Memory Remains

Memory Remains: Helloween – 34 anos de “Keepers of the Seven Keys: Part II” e o final do ciclo dourado

Memory Remains: Helloween – 34 anos de “Keepers of the Seven Keys: Part II” e o final do ciclo dourado

29 de agosto de 2022


29 de setembro: essa data poderia ser decretada feriado mundial. Há exatos 34 anos, o Helloween lançava “Keepers of the Seven Keys: Part II“, o disco que talvez melhor represente o significado do Power Metal, é tema do nosso Memory Remains desta segunda-feira.

Após a excelente repercussão do álbum de estreia, “Walls of Jericho” (1985), o vocalista Michael Kiske se juntou à banda e Kai Hansen pôde se dedicar apenas a guitarra. Segundo Michael Weikath afirmou anos depois, a ideia era fazer os dois “Keepers” em um único disco apenas, mas a realidade financeira da banda naquela época impediu. Então, eles lançaram em 1987 a primeira parte, que foi outro absurdo de sucesso e guardaram as melhores canções para incluir na segunda parte, em 1988.

Eu digo “as melhores canções” porque aqui no aniversariante do dia temos as músicas que se tornaram verdadeiros hinos não só do Helloween, mas só próprio Power Metal em si, uma vez que a história da banda e dessa vertente do Metal se misturam. “Eagle Fly Free” e “I Want Out” são dois grande exemplos, duas músicas que não podem em hipótese alguma ficar de fora dos shows da banda. E podemos citar outras faixas como “Dr. Stein“, “March of Time”, “Save Us” (que não saiu no lançamento original) ou a própria faixa título, por exemplo. E a primeira parte tem também outras músicas sensacionais, o duelo é de gigantes.

Então após a turnê de divulgação da primeira parte, a banda se juntou no Horus Sound Studio, em Hannover, por onde todos ficaram entre os meses de maio e junho de 1988, período que os trabalhos no estúdio não paravam. O produtor Tommy Newton trabalhava durante o dia, enquanto que Tommy Hansen trabalhava a noite. Este último foi demitido por Karl Walterbach, chefe do selo Noise Records e Tommy Newton concluiu o trabalho.

Colocando a bolacha para rolar, temos a abertura com a breve introdução, chamada “Invitation“, que tem um clima épico e antecipa o grande clássico da banda, “Eagle Fly Free“, rápida e com seu refrão glorioso. Michael Kiske em ótima fase e é uma dádiva poder vê-lo de volta na banda. A cozinha brilha também aqui, tanto Markus Grosskopf em um momento solo, quando Ingo Scwitchenberg, com viradas precisas.

You Always Walk Alone” é a faixa que vem a seguir e ainda que não seja espetacularmente boa quanto a anterior, se trata de um bom Power Metal com influências da NWOBHM. Em “Rise and Fall“, temos uma bela performance de Ingo Scwitchenberg na intro e uma música que navega entre o Hard e o Heavy, com o refrão lembrando músicas de desenho animado.

Dr. Stein” vem a seguir e aqui temos o Helloween mantendo a veia Hard ‘n’ Heavy da faixa anterior, com direito a inclusão de um solo de órgão, no meio da música. “We Got the Right” é uma espécie de balada, com algum peso e até mesmo um certo clima sombrio. Claro, não tão sombrio quanto eles iriam soar lá em “The Dark Ride“, 12 anos depois. “March of Time” é um baita Power Metal para ninguém botar defeito e as guitarras de Michael Weikath e Kai Hansen dão o espetáculo. E o refrão que gruda como chiclete na mente do ouvinte.

A seguir, outra faixa que está imortalizada entre os grandes clássicos do Helloween: “I Want Out“, que devolve o quinteto aos trilhos do Hard ‘n’ Heavy. Uma música divertida ao extremo e também bastante agradável. Ponto alto só álbum, sem sombra de dúvidas. E o solo seria copiado na “cara de pau” por Bruce Dickinson e Roy Z, anos mais tarde na música “Road to Hell“. A faixa título é uma epopéia de 13 minutos e tem um pouco de tudo: Hard Rock, Power Metal, Progressive Metal e até um refrão com ares de balada.

A versão original do play se encerra com a faixa título, mas não podemos deixar de fora a faixa que foi lançada depois como bônus e em algumas versões ela entrou como a sétima música e que em minha opinião é uma das melhores de toda a carreira do Helloween: a fantástica “Save Us“, um Power Metal da melhor qualidade, cujos riffs de guitarra são os grandes destaques.

Em 55 minutos temos um álbum impecável do início ao fim. É um disco especial e que influenciou toda uma geração. “I Want Out” por exemplo, ganhou versões do Gamma Ray, Unisonic, Hammerfall, LORD e Sonata Artica. Este foi também o álbum que marcou a despedida da formação mais icônica da banda. Kai Hansen deixou o Helloween logo depois para montar o Gamma Ray.

Keepers of the Seven Keys: Part II” foi certificado com Disco de Ouro na Alemanha e obteve boas participações nos charts ao redor do mundo: 5° na Alemanha, 6° na Suíça, 7° na Suécia, 9° na Áustria, 12° na Noruega, 24° no Reino Unido, 27° no Japão, 47° na Alemanha e até na “Billboard” o álbum entrou, chegando a figurar na 108ª posição. A revista “Metal Hammer” e o portal “Loudwire” elegeram o álbum como o melhor disco de Power Metal de todos os tempos. O maior legado deste disco é o de soar ainda atual, mesmo depois de tanto tempo e ainda emocionar quando é tocado.

Enfim, hoje é dia de celebrar esse disco é de nos sentirmos ainda mais afortunados por, à exceção de Ingo Scwitchenberg, que cometeu suicídio em 1995, todos os integrantes que aqui registraram este play estão de volta neste super Helloween que é a formação atual, reunindo o presente e o passado dos criadores do Power Metal. Ouça esse álbum no volume máximo e vamos cultivar essa jóia rara. Fazendo uma metáfora com o título do álbum, sejamos nós, headbangers, os guardiões dessas sete chaves.

Keepers of the Seven Keys: Part II – Helloween

Data de lançamento – 29/08/1988

Gravadora – Noise Records

 

Faixas:

01 – Invitation

02 – Eagle Fly Free

03 – You Always Walk Alone

04 – Rise and Fall

05 – Dr. Stein

06 – We Got the Right

07 – March of Time

08 – I Want Out

09 – Keepers of the Seven Keys

10 – Save Us (bônus track)

 

Formação:

Michael Kiske – vocal

Kai Hansen – guitarra/ backing vocal

Michael Weikath – guitarra/ backing vocal

Markus Grosskopf – baixo/ backing vocal

Ingo Schwitchenberg – bateria