Memory Remains

Memory Remains: Ira! – “Mudança de Comportamento” é o novo quarentão do Rock nacional

15 de maio de 2025

Há 40 anos, em maio de 1985, o Ira! lançava “Mudança de Comportamento“, o seu álbum de estreia, que é tema do nosso Memory Remains desta quinta-feira, dia de TBT. Aviso aos navegantes: desde sempre, a banda incorporou temas políticos em suas letras, caso algum desavisado ache que só agora Nasi tem dito “Sem Anistia” para quem defende o ex-presidente inelegível.

A banda foi formada em 1981 e contava com o baterista Charles Gavin como membro original. Ele, que depois faria parte da clássica formação do Titãs. O nome da banda foi inspirado no IRA (exército republicano irlandês), em mais uma prova de que política sempre foi o forte destes rapazes.

Em 1983, quando eles ainda não utilizavam o ponto de exclamação no nome, o quarteto lançou duas fitas demo, contendo duas canções que viriam a se tornar clássicas no futuro não muito distante: “Pobre Paulista” e “Gritos na Multidão“. Nesta época, o baixista Dino fazia parte da banda e Nasi e Edgard Scandurra tinham outras bandas em paralelo, sendo que o vocalista era membro do Ultraje a Rigor e foi ele quem sugeriu o nome para a banda do sujeito que diz ter um QI alto.

Com o tempo passando, Nasi e Edgard Scandurra decidiram concentrar seus esforços no Ira!, que passava a contar com a exclamação e duas mudanças ocorreram no lineup: o baixista Dino saiu e Nasi convidou seu companheiro de outra banda, o Voluntários da Pátria. Assim Ricardo Gaspa chegava para ficar. E com a ida de Charles Gavin para o Titãs, para onde foi ocupar a vaga de André Jung, que foi convidado e aceitou fazer parte da banda.

Com a formação estabelecida, eles assinaram com uma major, a Warner e todos foram para o Rio de Janeiro, mais precisamente no estúdio Nas Nuvens, onde eles permaneceram por 9 dias durante o mês de março de 1985 gravando aquele que viria a ser o seu álbum de estreia. O nome do álbum veio a calhar, pois além da mudança na formação, a banda também mudava a sua sonoridade, deixando um pouco de lado o Punk Rock que era a tônica de suas primeiras demos e apostando em um flerte com o mod inglês. A produção foi assinada por Pena Schimidt.

O álbum traz onze canções em aproximadamente 36 minutos. Os grandes destaques são para as faixas “Núcleo Base” (em que os caras dão um recado sobre o serviço militar obrigatório, a letra foi escrita por Edgard Scandurra quando teve que servir), “Tolices“, “Ninguém Precisa da Guerra” (olha a banda criticando o belicismo desde sempre), além da faixa-título. Uma audição pra lá de agradável que mostrava que a banda havia chegado para ficar.

Na época do lançamento, as vendas não foram um sucesso grande. Cerca de 60 mil cópias foram comercializadas, mas a aceitação foi muito boa, tanto por parte da crítica especializada quanto do público, o que levou a banda a produzir outros trabalhos de igual relevância, como “Vivendo e não Aprendendo“, o álbum sucessor, do qual falaremos dele em uma data oportuna.

Hoje o Ira! segue em plena atividade, contando apenas com Nasi e Edgard Scandurra como membros da formação mais conhecida. Eles estão em turnê para comemorar os 20 anos do álbum “Acústico MTV: Ira!” e seguem mandando recado: seguidores do ex-presidente não são bem-vindos nas apresentações da banda. Deveriam existir mais bandas politizadas como o Ira!, mas infelizmente, elas são exceção. Vamos escutar esse álbum no volume máximo, pois ele envelhece muito bem, obrigado.