Memory Remains

Memory Remains: Living Colour – 32 anos de “Time’s Up” e o “bi” do Grammy Awards

Memory Remains: Living Colour – 32 anos de “Time’s Up” e o “bi” do Grammy Awards

28 de agosto de 2022


 

Em 28 de agosto de 1990, o Living Colour lançava “Time’s Up“, o segundo álbum da carreira deste sensacional quarteto novaiorquino que estará desembarcando no Brasil nesta semana e é tema do nosso Memory Remains deste domingo.

A banda vinha do sucesso retumbante que foi o disco de estreia, “Vivid” e a expectativa criada sobre eles era imensa. Em compensação, a responsabilidade também aumentava. Para isso, a banda trouxe convidados altamente gabaritados para ajudar a deixar esse play mais especial: Little Richard, Queen Latiffa, Dough E. Fresh, Maceo Parker, James Earl Jones, além de Mick Jagger, que descobriu a banda e produziu o álbum anterior, também esteve presente.

Com a ajuda destes convidados de peso, o quarteto se juntou ao produtor Ed Stassium e todos foram para os estúdios A&M, em Hollywood e também ao RPM, em Los Angeles, por onde ficaram entre os anos de 1989 e 1990 e de lá saíram com essa pérola, que tem o Hard Rock como estilo predominante, mas que viaja por outras vertentes como o Funk Metal, o Jazz e até mesmo a música latina. Vamos sem mais delongas, navegar pelas quinze faixas contidas neste “Time’s Up“.

A faixa título chega mostrando o poderio da banda, em uma música pesada, que começa meio Hardcore e depois tem a inserção de partes mais grooveadas. Um excelente início. A segunda faixa, “History Lesson” é uma breve intro e logo temos “Pride“, um Hard Rock com estrofes densas é um refrão bastante melódico. Brilha a voz de Corey Glover.

A seguir, temos um dos maiores clássicos da banda: a pesadíssima “Love Hears It’s Ugly Head“, que além do peso, traz elementos jazzísticos e partes mais bluesy, em mais uma amostra do quão criativos são estes rapazes. O Hard Rock retorna em “New Jack Theme“, que traz batidas psicodélicas do grande Will Calhoum, e também boas bases executadas por Vernon Reid. Muito interessante.

Someone Like You” aposta nas bases melódicas e isso valoriza por demais a voz de Corey Glover. É um bom momento do álbum. O momento fica ainda melhor com as próximas duas faixas a seguir: “Elvis is Dead” e “Type“. A primeira é um baita Hard Rock e quem dá o espetáculo é o baixista Muzz Skillings, tendo Vernon Reid acrescentando riffs swingados na guitarra, participação de Little Richard no vocal e um belo solo de saxofone. A segunda, é considerada por mim como a melhor faixa disparada do play e uma das melhores de toda a carreira do Living Colour. Ela mantém a pegada Hard Rock da faixa anterior, com um refrão cheio de melodias. Corey Glover ajuda pegando na segunda guitarra, ajudando a base a ficar ainda mais poderosa.  Certamente o ponto alto do play.

Uns efeitos chatos se guitarra na introdução ameaçam a faixa “Information Overload“, que felizmente se desenvolve bem e vai crescendo com seu peso e as batidas precisas de Will Calhoum. Com seus seis minutos de duração e várias passagens, ela mais se parece um Rock Progressivo, mas não, é apenas um Hard Rock com o selo de qualidade do Living Colour. “Under Cover of Darkness” traz de volta as veias jazzísticas da banda em uma ótima canção, que conta com a participação da diva Queen Latiffa. “Ology” é um breve instrumental com pouco mais de um minuto onde brilham a guitarra de Vernon Reid e o baixo de Muzz Skillings.

Fight the Fight” começa com ares de balada, mas logo logo se transforma em um Hard Rock com uma levada b bacana protagonizada pelo batera Will Calhoum. O funk/ Hip-Hop que estavam fazendo falta até então, aparecem na pequena intro “Tag Team Partners”, que logo dá espaço para a linda balada “Solace of You“, que tem ritmos latinos, se transformando também em um dos destaques do play, ainda que não seja uma canção de Rock.

This is the Life” tem uma introdução bem longa e a medida que se desenvolve, mostra uma canção densa e até relativamente pesada. É outra canção com mais de seis minutos e o álbum se despede com o clima melancólico desta música, tendo um refrão que gruda. E em 57 minutos temos um álbum bem acima da média e que soa mais intimista do que o play de estreia. Pode não ter superado o aclamado “Vivid“, mas chega bem perto dele.

Time’s Up” recebeu críticas favoráveis e boa receptividade do público. O Brasil recebeu a banda, durante a tour deste álbum e foi na edição de 1992 do saudoso Hollywood Rock. Este foi também o último álbum a contar com a participação do baixista Muzz Skillings, que foi substituído por Dough Wimbish, que segue com a banda até os dias atuais.

O aniversariante do dia teve bom desempenho nos charts mundo afora: 10° na Nova Zelândia, 11° na Suíça, 13° na “Billboard 200” e na Noruega, 15° na Austrália, 20° no Reino Unido, 24° na Holanda e 56° na Alemanha. A faixa título garantiu o Grammy Awards na categoria “Melhor Performance Hard Rock” no ano de 1991, o que acabou conferindo o bi para a banda, uma vez que em 1990, eles haviam faturado a mesma premiação com a música “Cult of Personality“, do álbum “Vivid“. Os adversários eram páreos duros: ‘Epic“, do Faith no More, “The Razor’s Edge“, do AC/DC, Mötley Crue do “peladão” Tommy Lee, e o Janis Addiction.

Enfim, um ótimo álbum para quem tem a mente aberta e curte um bom Hard Rock infusionado com outros estilos que só enriquecem e dão uma identidade própria para uma banda que optou em inovar em sua sonoridade. Felizmente a banda ainda está na ativa, sobrevivendo a essa pandemia interminável. Em 2019 eles estiveram no Brasil, comemorando os 30 anos de “Vivid“. E a nossa expectativa é de que eles possam repetir a dose, desta vez celebrando as três décadas deste maravilhoso “Time’s Up“, que hoje deve ser escutado no volume máximo. Mas antes, a banda é uma das atrações do palco Sunset no Rock in Rio, onde deve fazer uma histórica apresentação ao lado de Steve Vai, logo no dia de abertura do festival, a próxima sexta-feira, 2, o dia do Metal. Longa vida ao Living Colour, a banda que devolve o Rock and Roll para aquela etnia que criou o estilo, os pretos. Os arianos piram com isso. Azar o deles.

Time’s Up – Living Colour

Data de lançamento – 28/08/1990

Gravadora – Epic

 

Faixas:

01 – Time’s Up

02 – History Lesson

03 – Pride

04 – Love Hears It’s Ugly Head

05 – New Jack Theme

06 – Someone Like You

07 – Elvis is Dead

08 – Type

09 – Information Overload

10 – Under Cover of Darkness

11 – Ology

12 – Fight the Fight

13 – Tigh Team Partners

14 – Solace of You

15 – This is the Life

 

Formação:

Corey Glover – vocal/ guitarra base em “Type”

Vernon Reid – guitarra

Muzz Skillings – baixo

Will Calhoum – bateria

 

Participações especiais:

Little Richard – vocal

Queen Latiffa – vocal

Akbar Ali – cordas

Charles Burnham – cordas

Don Byron – clarinete/ saxofone/ barítono

Annette Daniels – vocais adicionais

D.K. Dyson – vocais adicionais

Eileen Folson – cordas

Dough E. Fresh – percussão/ vocais adicionais

Mick Jagger – vocais adicionais

Toshinobu Kubota – vocais adicionais

Yubie Navas – vocais adicionais

Maceo Parker – saxofone

Alva Rogers – vocais adicionais

Rosa Russ – vocais adicionais

Reggie Workman – cordas

Derin Young – vocais adicionais