mudanças no andamento, mas logo as coisas voltam ao “normal”. “Necropedophile” mantém as coisas no topo, em outro som em que as mudanças repentinas de andamento acontecem. Começa rápida, tendo uma breve alteração e logo a velocidade volta com tudo.

The Cryptic Stench” tem ótimos riffs de guitarra mais cadenciado em sua intro, que é bem longa e logo ao entrar os vocais de Chris Barnes, o pau come na casa de Noca e riffs hipnotizantes juntamente com a bateria rápida e violenta de Paul Mazurkiewicz dão a tônica do que é esse sonzão, que assim como as demais, também sofre uma breve mudança no andamento, mas depois a brutalidade retorna com tudo. Um dos melhores deste play e é uma pena que a banda não toque ao vivo. “Entrails Ripped From a Virgin’s Cunt” começa com uma ótima virada de Paul Mazurkiewicz e a violência absurda toma conta dessa faixa, com breve mudança de andamento no meio dela.

Post Mortal Ejaculation” tem excelentes riffs na sua introdução, sendo esta a mais complexa composição do álbum, onde destaco as linhas de baixo de Alex Webster, a fera das cinco cordas. Aqui nem mesmo na parte em que há a já famosa mudança de andamento, a música fica menos rápida. É muita brutalidade para uma banda só.

Beyond the Cemetery” é marcada por quebradeira pura, sendo a composição mais complexa e pesada do disco, com muitas quebras no andamento, mas tudo terminando no mais pútrido e doentio Death Metal, encerrando de maneira sensacional um disco curto, porém, direto e reto. São pouco mais de 35 minutos de muito peso, brutalidade e letras horripilantes, porém, engraçadas. Verdadeiro clássico da carreira desta grandiosa banda.

Temos assim um excelente álbum, que particularmente foi o primeiro de estúdio que eu ouvi, logo depois de conhecer a banda através do “Live Cannibalism“, isso há mais ou menos 20 anos atrás. “Tomb of the Mutilated” é respeitado na cena Death Metal e considerado por muitos fãs como sendo o melhor da carreira do Cannibal Corpse. Em 2005, ele foi incluído na posição 278 do livro “500 Maiores Álbuns de Rock e Metal“, editado pela revista Rock Hard.

Hoje é dia de celebrar esse disco lindo, e também desejar uma longa vida a esse quinteto, que com certeza é um dos pilares deste estilo brutal e extremo, o qual conhecemos como Death Metal. Felizmente eles seguem na ativa, inclusive com passagem recente pelo Brasil, na turnê de seu mais recente álbum, “Violence Unimagined“. Que bom ter esses caras fazendo um som pesado e cada vez mais técnico.

Tomb of Mutilated – Cannibal Corpse

Data de lançamento – 22/09/1992

Gravadora – Metal Blade

 

Faixas:

01 – Hammer Smashed Face

02 – I Cum Blood

03 – Addicted to Vaginal Skin

04 – Split Wide Open

05 – Necropedophile

06 – The Cryptic Stench

07 – Entrails Ripped From a Virgin’s Cunt

08 – Post Mortal Ejaculation

09 – Beyond the Cemetery

 

Formação:

Chris Barnes – Vocal

Jack Owen – Guitarra

Bob Rusay – Guitarra

Alex Webster – Baixo

Paul Mazurkiewicz – Bateria.